A nova animação da Disney surpreende por seus personagens e seu profundo entendimento da psique

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Disney Pixar

Esqueça tudo que você já viu sobre desenhos animados com temas adultos, a Disney Pixar atingiu, pelo menos por enquanto, o ponto mais alto em uma produção voltada a pais e filhos. Desde que vi o sensacional UP! Altas Aventuras, não que duvidasse do gênio criativo do ser humano, mas achava que demoraria um pouco mais encontrar uma fórmula tão profunda para ser retratada em uma animação.


Ledo engano, os produtores e roteiristas se superam a cada dia, mergulham de cabeça em temas complexos e os transformam na mais perfeita tradução, seja qual for a idade, tudo é facilmente entendido. Isso se chama talento, coisa que pouca gente tem e que surpreende a todos.


Em Divertida Mente (Walt Disney Pictures, Pixar Animation Studios) a cabeça de uma criança é o ponto de partida para uma aventura insólita dos elementos que compõem a vida. A mistura das mais diversas situações, observadas pelos olhares atentos dos discípulos de Freud, misturados com o entendimento oriental do corpo e da mente, transformam essa animação, complexa na elaboração, mas simples na apresentação, em um grande concorrente ao Oscar® de 2016. O filme já estreou no Brasil em 2D e 3D.


Todos nós sabemos que crescer é uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza, na verdade, é uma grande sacada, elas representam os 5 elementos da natureza no pentagrama da acupuntura: Terra, Água, Fogo, Metal e Madeira.


As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.


Claro que essas são apenas noções do que acontece durante os pouco mais de 90 minutos de exibição e se deve muito do sucesso que este filme vai alcançar graças ao seu diretor Pete Docter (UP! Altas Aventuras, Monstros S.A., Wall-E) e ao produtor Jonas Rivera (UP! Altas Aventuras, Carros). Docter, que também assina o roteiro, tirou a idéia desta aventura observando sua filha Elie enquanto ela crescia e se transformava.


Daí para o salto de genialidade foi um passo, a sensibilidade de um pai em entender profundamente como a cabeça da criança funciona, é uma aula a outros pais mundo afora.


A animação tem cores lindas, são fortes porém primárias, elas evoluem para uma aquarela multicolorida de acordo com o crescimento a menina. Uma das cenas mais impressionantes é quando os paradigmas são quebrados, a ausência de cor representa fortemente o fim de um ciclo que foi superado.


As visões subjetivas da sala de controle têm conotações fortes, ações e reações são impressas nos rostos dos personagens com uma enorme competência e sensibilidade, é realmente o que vemos, nos outros, sempre com nossas respostas e atitudes.


O filme que custou US$ 175.000.000 já faturou em seu primeiro fim de semana mais de US$ 132.000.000 no mundo, e parte alegre e faceiro para ser um dos maiores acertos da Disney em 2015.


Não subestime a qualidade nem a capacidade destes realizadores, eles sabem exatamente quando fazer rir, chorar, se emocionar e se amedrontar, não têm meio termo, é desenho pra criança e gente grande.


Divertida Mente é até agora a melhor animação do ano, claro que imperdível para qualquer idade, obrigatório ser assistido com a família toda e resume em seu tempo de exibição vários anos de faculdade e convivência entre os seres humanos. Perder será o maior pecado, afinal de contas, alguém sabe o que se passa na cabeça dos outros? Este filme pode te dar uma excelente idéia.


Mas chegue cedo ao cinema, antes tem um maravilhoso curta chamado Lava, é uma história de amor na vida de um vulcão solteirão. Já dá pra começar a se emocionar por aí.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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