Terror produzido por
JJ Abrams derruba a tese de que onde ele coloca a mão vira sucesso, mas nem
tudo está perdido
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount Pictures
Existe uma coisa muito complicada em cinema que é mudar o gênero
da história real, não apenas acrescentar alguma coisa como aconteciam nos
filmes sobre o velho oeste americano, mas trocar radicalmente o enfoque do
tema. É arriscado, perigoso, pode queimar carreiras e principalmente pode jogar
no limbo toda a equipe, do ator principal ao estagiário do escritório.
Não sou muito chegado em algumas coisas que o JJ Abrams fez desde que ele enterrou a saga de Star Wars com uma
continuação desnecessária e sem propósito, para mim o limite ainda é Super
8, o que veio depois deixa a desejar. Neste filme, que ele assina
como produtor, talvez seja o momento de dar novamente uma chance para o
cineasta que pintava como o melhor de sua geração, se bem que, filme de terror
para mim causa muito riso.
Estreou no Brasil um suspense com terror baseado em fatos
reais no gênero guerra, entendeu a confusão? Pois é, mesmo assim não tive
vontade de rir durante a exibição e muito menos causou sofrimento ver cenas
regadas a exagerada violência e sangue que permeiam a obra. Operação
Overlord (Paramount Pictures, Bad
Robot Productions) é uma dessas criações com dois roteiristas de peso (Mark
L. Smith de O Regresso e Billy Ray de Capitão Phillips),
dirigido por um novato (Julius Avery) que tem futuro e com um
ótimo suporte técnico nos efeitos visuais assinados pela Industrial Light & Magic.
Depois disso, começa a economia, o elenco não é estrelado,
tem muita gente desconhecida dos brasileiros até por fazerem papeis secundários
seja em series ou mesmo longas. A mesma coisa acontece com os demais
departamentos técnicos, são alguns degraus abaixo de uma produção pesada, mas
pode crer, não deixam nada a desejar e o filme realmente tem um enorme
potencial para agradar.
A história da operação é verídica, na segunda guerra mundial
uma tropa de paraquedistas americanos é lançada atrás das linhas inimigas para
uma missão crucial. Quando se aproximam do alvo, percebem que não é só uma
simples operação militar e tem mais coisas acontecendo no lugar ocupado por
nazistas e descobrem que o inimigo é muito pior do que pensava.
Aí o bicho realmente pega, as coisas vão acontecendo como
uma montanha russa de emoções e tudo que se passa na cidade, na fortaleza e nas
imediações remetem a uma transformação do gênero guerra para o suspense e
terror. As cenas de mortes e transformações são muito fortes e regadas a tanto
sangue que deixariam Brian De Palma com cara de criança.
O destaque entre os atores é o inglês Jovan Adepo, ele se
entrega ao personagem sem ser caricato nem exagerado nas reações, por outro
lado a linda e charmosa novata francesa Mathilde Ollivier tem um momento Rambo no filme, tamanha é a violência e
reação contra o inimigo.
Você deve conferir Operação Overlord, não é
aquele tipo de filme trash que poderia ser se tivessem perdido a mão na realização,
também não custou barato, US$ 32 milhões é um orçamento muito generoso, os
adolescentes de 16 anos podem assistir sem susto e sim, é um bom motivo para dar
mais uma chance para o JJ Abrams e sua turma, quem sabe
ele não começa a fazer as coisas direito novamente.
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