A nova animação entrega tudo que promete: alegria, ação e emoção

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Disney • Pixar

Todos nós temos amigos que são assim ou nós mesmos já passamos por esse tipo de dificuldade na vida, é quando simplesmente esquecemos o que havíamos feito ou dito instantes atrás. Esse tipo de lapso de memória é conhecido com “memória de peixe”, uma alusão aos nossos queridos habitantes dos rios e mares que, simplesmente esquecem algo que acabaram de fazer.


Um bom exemplo acontece quando pescadores esportivos pegam o peixe, devolvem para a água e ele é novamente fisgado. O vertebrado aquático que é ectotérmico e possui corpo fusiforme, não lembra que, se morder novamente a isca será capturado. Foi usando essa característica dos peixes que a nova animação, que se trata na verdade de uma continuação, construiu a aventura dos mais queridos seres marinhos criados em computador.


Estreou esta semana no Brasil Procurando Dory (Pixar Animation Studios, Walt Disney Pictures) que é na verdade a continuação de Procurando Nemo e que demorou 13 anos para chegar às telas porque não é muito usual a Pixar fazer seqüências dos seus projetos por considerá-los únicos (e são!), as exceções eram Toy Story e Cars, mas agora outras continuações estão planejadas.


Nesta nova aventura, o peixinho azul e esquecido Dory vive alegremente nos recifes com Marlin e Nemo. Quando Dory repentinamente se lembra de que tem uma família em algum lugar e que podem estar procurando por ela, o trio parte para uma aventura que vai mudar suas vidas cruzando o oceano em direção ao prestigioso Instituto da Vida Marinha na Califórnia, um centro de reabilitação e aquário.


Em uma tentativa de encontrar sua mãe e seu pai, Dory conta com a ajuda de três dos residentes mais intrigantes: Hank, um polvo briguento, Bailey, uma baleia branca que está convencida que suas habilidades de ecolocalização e Destiny, um tubarão-baleia míope.


É uma produção com números gigantescos, incluindo o orçamento de US$ 200 milhões (mas já arrecadou mais de US$ 398 milhões!), 289.240.840 de quadros-chave de animação foram criados para o filme, 103.639 storyboards, tem 16.091 peixes nadando na exposição, 5.000 arraias participam da migração, 746 visitantes estão passeando no Instituto da Vida Marinha, 350 ventosas são encontradas no Hank (50 em cada um de seus tentáculos), 45 caules ativos foram adicionados a cada seção de algas na floresta submersa, só para citar alguns.


O diretor Andrew Stanton (Toy Story, Vida de Inseto, Procurando Nemo, Wall-E) apoiou-se em um roteiro da novata Victoria Strouse (Perversas Intenções, Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família) que procurou dar a nova aventura aquela mesma característica do primeiro filme. A técnica de animação é a mais colorida e próxima do pastelão possível, apesar de todos os avanços de informática, manter os personagens como se fossem em 2D ainda garante a originalidade da estória, neste ponto o acerto do diretor agradou demais os espectadores.


Tirando os heróis da aventura anterior, os novos que já fazem sucesso são Fluke e Rudder, uma dupla de leões marinhos preguiçosos que foram reabilitados no Instituto são responsáveis pelos momentos mais irônicos e engraçados do filme. O polvo Hank é um espetáculo à parte, suas ações lembram muito o Tom Cruise nos filmes Missão Impossível e a sutileza de seus diálogos e frases invariavelmente provocam risos na platéia, é o tal mal-humorado engraçado.


Em alguns momentos durante os 100 minutos da exibição, para os adultos torna-se meio cansativo, lógico, o filme é pensado mesmo para as crianças, que vibram demais em cada aparição dos personagens, principalmente a amada Dory. A dublagem brasileira tem um altíssimo padrão e em alguns casos fica difícil saber quem está fazendo o trabalho, até a Marilia Gabriela entra no filme e se apresenta como ela mesma, uma sacada mundial que já é tendência das animações da Disney desde Zootopia – Essa Cidade é o Bicho quando usaram o apresentador Ricardo Boechat fazendo seu próprio papel e que aproxima o espectador de elementos conhecidos do seu país e do dia-a-dia.


Procurando Dory tem todos os elementos para apaixonar as crianças e enlouquecer os adultos que vão precisar correr para as lojas de brinquedos e atualizar os heróis aquáticos, é um filme para se divertir em família, mas chegue cedo, não perca um lindo e bem executado curta-metragem que antecede o filme. Desta vez é a história de Piper, um filhote de maçarico-rasteirinho, que é fortíssimo candidato ao Oscar® de curta de animação, na sua luta para arrumar comida sem a ajuda da mãe. Imperdível!


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

Twitter: @borrachatv