Menos dias e exportações em baixa fizeram os números serem menores no mês, mas a curva continua apontando para cima
Texto: Eduardo Abbas / Anfavea
Fotos: Marcel Mano
Foi um período com menos tempo para vender, o feriado de setembro impactou as vendas de carros novos no mercado interno, por outro lado, a crise na Argentina, responsável por comprar mais de 70% dos produtos brasileiros, acabou transformando este em um mês menos favorável para o setor.
A
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea,
divulgou na quinta-feira novas previsões para este
ano. O licenciamento de autoveículos projetado para 2018 agora é de
crescimento de 13,7%, alcançando 2,54 milhões de unidades – a previsão
anterior era alta de 11,7%.
Nas
exportações, o ajuste foi para baixo: ao invés de empatar com o
resultado de 2017, a entidade prevê encerrar o ano com 700 mil veículos
exportados, uma queda de 8,6% sobre o ano passado. Os novos desempenhos
de licenciamento e exportação geraram leve alteração na produção, cuja
expectativa para 2018 passa a ser de 11,1%, com registro de 3,0 milhões
de unidades, ao invés dos 11,9% antes projetado.
Já
o segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias terminará 2018 com 47
mil unidades negociadas, aumento de 11% sobre o ano passado – a última
projeção indicava alta 7%. As exportações deverão ficar estáveis com 14
mil unidades, e a produção chegará em 61 mil, elevação de 15%.
Para
Antonio Megale, presidente da Anfavea, a revisão foi necessária
principalmente pelos bons resultados do mercado interno e pelas
exportações para a Argentina, principal parceiro comercial do Brasil:
“O
mercado interno brasileiro progride mês após mês, com mais intensidade
no segmento de caminhões e de máquinas agrícolas, o que gerou essa
necessidade de revisarmos para cima nossas projeções de vendas. Por
outro lado, a situação macroeconômica da Argentina impactou o mercado
interno daquele país e, consequentemente, as exportações brasileiras
para lá, por isso diminuímos nossa previsão neste quesito”.
Salão do Automóvel
Perguntei ao Megale, já estávamos falando de futuro, se ele esperava que o Salão de 2018 fosse mais elétrico que os outro. Segundo ele "Esse Salão deve ser mais elétrico que o anterior e menos que o próximo". Então eu indaguei "Segundo um estudo feito por uma grande empresa de componentes automotivos americana, a melhor matriz para a America Latina seria a Híbrida, diferente e outro países que a elétrica seria ideal, você concorda?".
Segundo ele "eles tem razão, a matriz híbrida é a mais adequada para a região, já existem inclusive estudos de utilização do etanol nos motores de carros híbridos, o que é ideal do ponto de vista do impacto ambiental. Já existe também um estudo do carro de célula de combustível onde a molécula de hidrogênio seria retirada também do etanol, esse carro teria índice zero de poluição. O grande problema da eletrificação é fazer o carregamento das baterias, no caso dos híbridos esse empecilho desaparece".
Resultados
Em
setembro desse ano, 213,3 mil autoveículos foram licenciados, alta de
7,1% com relação ao mesmo mês do ano passado com 199,2 mil e queda de
14,2% quando comparado com as 248,6 mil de agosto desse ano. No
acumulado do ano, o balanço aponta crescimento de 14%, com 1,84 milhões
de unidades comercializadas este ano contra 1,62 milhões em 2017.
Para
Antonio Megale, presidente da Anfavea, o resultado da indústria
automobilística em setembro já era esperado, mas o ritmo de vendas
surpreendeu:
“O
desempenho menor em setembro equiparado com agosto é normal, pois
tivemos quatro dias úteis a menos no mês. Entretanto, o ritmo da média
diária foi a maior do ano até agora, acima de 11 mil unidades, algo
extremamente positivo e que demonstra aquecimento do mercado
automotivo”.
No
último mês foram produzidos 223,1 mil veículos, baixa de 6,3% sobre as
238,0 mil unidades do mesmo mês de 2017 e queda de 23,5% contra agosto,
com 291,5 mil unidades. Até o nono mês do ano 2,19 milhões de unidades
saíram das linhas de montagem, expansão de 10,5% ante as 1,98 milhões do
ano passado.
