A regulamentação do Rota 2030, o inicio dos testes com carro híbrido Flex, a expansão da entidade e seu fortalecimento junto às montadoras são as melhores notícias que a AEA poderia ter para fechar 2018
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Marcel Mano / Textofinal Comunicação
Explicar agora é fácil, difícil foi chegar até aqui com tanta gente querendo tanta coisa ao mesmo tempo. Essa é a impressão que ficou desde que começou a novela do Rota 2030, lá em 2017. Foi com grande orgulho que o Edison Orikassa deixou a casa arrumada para a passagem de bastão agora em janeiro, o seu período de 4 anos como presidente da AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, termina com conquistas importantes.
Finalmente aconteceu, o programa Rota 2030, que deveria substituir as premissas do Inovar Auto no começo de 2018 acabou por ser assinado pelo ex-presidente Michel Temer somente em novembro, na abertura do Salão Internacional do Automóvel de 2018. Na figura abaixo estão os tópicos mais importantes dessa nova realidade da indústria automotiva brasileira e é preciso frisar que, nunca houve uma previsibilidade tão longa, afinal de conta serão 12 anos para se chegar ao ponto ideal.
Mas, e sempre existe um mas, uma das questões que mais "pegava" eram os incentivos que o nordeste brasileiro tem para os fabricantes que lá se instalaram, sendo que o centro-oeste queria ter o mesmo tipo de "ajuda" federal. Não foi possível, mesmo com a intensa campanha que algumas empresas que lá se encontram fizeram junto ao governo, a casa caiu e ficou exatamente como era, foi uma decisão acertada no meu modo de entender, a região central do Brasil não é tão pobre e nem tão despovoada que precise de algum tipo de incentivo para alguém fabricar qualquer coisa, inclusive automóveis.
O importante para a AEA foi que a entidade ganhou um fortalecimento na atuação e com isso houve um estreitamento nas relações com órgãos governamentais, participando ativamente em comissões técnicas de várias frentes, em Pesquisa e Desenvolvimento com enfase em PPP (Programas e Projetos Prioritários) a entidade estava representada no comitê gestor que ajudou a definir as diretrizes deste importante capítulo do Rota 2030, acompanhe na figura abaixo.
Participou como convidada em Segurança Veicular, elaborando estudos técnicos de vários grupos de trabalho e tem em andamento o estudo para o DENATRAN sobre os carros autônomos, atualizou a Cartilha de Iluminação, elaborou o Manual Básico de Segurança no Trânsito (ambos estão disponíveis no site) e é o porta voz da indústria no LATIN NCAP.
A eficiência energética é um dos pilares de estudos e pesquisa da associação e, aproveitando esse gancho perguntei ao Orikassa "o Salão do Automóvel se mostrou muito eletrificado e híbrido, a indústria brasileira tem condições de fabricar esses carros aqui?".
Ele respondeu que "os elétricos atualmente não, a tecnologia que é empregada na montagem do carro é diferente do que temos hoje, tanto que eles são fabricados em apenas uma unidade de cada montadora. Tem também a parte de infraestrutura para o fornecimento da energia elétrica, a criação de postos de abastecimento demanda tempo e muito investimento, tanto do governo quanto da iniciativa privada. Já os híbridos sim, por serem veículos muito semelhantes aos modelos atuais, a grosso modo, é adicionado a uma estrutura já utilizada o motor elétrico, as baterias e a parte de gerenciamento, fica mais fácil de ser montado aqui no Brasil, inclusive já existem testes com uma versão de motor Flex para ser incorporado ao projeto de um carro de série, isso daria ao modelo um índice de nacionalização muito alto, em torno de 70%".
Com o surgimento desses novos veículos, que começam a se tornar tendencia no mundo todo, a preocupação com as emissões devem diminuir bastante, principalmente nos carros leves e não será muito difícil atingir as metas estabelecidas.
Por fim, a implantação da indústria 4.0 no Brasil vai bem, obrigado, segue dando passos lentos mas firmes e constantes, assim como inovação a tecnológica que se prepara para uma enxurrada de novidades em todos os campos, com veículos conectados e compartilhados.
A AEA já vive uma nova era administrativa com Flavio Henrique Sakai assumindo a presidência da entidade justamente em um momento de transição no Brasil, ele provavelmente vai incrementar a participação da associação nesses novos tempos que se avizinham, afinal de contas, somos responsáveis por mais de 2,5 milhões de carros por ano produzidos por aqui e temos todas as grandes montadoras estabelecidas em nosso território, trabalho não vai faltar!
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