Baseado em fatos reais, o filme
mostra a face mais terrĂvel da segregaĂ§Ă£o ideolĂ³gica e os herĂ³is que eram
bandidos
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: CalifĂ³rnia Filmes
A eterna briga do bem contra o
mal nĂ£o Ă© uma novidade nos dias de hoje, desde os tempos de Caim
e Abel,
o homem nĂ£o consegue realmente viver com as diferenças de pensamentos nem mesmo
as escolhas que cada um faz para sua vida.
Marginalizar uma pessoa sĂ³ porque
ela tem um pensamento diferente do seu, gosta de outro time, tem outra opĂ§Ă£o
sexual ou a cor de pele faz com que ela se destaque na multidĂ£o, Ă© um crime
contra a sociedade, contra os princĂpios bĂ¡sicos de viver em harmonia.
Esse tipo de atitude Ă© e sempre
serĂ¡ criminalizada, nĂ£o Ă© possĂvel aceitar uma posiĂ§Ă£o tĂ£o radical com quem tem
algo diferente de vocĂª, principalmente pelo fato que essa intolerĂ¢ncia acaba
arrastando para um mesmo buraco aqueles que vivem ao redor de quem sofre, sĂ£o
todos colocados no mesmo saco e jogados Ă margem da sociedade.
Estréia esta semana um filme que
mostra exatamente o quanto cruel pode ser uma ideologia montada sobre algum
tipo de ditadura que, por eventuais problemas futuros, escreveram uma das mais
negras pĂ¡ginas do cinema americano em sua existĂªncia. Trumbo :
A Lista Negra (ShivHans Pictures, Everyman
Pictures, California
Filmes ) é uma dessas lições que nunca vamos entender
porque tivemos que aprender, um perĂodo e uma situaĂ§Ă£o desnecessĂ¡ria que a
maior indĂºstria do entretenimento mostrou para o mundo.
O filme mostra a trajetĂ³ria sombria
da carreira do roteirista Dalton Trumbo, abalada no final dos
anos 1940 quando ele e outras personalidades de Hollywood sĂ£o incluĂdos numa
lista negra por suas crenças polĂticas. Depois de depor diante do ComitĂª de
InvestigaĂ§Ă£o de Atividades Antiamericanas do Senado Americano, ele Ă© preso e durante
os 13 anos seguintes os estĂºdios se recusaram a contratĂ¡-lo, um retrato sujo de
um capĂtulo convenientemente esquecido da histĂ³ria do cinema norte-americano.
O filme também mostra o lado
sombrio de atores como John Wayne e Edward G. Robinson, que
na verdade nĂ£o passavam de pelegos que se aproveitaram do momento de uma
maneira sĂ³rdida, diferentemente de como eram vistos nas telas.
O filme Ă© dirigido por Jay
Roach (Virada no Jogo, Entrando Numa Fria) de uma
forma correta e muito formal, nĂ£o existem grandes sacadas que mostram a mĂ£o,
pesada ou leve, do diretor, Ă© quase que uma interpretaĂ§Ă£o de texto orientada
onde na verdade os atores fazem a diferença pelos seus anos de estrada.
O elenco traz figuras importantĂssimas
do cenĂ¡rio atual, no papel titulo Bryan Cranston (Breaking Bad, Argo)
em uma Ă³tima representaĂ§Ă£o que lhe valeu a indicaĂ§Ă£o ao Oscar® de melhor ator,
muito bem acompanhado de Louis C. K. (Blue Jasmine, Trapaça),
a sempre linda e competente Elle Fanning (Malévola, Compramos
um ZoolĂ³gico), o gigante John Goodman (O Apostador, Argo)
e a insuperĂ¡vel e camaleĂ´nica Helen Mirren (A Rainha, A
Dama Dourada), um time de respeito meio perdido em situações de
cena em que alguns olhares substituiriam com muito mais impacto um texto
duramente decorado.
O roteiro Ă© assinado por John
Mcnamara (Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman, O
Fugitivo) que teve sua carreira ligada a sĂ©ries de televisĂ£o e faz
sua estréia no cinema. Na verdade é um contrassenso o que aconteceu neste longa
metragem, a histĂ³ria de um dos maiores roteirista do cinema Ă© contada por um
completo novato, que ainda Ă© um dos produtores do filme, acabou tornando-se um
carrossel de frases e situações que, perto das mais de duas horas de exibiĂ§Ă£o, dĂ£o
a impressĂ£o que tiveram de ser reduzidas e finalizadas drasticamente, perdendo
muito o contexto geral.
Se olharmos diferentemente, o
filme deveria ter quase 3 horas, algo como os dramas que a famĂlia sofre sĂ£o
pouco explorados, o que, aliĂ¡s, deveria ser o ponto chave, os senhores que
penalizaram Trumbo esqueceram os dependentes que ele representava, da
vergonha que sua mulher, seus filhos, parentes e amigos passaram durante os
anos e as conseqĂ¼Ăªncias fatais que essas atitudes ocasionaram.
NĂ£o Ă© um filme genial, trata-se
de uma histĂ³ria bem contada pelos atores que dela participam, acredito que a
maioria quis estar presente neste longa por conta da injustiça feita com um dos
roteiristas mais geniais de todos os tempos.
Trumbo: A Lista Negra
Ă© uma aula de histĂ³ria, uma liĂ§Ă£o para os preconceituosos e aqueles que se
acham o centro do universo, Ă© principalmente um recado para aqueles que se
fixam em um elemento e esquecem quem estĂ¡ prĂ³ximo ou dele depende, e uma frase
de uma situaĂ§Ă£o chama a atenĂ§Ă£o, em certo momento Trumbo
se dĂ¡ conta que, seus filhos nem poderiam dizer na escola o que o pai deles
faz: Os meus filhos nunca puderam dizer qual
era a profissĂ£o do pai, para os amigos eu era conhecido como o homem sem trabalho.
TĂ¡ certo isso?
A gente se encontra na semana que vĂªm!
Beijos & queijos
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