Com estabilidade moderada nos números de outubro, o setor de máquinas começa a dar sinais de uma reação modesta
Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq
Não é motivo para fazer uma festa que agite toda a cidade, mas já dá para começar a comemorar um pouco, afinal de contas retomou-se a produção, as exportações continuam puxando os números para cima e 2018, apesar da previsão de que não haverá crescimento, já dá sinais que não vai repetir a catástrofe que foi este ano.
Em meio a boas notícias, uma declaração preocupante do presidente da Mercedes Benz do Brasil, Philipp Schiemer deixou setores preocupados, com o fim do Inovar-Auto ele disse que “Sem dúvida, se amanhã abrirmos o mercado, as portas de quase todas as indústrias aqui podem se fechar”. Perguntei ao José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ como ele encarava essa declaração.
Segundo ele "o presidente da Mercedes está sendo muito catastrófico até porque a indústria automobilística tem recursos e tecnologia suficientes para continuar produzindo para exportar como também para dar exemplo ao resto da cadeia produtiva no Brasil, e cito como exemplo as empresas que fazem parte da Abimaq, elas recebem pouco investimento e mesmo assim continuam trabalhando e exportando, o que está errado no país é a politica de incentivos e investimentos, no meu entender ela deveria ser horizontal e não vertical e por fim, não acredito que montadores fechem as portas ou vão embora."
Acompanhe a seguir um resumo do desempenho do mês
Receita líquida total - R$ Bilhões constantes*
As vendas realizadas pela Indústria de Bens de Capital, mecânicos ficaram praticamente estáveis em outubro/17 (-0,4%). Este resultado derivou do aumento das exportações no mês, pois as vendas no mercado interno apresentaram redução da ordem de 10%.
Na comparação interanual, a receita líquida registrou crescimento (+10,0%). No resultado acumulado (jan-out), houve melhora de desempenho em função do crescimento das exportações que voltam a níveis médios mensais de 2011 e 2012.
Importação - US$ Bilhões FOB
As importações de Bens de Capital Mecânicos registraram retração em outubro/17, em relação ao mês imediatamente anterior (-2,8%) e crescimento como em relação ao mesmo mês de 2016 (+2,3%). Após interromper 14 meses consecutivos de queda em setembro, as importações voltaram a apresentar crescimento pelo segundo mês consecutivo nesse critério de comparação.
O resultado acumulado (jan-out), continua apresentando forte redução (-19,9%), embora venha apresentando redução ads quedas mensais. O modesto aumento das importações nos últimos 4 meses está concentrado em poucos setores.
Importação por setores - Setores com sua participação no total
O crescimento das importações no mês de outubro/17, foi observado em 3 dos sete setores compradores de bens de capital. Em Máquinas para O&G, o crescimento de 36,2% no mês é devido a importações de tubos de ligas de aço.
No ano, os setores que aumentaram seus investimentos com máquinas e equipamentos importados foram: Agrícola e Bens de Consumo.
Principais origens das importações - Participação no total importado (US$)
Em outubro/17, a China, manteve a primeira colocação em US$ FOB, mostrando a força de sua política industrial de penetração em países em desenvolvimento, além de manter a primeira colocação em quantidade no mercado brasileiro.
A Alemanha disputa a segunda posição com os EUA que perderam a histórica liderança. As importações da Coréia do Sul voltaram aos níveis históricos, ao redor de 2,5%.
Consumo aparente - R$ Bilhões constantes*
Os investimentos produtivos medidos pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos registraram redução no mês de outubro/17 (-5,2%) na comparação com o mês imediatamente anterior, em função da queda da importação (-2,8% em US$) e, principalmente, da receita interna (-10,2%).
O resultado, foi que na comparação interanual, houve nova queda (-5,3%), a 16ª consecutiva neste tipo de comparação, ainda que desde junho/17, essa redução venha diminuindo gradativamente. Apesar de certa estabilidade na ponta, a queda de 20,4% no ano, pelo 4º ano consecutivos desmente notícias recentes de retomada dos investimentos.
Exportação - US$ Bilhões FOB
Em outubro/17 houve crescimento das exportações de máquinas e equipamentos em relação ao mês de setembro (10,4%), na comparação interanual o crescimento foi de 49,5%. No acumulado do ano (jan-out/17), o setor registrou crescimento de 13,1%, em relação a 2016.
Uma das razões que explica o crescimento das exportações em 2017, é a melhora da atividade econômica nos mercados internacionais. Muitas empresas tem mantido parte de suas atividades produtivas nas exportações, ainda que com, eventualmente, rentabilidade reduzida em função do câmbio apreciado.
Exportação por setores - Setores com sua participação no total
Setorialmente, o crescimento mensal das exportações se deu na maioria dos setores fabricantes de Bens de Capital.
No ano, as exportações foram puxadas pelos setores fabricantes de Máquinas para Agricultura, Máquinas para Petróleo e Energia Renovável, Máquinas para Logística e Construção Civil e Máquinas para a Indústria de Transformação.
Exportação por destinos - US$ Milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos são, pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa.
No ano (jan-out/17), o aumento das exportações para a América Latina, foi puxado pela Argentina que aumentou em 44,6% suas compras de máquinas no Brasil.
Taxa de câmbio real - Variação % acumulada – base: 2005=100
O último ganho cambial que a indústria, de forma geral, obteve, foi proporcionado pelo efeito Trump no final de 2015, e foi completamente devolvido pela apreciação do fim do ano passado e início deste.
A cotação atual, apesar da persistência das incertezas políticas e fiscais, tem oscilado ao redor de R$/US$3,20 cada vez mais longe de um câmbio competitivo, estimado em R$/US$ 3,90.
Curva de comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13 vs 2016 e 2017
O gráfico mostra claramente a estabilidade na Receita Líquida, a partir do segundo trimestre, ainda sem sinais de retomada.
A receita registrada no mês foi de R$ 5,8 bilhões, a terceira pior da série para o mês de outubro dos últimos 17 anos. Este resultado reforça as estimativas de nova queda nas receitas do setor, porém, menos intensa que a dos anos anteriores.
NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada - CARTEIRA DE PEDIDOS - Em meses para atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada, apresentou crescimento em outubro e chegou a 74,1%. O nível observado foi 0,6% superior ao do mês de setembro/17 (73,6%) e 12,9% superior ao mês de outubro de 2016 (65,6%).
A carteira de pedidos, tem oscilado ao redor de 2,5 meses para atendimento em 2017. No mês de outubro, voltou a apresentar redução (-5,3%) em relação ao mês anterior. No ano o setor passou a acumular queda de 4,1%.
Emprego - Em mil pessoas
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de outubro/17 com 290,8 mil pessoas ocupadas, uma retração de 0,1%, em relação ao mês imediatamente anterior.
Na comparação interanual houve redução de 11,4 mil postos de trabalho, a 46º queda consecutiva neste tipo de comparação. Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados quase que 90 mil postos de trabalho no setor.
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