A saga tem sua continuação, é o sétimo filme, agora com um ar mais humano, como foi o primeiro da série

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

Sabia que já são 40 anos do primeiro filme? Em 2016 Rocky, Um Lutador chega aos “enta” e dificilmente vai deixar de ser cultuado por quem gosta de cinema. A saga que levou Sylvester Stallone ao estrelato é o resultado de um homem que lutou por um sonho e acordou nos céus da fama.


Mas, o que tem esse ator mediano, de fala enrolada, com cara de comedor de macarrão, para durante tantos anos ainda estar arrastando multidões para o cinema? Provavelmente a criação de seu principal personagem seja o motivo, Rocky Balboa é ele mesmo, do seu jeito e com suas gags, é impossível para qualquer mortal imaginar outra pessoa interpretando esse papel, escrito e imaginado nos tempos de vacas magras, em qualquer filme da série.


O que não podemos tirar é o mérito que ele conseguiu alcançar nos últimos anos, a cada passagem pela Filadélfia sua idade aumenta e ele se torna cada vez mais um “tiozão”, seu personagem envelheceu junto com o ator e assumir isso é um grande diferencial no momento de se criar um novo filme.


Estréia na quinta-feira o 8º filme da saga, mas agora sem o Rocky no título, apenas no enredo. Creed, Nascido Para Lutar (Metro-Goldwyn-Mayer Pictures, New Line Cinema, Warner Bros. Pictures) é o que podemos chamar de “colocar as coisas no lugar” em uma série de vida tão longa. Adonis Johnson (muito bem interpretado por Michael B. Jordan, lembrado por Fruitvale Station: A Última Parada, Quarteto Fantástico) nunca conheceu seu famoso pai, o campeão mundial peso-pesado Apollo Creed (vivido nos quatro primeiros filmes por Carl Weathers) que morreu antes dele nascer.


Adonis, que passou a infância lutando, vai para Filadélfia para encontrar Rocky (Stallone) e pede para que ele seja seu treinador, mas será que ele pode desenvolver não somente o jeito, mas também o coração de um verdadeiro lutador? Com essa interrogação na cabeça, o excelente roteiro e a direção segura garantem 2 horas e 13 minutos de um drama muito bom!


O filme é dirigido e roteirizado pelo premiado Ryan Coogler (Fruitvale Station: A Última Parada) um diretor da nova geração do cinema americano e que surpreende neste que é seu segundo longa metragem. As cenas de lutas são fantásticas e muitíssimo bem coreografadas, dão a impressão de terem sido feitas em separado e foram editadas em um plano seqüência dos mais bem realizados e de concepção moderna.


A fotografia feita pela francesa Maryse Alberti (O Lutador, A Visita) é intimista e muito clara, tem seus tons em pastel em diversas situações onde a contraluz predomina no ambiente. Com isso, ela acaba criando uma enorme sinergia com os montadores Claudia Castello e Michael P. Shawver, parceiros do diretor em Fruitvale Station: A Última Parada, tornando o trabalho deles muito mais fácil.


Mas o que realmente empolga no filme são as atuações. O elenco foi muito bem escolhido, têm Tessa Thompson (Selma – Uma Luta pela Igualdade, Dear White People) como Bianca, Phylicia Rashad (Flores de Aço da Lifetime) como a viúva de Apollo, o boxeador inglês Anthony Bellew entre outros.


O que surpreende mesmo é a atuação de Sylvester Stallone, vencedor do premio Golden Globe® como ator coadjuvante no domingo, o primeiro da carreira e com méritos, que nas mãos de um diretor mais preocupado em contar a história do que fazer firulas diante da câmera consegue tirar muito do personagem que está com a carreira encerrada e quase no fim da vida.


Perto de completar 70 anos, o ator vive uma fase muito mais consistente na carreira. As pancadarias e matanças que eram sua marca registrada são apenas lembradas em filmes de diversão como Os Mercenários, já nessa seqüência do seu clássico, o fortão dá lugar ao homem emocional e que não está muito preocupado com a vida.


Rocky vive o ocaso do sucesso e tem em algumas de suas falas mais sérias o real sentido de continuar vivendo, ou não. Claro que existem as tiradas cômicas, muitas delas ligadas ao mundo moderno que vivemos, mas são nos atos de viver o pesadelo da solidão aliada a falta de alguém para apoiá-lo em sua luta, que o personagem demolidor se transforma no cidadão comum e solitário.


Na minha eterna busca por frases fortes, dentre as várias que são ditas durante o filme e que não vou revelar, uma é engraçada e faz um resumo perfeito da saga: “vocês são ótimos, cozinham muito bem, eu nunca na minha vida comi nada sem molho!”.


E é esse molho que Creed, Nascido Para Lutar, que custou US$ 35.000.000 e já faturou US$ 115.000.000 só nos Estados Unidos, leva para as telas e surpreende até os que nem gostam muito do americano descendente de italianos. É um filme para se assistir com a cabeça de quem passou a vida lutando, é adulto, forte, importante, envelheceu junto com todos os que acompanham sua jornada desde 1976 e que sempre vão esperar por um próximo, dentro ou fora do ringue.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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