As notícias são melhores, os números cresceram e começam a melhorar a previsão do ano

Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq

A luz começa a acender no fim do túnel, uma ligeira melhora nos números da indústria nacional já tira aquele ar sério e compenetrado começa a se transformar em um sorriso mais solto.


Na coletiva de imprensa realizada quarta-feira última, foi apresentado o balanço do mês de fevereiro que, mesmo com o feriado do carnaval apresentou uma ligeira melhora. O grande gargalo ainda é o Spread bancário que nunca aponta para baixo, sempre aumenta e com isso inviabiliza em grande parte do tempo, empréstimos para o empresários, isso mesmo com os juros caindo.

Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente


Receita Líquida Total - R$ Bilhões Constantes*
As vendas realizadas pela Indústria de Bens de Capital Mecânicos recuperaram parte da queda observada em janeiro e registraram crescimento de 14,2% em fevereiro/18. Na comparação interanual também houve crescimento (+2,2%).


No bimestre, o bom resultado das exportações nos dois primeiros meses do ano e a melhora das vendas no mercado doméstico no mês de fevereiro/18, contribuiu para o resultado  positivo (+1,1%), em relação ao 1º bimestre de 2017.

Curva de Comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13 vs 2016 e 2017
Dados deste início mantem o comportamento sazonal do setor (curva azul), e apresentam desempenho ligeiramente acima do observado em 2017.


No ano (jan-fev) em relação ao mesmo período de 2017 o setor acumulou crescimento de 1,1%. Estes dados indicam que, após 5 anos de quedas consecutivas, o setor deve registrar desempenho positivo em 2018.

Importação - US$ Bilhões FOB
As importações de Bens de Capital Mecânicos registraram retração de 17,5% no mês de fevereiro/18 contra o mês imediatamente anterior, anulando o crescimento do mês de janeiro.


Com relação ao mesmo mês de 2017 houve, no entanto,  crescimento de 12,5%. Com isso, no bimestre, as importações mantiveram o  crescimento (+11,4%). Os dados deste início do ano acompanham o volume de importações observados no segundo semestre de 2017.

Importação por Setores - Setores com sua participação no total
A redução das importações no mês de fevereiro/18 contra o mês imediatamente anterior foi observado em quase todos os segmentos importadores de bens de capital.


Já na comparação interanual, boa parte dos segmentos aumentaram suas compras externas, três deles são destaques em função de sua grande participação nos investimentos importados, Máquinas para Bens de Consumo (37,5%), Máquinas para Logística e Construção Civil (54,4%) e Máquinas para a Indústria de Transformação (26,1%). Apesar do expressivo crescimento em Máquinas para Petróleo e Energia Renovável neste inicio de ano, sua participação no total das importações foi de apenas 1 ponto percentual.

Principais Origens das Importações - Participação no total importado (US$)
Em 2018, a principal origem das importações de máquinas e equipamentos continuou sendo a China, que aumentou sua participação no bimestre de 18,7% para 19,2%.


A Alemanha manteve-se na segunda colocação, acompanhada de perto dos EUA. Os EUA, que perderam a hegemonia em exportações para o Brasil em 2017, iniciou 2018 0,3 pontos percentuais abaixo da Alemanha no bimestre. Em peso, não houve alterações nas posições do ranking, a China continuou exportando o maior volume de máquinas e equipamentos para o Brasil.

Consumo Aparente - R$ Bilhões constantes*
Os investimentos produtivos medidos pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos registraram nova queda no mês de fevereiro/18 (-3,9%) na comparação com o mês imediatamente anterior e também na comparação interanual (-3,9%).


No bimestre, a queda encolheu de 12,4% para 8,4%. Apesar da queda de ponta, há indício de que a redução dos investimentos tenha chegado ao fim.

Exportação - US$ Bilhões FOB
As exportações de Máquinas e Equipamentos registraram novo crescimento em fev18, +3,4% em relação a janeiro18 e 39,8% em relação a fev17. Mantendo os níveis de vendas em valores próximos ao dos anos 2011 e 2012 (US$ 820 milhões).


No bimestre, o crescimento foi de 58,6%. Este forte crescimento em 2018 tem diversas explicações. 1. A base de comparação - janeiro de 2017 o setor exportou a metade do resultado observado neste inicio de ano; 2. Mercado mundial aquecido; 3. Esforço feito pelo setor visando manter suas atividades durante a fase de encolhimento dos investimentos no mercado doméstico.

Exportação por Setores - Setores com sua participação no total
O crescimento das exportações em fevereiro ocorreu em quase todos os setores fabricantes de Bens de Capital Mecânicos.


No bimestre, o crescimento também foi generalizado, mas o setor que teve um papel preponderante neste resultado foi o de máquinas para logística e construção civil que cresceu 83,3% neste inicio do ano e cuja participação no total das exportações chegou a 35%.´

Exportação por Destinos - US$ Milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos  foram,  pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa.


No bimestre, a América Latina perdeu participação para Estados Unidos e Europa. Em valores monetários, na comparação interanual, todos os destinos apresentaram forte crescimento, com destaque para os EUA e países da Europa, cuja base de comparação era muito baixa no bimestre do ano passado.

Taxa de Câmbio Real - Variação % acumulada – base: 2005=100
O último ganho cambial que a indústria, de forma geral, obteve, foi proporcionado pelo efeito Trump no final de 2015.


Na ponta, o aumento das chances de o Ex Presidente Lula não concorrer às próximas eleições garantiu a queda do dólar, que anulou quase todos os ganhos registrados desde a turbulência nos mercados de ações globais no começo de fevereiro, e sua permanência ao redor de R$/US$ 3,25 em março.

NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada
Carteira de Pedidos - Em meses para atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada na indústria de máquinas e equipamentos, registrou crescimento em fevereiro anulando parte da queda ocorrida em janeiro e chegou a 74,0%. O nível observado foi 3,1% superior ao do mês de janeiro/18 (71,8%), e 6,7% maior que o mês de fevereiro de 2017 (69,3%).


A carteira de pedidos, que vinha oscilando ao redor de 2,5 meses para atendimento em 2017, no bimestre sofreu nova queda e chegou a 2,1 meses para atendimento, uma redução de 16%. Estes dados refletem a continuidade na queda das atividades no setor fabricantes de bens sob encomenda.

Emprego - Em mil pessoas
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro com 293,5 mil pessoas ocupadas, um aumento de 0,8%, em relação ao mês de janeiro de 2018.


Na comparação com fevereiro de 2017 o setor registrou seu primeiro crescimento de 0,4%, após 49 meses consecutivos de quedas nesse tipo de comparação. Ratificando a expectativa de crescimento das receitas do setor em 2018.
Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, o setor perdeu quase 87 mil postos de trabalho.