O
resultado das exportações continua impactado pela baixa das compras da
Argentina e do México. Em setembro 39,4 mil unidades cruzaram as
fronteiras, decréscimo de 34,5% frente a igual período de 2017 com 60,2
mil unidades e de 29,7% no confronto com as 56,1 mil de agosto. O
acumulado aponta retração de 8%: 524,3 mil unidades em 2018 e 570,0 mil
no ano passado.
Caminhões e ônibus
No
segmento de caminhões, o licenciamento subiu 47,7% ao defrontar as 6,7
mil unidades de setembro deste ano com as 4,5 mil do mesmo mês de 2017,
mas baixou 10% ante as 7,5 mil de agosto. No acumulado, o balanço
apresenta alta de 49,2%, com 52,8 mil unidades em 2018 e 35,4 mil no ano
passado.
A
produção de caminhões registrou em setembro 9,1 mil unidades, número
19,9% superior às 7,6 mil de setembro do ano passado e 6% inferior às
9,7 mil de agosto deste ano. No período acumulado as 77,3 mil unidades
fabricadas este ano estão 30,5% maiores que as 59,2 mil de 2017.
As
exportações apresentaram recuo de 25,4%, com 1,8 mil unidades em
setembro e 2,4 mil no mesmo mês do ano passado. No comparativo com
agosto, quando 2,2 mil unidades foram enviadas para outros países, a
diminuição é de 17%. A soma dos nove meses do ano aponta decréscimo de
4,5%, com 20,5 mil caminhões em 2018 e 21,4 mil em 2017.
No
segmento de ônibus as vendas em setembro alcançaram 1,5 mil unidades,
contração de 4,5% frente as 1,6 mil unidades comercializadas em agosto e
crescimento de 73,2% se comparado com as 865 unidades de setembro do
ano passado. No acumulado as 10,5 mil unidades licenciadas em 2018
indicam expansão de 22,4% sobre as 8,6 mil do ano anterior.
A
produção de 2,2 mil chassis de ônibus em setembro está 33,4% superior
às 1,7 mil do mesmo mês de 2017 e 24,7% abaixo das 3,0 mil de agosto. De
janeiro a setembro a produção chegou em 23,1 mil unidades, elevação de
42,9% sobre as 16,1 mil do mesmo período no ano passado.
A exportação de ônibus alcançou 6,5 mil unidades, diminuição de 3,6% contra as 6,7 mil unidades de 2017.
Máquinas agrícolas e rodoviárias
As
vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias em setembro foram
de 4,9 mil unidades, acréscimo de 17,5% com relação as 4,2 mil do mesmo
mês do ano passado e queda de 2,3% ante as 5,0 mil de agosto. O total de
máquinas negociadas no acumulado cresceu 7,7%, com 34,6 mil unidades
este ano e 32,1 mil no ano anterior.
Os
fabricantes produziram 5,8 mil unidades em setembro, índice 14,9% menor
do que as 6,8 mil unidades que saíram das linhas de montagem em agosto e
40,1% superior ante as 4,1 mil de setembro de 2017. No acumulado deste
ano, a produção chegou a 46,2 mil unidades: crescimento de 9,2% em
relação as 42,3 mil do ano passado.
As exportações até setembro foram de 9,7 mil unidades, número menor em 2,4% se defrontado com as 10,0 mil do ano passado.
Emprego
A notícia é que não houve nenhum movimento nas empresas com relação a criar ou fechar postos de trabalho, os números repetiram o mês anterior o que significou equilíbrio no setor.
Ainda estão em Layoff 827 empregados esperando o momento para voltarem ao trabalho, as previsões eram que esse número já estaria zerado, mas a crise nas exportações fez com que esse resultado fosse adiado, até porque as montadoras estão procurando novos mercados para compensar a falta da Argentina.
Estoques
Os estoques aumentaram consideravelmente tanto nos pátios quanto nas concessionárias e agora foge um pouco do esperado, mas com a eleição em curso este mês de outubro, o consumidor terá uma nova perspectiva sobre o futuro da economia do país e se adequar ao que pretende comprar.
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