A greve que parou o Brasil freou os ótimos números conseguidos no ano, maio foi um mês de prevenção da acidentes, recuo da economia e conscientização de muitos brasileiros

Texto: Eduardo Abbas / Anfavea
Fotos: Marcel Mano


A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, divulgou na quarta-feira, 6, em São Paulo, os resultados da indústria automotiva em maio e no acumulado do ano: o licenciamento até o quinto mês do ano registrou 964,8 mil unidades, elevação de 17% sobre as 824,5 mil de 2017.


Apenas em maio foram comercializadas 201,9 mil unidades, resultado 3,2% superior no comparativo com o mesmo período do ano passado, quando 195,6 mil unidades foram negociadas. Contra abril deste ano a queda foi de 7,1% em relação as 217,3 mil unidades vendidas em abril. Para Antonio Megale, presidente da Anfavea, as paralisações do fim do mês impactaram o resultado de maio:


“A greve dos caminhoneiros dificultou o abastecimento de peças para a produção e de transporte de veículos para as concessionárias. Além disso, trabalhadores e consumidores tiveram dificuldade com abastecimento de combustível, interferindo nos deslocamentos até a rede. Não fosse este cenário, certamente teríamos registrado maior crescimento em maio”.


As exportações no quinto mês de 2018 também foram menores: 60,7 mil unidades deixaram as fronteiras brasileiras, baixa de 17% ante as 73,2 mil de abril e de 17,3% sobre as 73,4 mil de maio do ano passado. Nos cinco meses já transcorridos do ano, 314,1 mil unidades foram exportadas, crescimento de 1,6% quando analisado com as 309,1 mil de 2017.


A produção de autoveículos em maio foi afetada mais intensamente. As 212,3 mil unidades representam decréscimo de 20,2% quando comparado com as 266,1 mil de abril e recuo de 15,3% se defrontado com as 250,7 mil unidades de maio do ano passado. No acumulado, contudo, o registro é de alta de 12,1%: 1,17 milhão de unidades este ano e 1,05 milhão em 2017.
Megale reiterou, em números, o impacto das manifestações no desempenho mensal: “A indústria automotiva deixou de produzir entre 70 e 80 mil veículos, vender cerca de 25 mil e exportar algo próximo a 15 mil unidades. Com os caminhões, de 500 a 600 unidades deixaram de ser comercializadas”.


Perguntei ao presidente se "essa greve dos caminhoneiros serviu para que as pessoas voltassem a utilizar etanol nos carros flex, você acredita que um impacto como esse mexeu com o consumidor? Você acredita que agora quem compra carro começa a se preocupar mais com a eficiência energética do modelo que está interessado? Finalmente o brasileiro aprendeu a utilizar o computador de bordo?"


Megale foi firme: "sim, esse susto que as pessoas passaram realmente mexeu com seu modo de avaliar alguns elementos na hora de se comprar um carro, por exemplo, antigamente ninguém dava bola para as etiquetas de consumo de energia que os eletrodomésticos tinham, agora, ninguém compra sem olhar o selo antes. Isso se deve muito ao Inovar Auto, que conseguiu uma melhora na eficiência dos automóveis na ordem de 15.4%, o Rota 2030, que deve ser assinado em breve, eleva muito essa meta e num prazo de até 15 anos. O consumidor de carros vai mudar, a indústria já está mudando, o setor está fazendo o papel dele e isso é importante tanto para a economia quanto para o meio ambiente".

Caminhões e ônibus
As vendas de caminhões em maio foram de 5,6 mil unidades, 8,7% a menos do que as 6,2 mil de abril e crescimento de 37,1% se comparado com as 4,1 mil de maio de 2017. No acumulado de 2018 o licenciamento soma 26,3 mil unidades, elevação de 52,7% frente as 17,2 mil do ano passado.
As exportações no último mês ficaram em 1,8 mil unidades – diminuição de 34,8% sobre as 2,7 mil de abril e de 29,6% em relação as 2,5 mil de maio do ano passado. Nos meses já transcorridos do ano 11,8 mil caminhões deixaram as fronteiras, crescimento de 9,2% ante as 10,8 mil de 2017.


Os fabricantes de caminhões produziram no quinto mês do ano 7,4 mil unidades, retração de 18,4% se comparado com as 9,1 mil de abril. Quando analisado contra as 7,6 mil de maio de 2017, a baixa é de 2%. No acumulado deste ano, quando 41,0 mil caminhões deixaram as linhas de montagem, o resultado é maior em 40,1% – no ano passado o balanço apontou para a fabricação de 29,2 mil unidades neste período.
No segmento de ônibus as vendas encerraram maio com 980 unidades: alta de 5,8% se defrontado com as 926 unidades de abril, mas baixa de 8,2% sobre maio do ano passado, quando 1,1 mil unidades foram vendidas. Nos cinco primeiros meses deste ano foram comercializadas 4,7 mil unidades, acréscimo de 28% contra as 3,6 mil em 2017.


A produção aumentou 55% no acumulado do ano, com 12,0 mil unidades em 2018 e 7,7 mil no ano anterior. Apenas em maio 1,8 mil unidades foram fabricadas, queda de 44,7% se comparado com as 3,3 mil de abril e de 14,4% com relação as 2,1 mil de maio do ano passado.
As exportações de ônibus no acumulado deste ano ficaram em 3,8 mil unidades, expansão de 24,4% na análise contra as 3,1 mil do ano passado.

Máquinas agrícolas e rodoviárias
As vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias no quinto mês estão 15,8% menores com relação ao mês de maio do ano passado – 3,3 mil unidades contra 3,9 mil – e 20,6% abaixo das negociações ocorridas em abril, com 4,1 mil unidades. O total de máquinas vendidas no acumulado diminuiu 9,3%, com 15,0 mil unidades este ano e 16,5 mil no ano passado.


Os fabricantes produziram 4,6 mil máquinas em maio, baixa de 7,3% contra as 5,0 mil de abril. No comparativo com maio do ano passado, quando 5,8 mil unidades deixaram as linhas de montagem, o resultado foi 19,6% inferior. No acumulado deste ano 21,6 mil unidades foram produzidas: retração de 4,5% em relação as 22,7 mil do ano passado.


As exportações registraram até maio 5,1 mil unidades, o que representa alta de 12,7% quando defrontado com as 4,5 mil do ano passado.


Emprego
A boa notícia ficou por conta da criação de 619 novas vagas de trabalho nas empresas que são associadas da Anfavea, isso mostra que a reação é gradual e positiva. Houve também uma pequena diminuição de funcionários saíram dos programas de garantia de emprego, ajustes naturais nas empresas por conta das demandas e variação na produção de determinados tipos de veículos.


Os números do mês mostram que em Layoff são 716 e no PSE, 929 com o total de 1.645 empregados a espera da volta ao trabalho, a Anfavea acredita que, esse número deve cair bastante nos próximos meses por causa da retomada dos trabalhos nas empresas, que tiveram suas linhas paradas durante a greve.

Estoques
Os estoques caíram em relação ao mês anterior pela dificuldade na logística de entrega ocorridas nos dias de greve, mesmo assim se aproximaram mais do ideal que é de 30 dias, contando com os pátios das montadoras e as concessionárias.