Uma das maiores provas de amor dos humanos é o combustível para essa história com os dois lados da mesma moeda

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount Pictures

Não posso afirmar por experiência própria, mas acredito que ter um filho é uma sensação que transcende tudo que conhecemos sobre prazer, realização e êxtase, até porque é quase como brincar de Deus, você está gerando uma vida dentro de outra.


Mas, e sempre existe um mas, e quem não consegue? Seja lá pelo motivo que for, existem casais que por mais que tentem essa dádiva não lhes é concedida e é aí que entra uma das maiores virtudes que aprendemos com os animais e trouxemos lindamente para a nossa sociedade, a adoção. Estreou esta semana nos cinemas brasileiros De Repente uma Família (Paramount Pictures) um drama com ótimas inserções de comédia.


Sabe o que é muito interessante nesse filme? Ele é baseado na história real do diretor Sean Anders, que também escreveu junto com John Morris, que tem Mark Wahlberg no papel dele (Pete) e os três juntos produziram o filme. Foi quase que como uma construção de uma obra em família, isso porque as atuações beiraram o limite entre o sorriso alegre e a tristeza profunda.


Na história, Pete e Ellie (Rose Byrne) são um jovem casal e decidem adotar uma criança. Durante o processo, eles acabam se apaixonando pela adolescente Lizzie (Isabela Moner, que também canta a musica tema), uma garota de temperamento forte e que se sente responsável pelos dois irmãos mais novos.


Eles acabam levando o “pacote” todo e o casal se vê com três estranhos em casa, que mudam as suas vidas por inteiro. É aí que entra a sensibilidade e todo o cuidado dos dois lados, quem sofria e foi acolhido e quem acolhe na esperança de ser amado. Sabe aquela coisa de “minha casa, minhas regras”? Pois é, não é bem assim que funciona...


As interpretações do elenco são convincentes e muito seguras, tem a luxuosa presença de Octavia Spencer que faz contraponto com Tig Notaro, ambas são as assistentes sociais que cuidam dos processos de adoção. Não foram esquecidos os casais homossexuais que também tem direito de adotar uma criança se assim o quiserem, afinal de contas, amor, carinho e proteção não precisa ter gênero definido.


Claro que nem tudo são flores nos 119 minutos de exibição, os dramas de aceitação são tratados de forma profunda sem cair na pieguice, aquela coisa de ser aceito e aceitar mostra um linha muito tênue entre pais e filhos e deixa claro que, é preciso ter uma estrutura muito solida para construir o que se quer, tempestades sempre vão acontecer no caminho, se acontecem com filhos naturais é natural que aconteçam com quem foi adotado.



De Repente uma Família não é um filme para você sair correndo do cinema e adotar uma família inteira, seria ótimo se assim fosse, mas serve de alerta para mostrar muitos prós e contras dessa atitude. A classificação indicativa é de 12 anos, dá para levar todos de casa para assistir, dá para entender a responsabilidade de se abrir a porta da casa para novas vidas, dá para pensar duas vezes antes de agir por impulso, sabe, aqueles que muita gente pega um cachorrinho e depois abandona? Pois é!