Uma prática que é conhecida desde 735 A.C. continua assombrando as novas gerações, as vítimas hoje são os turbos

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: SD&Press Consultoria / Arquivo

Não tem jeito, quanto mais o homem evolui mais ele se torna vítima de uma prática condenável e que gera prejuízos grandiosos em qualquer setor onde se instala. A pirataria, nascida romanticamente na Grécia antiga, hoje é certamente um dos maiores flagelos que o mundo moderno e as grandes empresas enfrentam, até porque tem sempre alguém querendo pagar menos por algo que vale mais, é a chamada “vantagem do otário”.


E quem parte para esse lado negro do comércio pode e deve ser considerado mesmo um grande otário, no caso específico dos turbos, remanufaturar com pessoas ou empresas que cobram mais barato e acreditar que não vai ter nenhum problema, vai funcionar como se fosse novo e a “la garantía soy yo” é o mesmo que acreditar em Papai Noel e suas renas na noite de natal vestindo uma camisa estampada e usando chinelos de dedo. Não existe mágica, desenvolvimento e tecnologia custam caro, mas custa mais caro ainda para quem corre por esse caminho escuro.


Para se ter uma ideia, não são poucos que optam por essa solução, 40% dos turbos remanufaturados no Brasil são piratas, sim senhor, eles são os líderes do mercado! Depois não se pode reclamar se o caminhão ou ônibus gasta mais Diesel (em alguns casos chega-se ao absurdo de R$ 90.000 a mais por ano!) nem que o rendimento não é o mesmo, o problema é que, voltar para onde nunca deveria ter saído às vezes é tarde demais.


Melhor fazer a coisa certa, e para isso a BorgWarner, líder mundial em soluções tecnológicas limpas e eficientes para veículos a combustão, híbridos e elétricos, tem se consolidado como grande fornecedora de turbos remanufaturados no mercado brasileiro, segundo Nelson Bastos Junior, responsável pela divisão de aftermarket na América do Sul "Nossa idéia é suprir a demanda do mercado por produtos que agregam tecnologia, preço competitivo e sustentáveis. Estamos trabalhando fortemente na conscientização entre os consumidores para a utilização dos produtos remanufaturados como forma de proteger o meio ambiente e estamos conseguindo bastante sucesso”.


Mas não basta apenas sucesso e boas práticas, a conscientização dos frotistas e donos de caminhões deve mudar, muitos optam pelo recondicionamento (é mais barato, tem menor garantia e vida útil) ou o reparo (feito na maioria das vezes nas próprias oficinas) que invariavelmente mostram que o barato sai caro e certamente não compensa o risco. A BorgWarner remanufatura (que é a troca dos componentes gastos por novos) cerca de 30 mil turbos por ano, recoloca no mercado produtos com preços mais competitivos, com garantia de fábrica e com a mesma qualidade dos produtos novos, será que o pirata faz isso?


Isso também impacta no meio ambiente, com a captação de carcaças e processo de logística reversa, ela reaproveita ao máximo os componentes recolhidos dando a destinação certa para as eventuais sucatas. Os turbos remanufaturados da BorgWarner possuem as mesmas características originais de um produto novo, seguem os mesmos critérios de qualidade do original, custam cerca de 30%  menos que o 0km e tem a mesma garantia, porém só podem ser utilizados em substituição de outro em operação ou em motores remanufaturados por montadoras ou particulares.


Perguntei ao Nelson se “por acaso alguma montadora poderia usar um turbo remanufaturado em um motor novo?” segundo ele “poder até poderia pois se trata de um produto com a mesma qualidade, mas elas não fazem esse tipo de utilização, motores novos, turbos novos, motores remanufaturados ou usam nossos turbos novos ou nossos remanufaturados”.


Na remanufatura o turbo é completamente desmontado, todos os componentes são testados individualmente e os que podem ser reaproveitados são aqueles que não apresentarem desgastes ou defeitos pelo uso intensivo. Depois de montado com peças novas, o turbo é testado e se aprovado é garantido pela BorgWarner, isso acontece com a maioria dos modelos de turbos que estão no mercado.


Mas como saber quando a turbina chega ao seu momento crítico e deve ser substituída ou remanufaturada? Segundo Newton Juliato, supervisor de desenvolvimento e assistência técnica “existem advertências que são exibidas aos motoristas, para os mais experientes fica fácil identificar que o componente já está na hora de ser substituído ou passar pela remanufatura, o aumento do consumo de Diesel e perda de potência são os melhores indicativos”.


Perguntei então: “não existe uma maneira menos paleolítica de se identificar? Não existem sensores que avisem da situação do turbo?”. Nelson respondeu que “sim, a tecnologia e sensores já fazem parte da construção do turbo, tudo pode ser monitorado, mas por opção das montadoras no desenvolvimento dos painéis de caminhões e ônibus, essas informações não são exibidas ao motorista, portanto, existir e estarem disponíveis já estão, basta querer usar”.


Com grande presença no mercado, a BorgWarner resolveu agir e começa a investir contra a pirataria, já são 13 empresas na mira da gigante americana, elas usam as carcaças originais e vendem os turbos como se fossem remanufaturados pela empresa o que inclusive prejudica a imagem da fabricante.


Tá na hora de refletir: remanufaturar no momento certo com a fabricante vai custar menos, rodar mais, economizar em combustível e no menor desgaste do motor, ter garantia, assistência técnica e principalmente eliminar a prática que tira empregos e gera prejuízos tanto para os donos quanto para as pessoas que vivem em função do desse profissional, sim, porque o pirata te vende um produto que vai te deixar na mão e não se preocupa se com isso sua família vai ter o que comer em casa, pense nisso!