Com uma produção bem elaborada
abordando um tema já meio batido, esse filme surpreende na criatividade, é o
terror moderno
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: PlayArte Pictures
Quem tem mais idade deve se
lembrar da expressão “Filme B”,
aquelas produções destinadas a um público específico e que tratavam de temas
menos, digamos, nobres, que tinham como característica principal assustar a
platéia e gerar renda para seus realizadores. Na verdade era uma porta de
entrada para atores, diretores e técnicos que almejavam um dia estar entre as
estrelas do cinema mundial.
Um clássico exemplo é o filme O
Exterminador do Futuro, que surgiu nessas condições, elevou o
diretor James Cameron e Arnold Schwarzenegger ao topo da
lista, mudaram de B para A e hoje fazem parte a história do cinema do século
XX. Era aquela coisa de se investir no terror (nesse caso futurista) e ajudar
muitos casais a serem formados nas salas de cinema, claro, as garotas
assustadas sempre procuravam um “chega
mais” dos pretendentes com medo daquilo que viam na tela.
Hoje o terror vestiu uma roupa
nova, tem roteiros melhores e realização mais bem cuidada, se misturam aos
grandes lançamentos dividindo as salas de cinema no Brasil e no mundo, são
cultuados e quase sempre conseguem passar uma mensagem menos “fast food” como era normal acontecer
antigamente. Indo nessa linha, estreou nas salas brasileiras Dominação
(IM
Global, Blumhouse Productions, WWE Studios, Deep Underground Films, PlayArte
Pictures), uma realização dos mesmos produtores da série de TV Sobrenatural,
onde tem como principio a modernidade baseada em fatos científicos e
esotéricos.
O enredo não é muito diferente de
algumas coisas já vistas, no caso, o jovem Cameron (onde David Mazouz apesar da
idade já é um veterano em séries de TV e 4 longas) deixa sua jovem mãe solteira
Lindsay
(Carice
van Houten da série Games of Thrones e Operação
Valquíria) preocupada quando se isola em seu quarto escuro e começa
a falar línguas antigas, além de demonstrar sintomas de possessão demoníaca. O
Vaticano, então, recruta o cientista Dr. Seth Ember (Aaron Eckhart, Batman:
O Cavaleiro das Trevas, Sully) para extrair este
espírito maligno do rapaz, e que impulsionado por trágicos acontecimentos em
seu próprio passado, Ember se envolve em uma batalha
feroz com este poderoso espírito.
Não é um time formado de atores
inexperientes muito menos de realizadores sem currículo, o próprio diretor Brad
Peyton já assinou produções grandes como Viagem 2: A Ilha Misteriosa,
Terremoto:
A Falha de San Andreas e dá pra notar algumas sutilezas e
preocupação com a continuidade típicas de quem já foi comandante em
superproduções.
O roteiro de Ronnie Christensen (Passageiros)
é coerente e bem elaborado, mas o baixo orçamento de US$ 5 milhões fica
evidente na utilização de poucas locações, de um diretor de fotografia que
trabalhou mais em segunda unidade ou fotografia adicional e uma edição pouco
criativa feita por Todd E. Miller (Mercenários 2) e Jonathan
Chibnall (séries de TV), mas não deixam de serem interessantes as
soluções à moda antiga, com muita contraluz e pontos de corte bem perto da
ação, sem dar margem para um entendimento mais profundo, isso impacta com muita
força.
São 91 minutos de exibição que
marcam Dominação como uma ótima aula de se fazer bastante com
pouco, é uma dessas criações onde vale mais experimentar e impactar, é bem
resolvido e deixa um gosto de quero mais, é ideal para quem gosta de terror
moderno tem cara nova e soluções antigas, é cinema sem ser superprodução.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
Twitter: @borrachatv
Facebook: www.facebook.com/borrachatv
0 Comentários