Um momento histĂ³rico dos loucos
anos 70 retratado de forma sensĂvel e com reflexos atĂ© os dias de hoje
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Fox Film do Brasil
Eu vivi essa Ă©poca da humanidade,
nunca entendi direito essa coisa da batalha envolvendo homens e mulheres, na
verdade nunca aceitei alguĂ©m ser discriminado pelo sexo ou pela preferĂªncia
sexual, nem mesmo acreditava que existiam pessoas que precisavam lutar por seus
direitos e ter a igualdade reconhecida tanto pela sociedade quanto pelos seus
prĂ³prios pares. Mas infelizmente era e ainda Ă© assim, antes as mulheres eram
submetidas a todo tipo de bloqueio e o homem sempre era elevado ao patamar de
herĂ³i, uma tremenda besteira, talvez se elas estivessem no comando do mundo
desde a aurora dos tempos as reais guerras que ceifaram vidas inocentes
poderiam ter sido evitadas.
Estreou nesta semana no Brasil o
filme A Guerra dos Sexos (Decibel Films, Cloud Eight Films, Fox
Searchlight Pictures), um relato romanceado de um perĂodo complicado da
revoluĂ§Ă£o sexual e do surgimento do movimento feminista. Eu digo complicado
porque envolveu um elemento fora do campo polĂtico e social, foi na partida de
tĂªnis de 1973 entre a campeĂ£ mundial Billie Jean King (vivida
intensamente pela Ă³tima Emma Stone) e o ex-campeĂ£o Bobby
Riggs (onde Steve Carell me surpreende de novo, antes foi em Foxcatcher
- Uma HistĂ³ria que Chocou o Mundo) foi divulgada como A
Guerra dos Sexos e se tornou um dos eventos esportivos
televisionados mais vistos de todos os tempos, chegando a 90 milhões de
telespectadores em todo o mundo.
Juntos, Billie e Bobby
apresentaram um espetĂ¡culo cultural que ressoou muito alĂ©m da quadra de tĂªnis,
provocando discussões em quartos e salas de reuniões que continuam a reverberar
hoje. É um filme muito sensĂvel e conta com muita clareza como foi esse perĂodo
revolucionĂ¡rio da vida americana, mas que acaba se tornando explicativo demais
por conta da grande quantidade de diĂ¡logos que o roteiro de Simon
Beaufoy (Quem Quer Ser Um MilionĂ¡rio?) escreveu talvez esquecendo
que hoje em dia as pessoas fazem pesquisa quando se interessam por um
determinado assunto.
A direĂ§Ă£o do casal casado Jonathan Dayton e Valerie Faris (Pequena Miss Sunshine) dĂ¡ um
toque saboroso, até porque acredito que ambos dividiram os personagens para
dirigir separadamente por gĂªnero, dĂ¡ para notar certa linearidade nas
interpretações tanto dos homens quanto das mulheres de um elenco muito
competente onde estĂ£o Andrea Riseborough
(Animais Noturnos), Sarah
Silverman (Entre o Amor e a PaixĂ£o), Bill Pullman (Independence
Day), Alan Cumming (o Kurt Wagner de X-Men
2), Elizabeth Shue (a Julie Finlay da série CSI),
Austin
Stowell (Ponte
dos Espiões) e Natalie Morales (Wall Street: O Dinheiro Nunca
Dorme) entre outros que formam um cast de muito respeito.
A fotografia do sueco Linus
Sandgren (LA, LA, Land) Ă© tĂpica do nĂ³rdico, muito clara e com
alguns filtros que lembram os anos 70, mas na maior parte das vezes o sol Ă© o
aliado para fazer brilhar a tela. JĂ¡ a ediĂ§Ă£o da americana Pamela Martin (Pequena
Miss Sunshine) segue o ritmo do roteiro, vĂ¡rios planos e muito
texto, porĂ©m as partidas de tĂªnis sĂ£o mais agitadas e bem compostas no produto
final.
O orçamento de A
Guerra dos Sexos é baixo se comparado com outras produções, os US$
25 milhões colocados no filme geraram mais que um retorno financeiro apenas
razoĂ¡vel, o importante papel do cinema na histĂ³ria Ă© mostrar que em algum lugar
do passado as coisas eram menos democrĂ¡ticas que nos dias de hoje, serve de
alerta e aviso para refletir antes de dormir: as mulheres merecem todo o nosso
respeito e admiraĂ§Ă£o, afinal de contas, sĂ£o elas que geram tambĂ©m os homens.
Pense nisso!
Beijos & Queijos
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