O campeonato começou e os
protagonistas continuam os mesmos, mas podemos ter algumas surpresas com Felipe
Nasr
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: F1.com
NĂ£o foi o inĂcio dos sonhos dos
organizadores, com 15 carros no grid e apenas 11 terminando a corrida, dĂ¡ a
impressĂ£o que a maior categoria do automobilismo mundial começa a saltar na
prancha para dar um mergulho em direĂ§Ă£o ao fracasso. Essa coisa de se limitar
tudo, de encarecer, nĂ£o dar chance a equipes menores e nĂ£o querer abrir espaços
para talentos acaba por ocasionar cenas ridĂculas como as que aconteceram na
AustrĂ¡lia.
Como eu jĂ¡ disse em outras
colunas, limitar tecnologia Ă© um enorme atraso de vida. Em minha opiniĂ£o, tem
que se liberar o maior nĂºmero de carros para correr, liberar fornecedoras de
pneus e motores, liberar a eletrĂ´nica e diminuir o custo das equipes. Tudo
isso, antigamente, fazia da categoria o laboratĂ³rio das montadoras, hoje quem
faz esse trabalho Ă© a WEC, que nĂ£o tem essas frescuras e se torna, a cada dia
que passa, mais emocionante e competitiva.
Indo diretamente ao ponto, a
corrida nĂ£o foi lĂ¡ essas coisas de se tirar o sono, com meia dĂºzia de baratas
correndo, sendo que metade delas com condições de fazer um bom resultado, o que
deu para sentir Ă© que a Mercedes e Hamilton jĂ¡ partem para a contagem
regressiva do tĂtulo deste ano. Foi a primeira de vĂ¡rias dobradinhas que irĂ£o
acontecer durante o campeonato, a Ferrari deu um salto de qualidade nos carros
e motores e o estreante Felipe Nars fez o que sua vontade de mostrar serviço
indicava desde os testes de inverno.
AliĂ¡s, o Felipe Ă© um desses caras
que podemos e devemos torcer, nunca vai se entregar nem vai se deixar subjugar
ao companheiro de equipe. Isso tem muito da educaĂ§Ă£o e formaĂ§Ă£o pela qual ele
passou, vĂªm de uma famĂlia de descendentes de imigrantes do oriente mĂ©dio, onde
Ă© preciso matar um leĂ£o por dia para sobreviver. Ganhou 5 posições na corrida e
levou a Sauber para muito perto do pĂ³dio, coisa impensada desde o ano passado.
Claro que nem todas as corridas serĂ£o assim, digamos, fĂ¡ceis, alguns carros que
ficaram fora certamente estariam Ă sua frente, salvo problemas de desempenho,
mas acredito que o menino do planalto central deve estar brigando sempre entre
a 7ª e 8ª posições. Se ele repetir nessa fase caça-nĂqueis mais algumas vezes
esse espetacular desempenho e garra, provavelmente quando vier a fase européia
seu futuro como piloto pode ser outro.
Agora, tirando o Vettel, o resto
foi resto. NĂ£o fizeram nada de diferente, muito menos devem entrar para a histĂ³ria
por algum tipo de aĂ§Ă£o ou atitude, trata-se na verdade de um bando de
conformados que pensam como derrotados: se deu, deu, se nĂ£o deu, nĂ£o desse.
Isso que me deixa emputecido com a categoria, ninguém tem mais sangue nos
olhos, sĂ³ quando uma ameaça de ficar o ano seguinte vendo a corrida pela
televisĂ£o faz com que os elementos procurem mostrar algum serviço.
Vou ficando por aqui, na semana
que vĂªm eu volto para continuar falando de FĂ³rmula 1, que vive hoje a incerteza
do que serĂ¡ de Fernando Alonso, o espanhol estĂ¡ estranhamente quieto para quem
tem a lĂngua maior do que o corpo, com certeza existe uma ameaça sĂ©ria na
continuidade da carreira dele.
Beijos & queijos
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