Os números já estão melhores, mas a greve dos caminhoneiros continua fazendo suas vítimas
Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq
Um pequeno respiro no sexto mês do ano, já houve pequena melhora nos números da indústria brasileira e a esperança da tão sonhada retomada começa a dar sinais que pode acontecer. A boa notícia vem das exportações que, hoje, representam 47% do faturamento, isso tem dois impactos distintos: com o dólar em alta alguns produtos são considerados interessantes por outros mercados, por outro lado, isso significa que o consumo interno não se recuperou ainda.
Na coletiva de imprensa foi apresentado o balanço do mês com uma certeza: o país não é competitivo comercialmente, o custo Brasil é muito alto se comparado a outros mercados e o empresário tem sempre que rebolar, para se ter uma ideia, o aumento dos custos no mês ficou acima da inflação, não houve repasse ao consumidor, até porque aumentar o preço pode espantar, ou seja, provavelmente não vai vender.
Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente
Receita Líquida Total - R$ Bilhões Constantes*
Após a paralisação das atividades produtivas, em função da greve dos caminhoneiros ocorrida no final do mês de maio/18, no mês de junho a indústria fabricante de máquinas e equipamentos recuperou a perda observada naquele período e registrou expansão de 23,0% em relação ao mês de maio/18.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior também houve crescimento da receita do setor de 13,1%. Com este resultado, o primeiro semestre de 2018 encerrou com crescimento na receita de 4,2% em relação ao 1º sem 2017, o que nos permitiu manter as estimativas realizados no início deste ano, de crescimento ao redor de 7% em 2018.
Curva de Comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13 vs 2017 e 2018
O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos recuperou com relativa folga o fraco desempenho das vendas observado no mês de maio, que ocorreu em função da greve dos caminhoneiros.
No mês de junho chegou a R$ 7,12 bilhões, 13,1% superior ao valor observada no mesmo mês de 2017. Se o comportamento médio do desempenho dos segundos semestres dos anos anteriores for mantido em 2018, o setor fabricante de máquinas e equipamentos deverá encerrar este ano com crescimento ao redor de 7%.
Evolução de Preços - Número índice - Base: média de 2013=100
Em função dos fortes reajustes, realizados durante este ano, principalmente nos preços dos aços, o índice de custo de produção de máquinas e equipamentos, medido pela ABIMAQ, cresceu 3,3% em 2018, valor bem acima da inflação oficial do país.
Este aumento não foi repassado integralmente ao preço das máquinas e equipamentos, comprimindo ainda mais as margens já exprimidas do setor. No mesmo período o IPP – Índice de preço ao produtor de máquinas e equipamentos do IBGE registrou crescimento de 2%.
Exportação - US$ Bilhões Fob
As exportações de máquinas e equipamentos registraram crescimento de 67,7% em junho/18, o melhor desempenho mensal no ano de 2018. Esse resultado foi fortemente impactado pelo retorno das entregas dos produtos que ficaram represados em função da greve dos caminhoneiros.
No semestre o crescimento acumulado das exportações foi de 16,8%. Desde o ano de 2017, o mercado externo tem sido o canal utilizado pelos fabricantes de máquinas e equipamentos para manter suas atividades. Em 2018 as exportações passaram a ser responsáveis por 47% do total das vendas realizadas pelo setor de máquinas e equipamentos.
Exportação por Setores - Setores com sua participação no total
Todos os setores exportadores de Bens de Capital registram resultados positivos na passagem de maio para junho de 2018, com destaque para o setor fabricante de componentes, que registrou crescimento de 94%, e para o de máquinas para logística e construção civil, com crescimento de 77%.
Este último tem exercido papel de destaque também no resultado do ano (1º semestre) por representar 36% do total exportado e por ser responsável por quase 60% da taxa de crescimento no período. No 1º semestre apenas dois grupos setoriais registraram queda nas suas exportações em relação ao mesmo período de 2017, o de máquinas para a indústria de transformação e de máquinas para infraestrutura.
