O último mês do semestre mostrou uma ligeira melhora nos números, mas a indústria ainda sofre os efeitos da crise

Texto e fotos: Abimaq / Eduardo Abbas

O setor industrial brasileiro viu uma ligeira recuperação em alguns números que beiravam a negatividade, é um pequeno alívio diante da crise que insiste em não terminar, com isso o ano ainda deve fechar em queda e esse seria o 5º ano consecutivo.


As exportações continuam alavancando os índices para cima, sendo que a Argentina e o Paraguai são os responsáveis pelos números positivos da indústria brasileira, isso apesar da associação entender que o dólar no valor atual ainda é baixo, o ideal para a Abimaq é que ele girasse em torno de R$ 3,90. 

Acompanhe o resumo do desempenho e os números detalhados


Consumo aparente - R$ bilhões constantes*
Os dados de investimentos medidos pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos registraram crescimento em junho/17.
No mês, o crescimento de 5,0% somados aos 17,6% de maio/17 não foram suficientes para reverter a queda de 23,3% sofrida em abril/17.


Na comparação interanual, a queda de 44,2%, é a 12º queda consecutiva neste tipo de comparação e a mais intensa devido às importações ocorridas em junho/16 pela PECEM, no valor de US$800 milhões, que elevou fortemente a base de comparação.
Com estes resultados, no semestre, o consumo acumulou queda de 26,2%.

Receita líquida total - R$ bilhões constantes*
As vendas realizadas pela Indústria de Bens de Capital, cresceram 2,4% em junho/17. Na comparação interanual, a receita líquida voltou a apresentar resultado negativo (-2,5%) após interromper uma sequência de 25 quedas consecutivas em maio/17.


No ano o setor continua acumulando forte queda (-6,7%), puxada principalmente pela valorização do Real que influenciou cerca de 40% da receita direcionada ao mercado externo. No mercado interno o setor registrou ligeira estabilidade no 1º sem de 17.

Curva de comportamento - Receita Líquida – Média 2010 / 2013 vs 2016 e 2017
Em 2017 o setor manteve o comportamento sazonal, em níveis inferiores aos observados nos anos anteriores.Na ponta (jun/17), a receita de R$ 6 bilhões foi 43% menor do que  nos  meses  de  junho  no período pré-crise (2010-2013).


Este nível de faturamento nos leva a acreditar que o setor terá mais um ano de queda na sua receita.

Taxa de câmbio real - Variação % acumulada – base: 2005 = 100
O ganho proporcionado pelo efeito Trump no final de 2015 foi completamente devolvido pela apreciação do fim do ano passado e início deste.


A cotação atual tem sido influenciada basicamente pelo ambiente doméstico. Os acontecimentos recentes, entre eles, a aprovação no Senado da Reforma Trabalhista e o anúncio da condenação do ex-presidente da  República Luiz Inácio Lula da Silva trouxeram otimismo ao mercado e levou a cotação do dólar à casa dos R$ 3,15 em junho. Longe de um câmbio competitivo estimado em R$ 3,90.

Exportação - US$ bilhões FOB
Em junho/17 as exportações do setor registraram crescimento de 6,8% em relação ao mês de maio/17. No primeiro semestre a indústria de máquinas e equipamentos acumulou crescimento de 2,3% nas suas exportações.


A exportação de duas NCMs para o setor de óleo e gás nos Países Baixos, que somadas chegaram a US$ 80 milhões no mês de junho, explicou o desempenho deste mês. Sem essas exportações o resultado do mês seria queda de 4,5% e no semestre seria uma quase estabilidade (+0,3%).

Exportação por setores - Setores com sua participação no total
O crescimento em junho/17 foi sustentado pelas exportações realizadas pelo setor fabricante de componentes para a Indústria de Bens de Capital que registrou crescimento de 2,6%, em função da venda de Válvulas Industriais.


No semestre, quatro dos sete setores fabricantes de bens de capital registraram crescimento das vendas no mercado externo. Com destaque para o setor fabricante de Máquinas para Logística e Construção Civil (+24%) e Máquinas para Agricultura (+43%).

Exportação por destinos - US$ milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos são, pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa.


Observou-se, no semestre, um aumento das exportações para a América Latina, puxado principalmente pelo Mercosul que aumentou em 28,5% suas compras de máquinas no Brasil.

Importação - US$ bilhões FOB
As importações de Bens de Capital voltaram a registrar crescimento em junho/17 (+10%). Mas apesar da melhora, o valor importado ainda é um dos menores da sua média histórica mensal.


Na comparação interanual as importações recuaram 56,7%. É importante observar que mais da metade dessa queda se deve à base de comparação. Em junho de 2016 a Siderúrgica de PECEM trouxe da Coréia do Sul o equivalente a US$ 800 milhões em máquinas e equipamentos.

Importação por setores - Setores com sua participação no total
O crescimento das importações no mês de junho/17, foi observado na maioria dos segmentos compradores de máquinas e equipamentos. Com destaque para os setores de Infra-Estrutura e Indústria de Base (+35,1%) e Máquinas para Logística e Construção Civil (+36,3%).


No semestre, as importações realizadas pela Siderúrgica de PECEM, que elevaram a base de comparação, influenciaram para uma maior queda nos segmentos de Infra-Estrutura e Indústria de Base (-57,3%) e Máquinas para Logística e Construção Civil (-41,8%).

Principais origens das importações - Part. % no total importado (US$)
O destaque no mês de junho/17 é a perda de mais 0,5 p.p. de participação da Alemanha, que a descolou da curva da China. Até o mês de maio as duas curvas caminhavam praticamente juntas em função da importação de um forno de US$ 12 milhões pela indústria de alimentos ocorrida no mês de abril17.


Em peso, a Alemanha manteve a segunda colocação, seguida de perto pelos EUA. A China manteve a sua 1º colocação. As importações da Coréia do Sul voltaram aos níveis históricos ao redor de 2,5%.

NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada (%)
Carteira de pedidos – Em meses para o atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada, apresentou novo crescimento em junho e chegou a 70,9%. O Nível observado é 0,4% superior ao do mês de maio que era 70,6% e 6,8% superior ao mês de junho de 2016 (66,4%).


A carteira de pedidos, medida em meses, voltou a apontar retração (-5,6%) após o crescimento de 3,4% observado em maio, no semestre a carteira recuou 6,9% sobre o semestre anterior.

Pessoal ocupado - Em mil pessoas
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de junho/17 com 290,8 mil pessoas ocupadas, uma nova queda de 0,2% em relação ao mês imediatamente anterior. Na comparação interanual houve redução de 15,3 mil postos de trabalho, queda de 5,6%, a 42º queda consecutiva.


Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados quase 90 mil postos de trabalho no setor.