Exportação por Destinos - US$ Milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos foram, pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa. As exportações para América Latina ficaram praticamente estáveis (+0,9%) em 2018, em função principalmente da forte queda das vendas para México e Argentina que praticamente anularam o bom desempenho nos demais países desta região.
Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela |
A maior contribuição para o crescimento das exportações veio dos Estados Unidos e dos países europeus que ampliaram suas compras em 59,0% e 47,3% respectivamente no primeiro semestre de 2018 quando comparado com o mesmo período de 2017.
Importação - US$ Bilhões FOB
Em junho, as importações de máquinas e equipamentos cresceram 15,3% em relação ao mês de maio/18, valor insuficiente para cobrir a queda observada em maio (16,9%). Apesar disto, em relação ao mesmo mês de 2017 houve crescimento importante (+24,6%), contribuindo assim para a manutenção da melhora nos resultados acumulados no ano.
Mesmo com a desvalorização do real, que no ano chegou a 20%, as importações de máquinas e equipamentos continuam ocorrendo e no ano (1ºsemestre) acumulam crescimento em relação ao 2017 de 17,5%.
Importação por Setores - Setores com sua participação no total
No mês de junho/18, houve aumento das importações de quase todos os tipos de máquinas e equipamentos. A queda ocorreu apenas no setor de petróleo e energia renovável que apesar do percentual elevado (-48,6%) foi inexpressiva em relação ao total.
No 1º semestre de 2018, houve aumento das importações de máquinas e equipamentos em todas as atividades industriais observadas, com destaque no setor de bens de consumo que ampliou suas importações em 33% em 2018.
Principais Origens das Importações - Participação no total importado (US$)
No semestre, a principal origem das importações de máquinas e equipamentos, tanto em valores como em quantidade, continuou sendo China. As máquinas de origem chinesa representam hoje 18% do total das importações realizadas em 2018, um aumento na participação em 8,7 p.p. em 10 anos.
Os Estados Unidos que já foram a principal origem com 22% de participação, hoje ocupam a segunda colocação 17,1% do total. A Alemanha também perdeu um pouco da sua participação e foi para a terceira posição entre as origens, com 15,5% do total de máquinas importadas pelo Brasil. Itália e Japão que ocupam a 4º e 5º posição, respectivamente, vem apresentando crescimento no mercado brasileiro.
Consumo Aparente - R$ Bilhões constantes*
Em junho/18, houve aumento dos investimentos em máquinas e equipamentos em relação a maio/18 (+9,6%) e também relação ao mesmo mês de 2017 (+20,4%). No 1º semestre o consumo aparente cresceu 8,3%.
O alto índice de ociosidade da economia e o desempenho da atividade industrial abaixo das expectativas não tem sido barreira para a retomada dos investimentos. Ainda que em níveis bastante baixos (R$ 9,2 bilhões mensais contra R$ 15 bilhões no período pré-crise) os investimentos produtivos continuam registrando crescimento ao longo de 2018.
NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada
Carteira de Pedidos - Em meses para atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada na indústria de máquinas e equipamentos, voltou a crescer no mês de junho (3,4%) e chegou a 74,9% em relação a maio (74,4%). A média anual está 3,3 pontos percentuais acima da média de 2017 em razão, principalmente, do aumento das vendas no mercado externo, no mercado doméstico o setor ainda acumula queda de 6,9%.
A carteira de pedidos continua registrando quedas, em relação a maio a queda foi de 3,9%, mantendo o pior patamar da séria história, em razão, principalmente da baixa atividade no setor fabricante de máquinas para infraestrutura e indústria de base (bens sob encomenda), cuja carteira de pedidos encolheu 44% neste ano.
Emprego - Em mil pessoas
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de junho/18 com 296 mil pessoas ocupadas, um aumento de 0,2%, em relação ao mês de maio de 2018 que havia encolhido 0,1%.
Em relação ao mês de junho de 2017 também houve melhora no quadro de pessoal (+1,8%) em resposta ao aumento da produção e das vendas, principalmente, direcionadas para o mercado externo que representa quase 50% do total das vendas.
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