Vale-Transporte & Bilhetagem Eletrônica: o futuro se tornou presente

Texto e fotos: Benefício Certo

Instituído por uma lei de 1985, o Vale-Transporte logo se tornou, juntamente com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (1943), como uma das maiores vitórias do trabalhador brasileiro. Pela norma, os funcionários com registro em carteira assinada devem ter seus deslocamentos de casa ao trabalho e vice-versa subsidiados pelos empregadores ao custo máximo de 6% de seus vencimentos mensais. Já a emissão e comercialização ficam a cargo do poder público (secretarias ou autarquias de transporte) ou de sindicatos e empresas operadoras.
Se o modelo de subsídio segue o mesmo há quase três décadas, o mesmo não se pode dizer do formato em que o benefício é concedido. Enquanto no começo era emitido na forma de bilhetes simples ou múltiplos, talões, cartelas e fichas, o surgimento da tecnologia de bilhetagem eletrônica permitiu que o velho vale-transporte passasse a ser concedido como um único cartão. O ponto de virada ocorreu em 2004, com o lançamento do maior projeto de bilhetagem eletrônica do país – e um dos maiores do mundo – o Bilhete Único, no município de São Paulo.

Celso Campello Neto é professor da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), especialista em Gestão de Projetos e Inteligência de Mercado e CEO da Benefício Certo, empresa brasileira de gestão de benefícios aos trabalhadores
As vantagens desse formato são notórias. A nova tecnologia permitiu as integrações tarifária e temporal, que torna possível realizar várias viagens por uma única rede de transportes ou mesmo entre redes distintas, como ônibus e metrô, pagando apenas uma passagem ou com valores reduzidos entre os trechos utilizados. A tecnologia ainda eliminou por completo o mercado clandestino de vendas de bilhetes, pois com o cartão tornou-se impossível a troca dos vales por dinheiro, bem como eventuais falsificações. Além disso, trouxe mais segurança, uma vez que reduziu a quantidade de valores que circulavam nos veículos, inibindo o número de assaltos.
Sob a ótica dos operadores, os sistemas de bilhetagem geram indicadores para uma melhor administração da rede de transportes, identificando necessidades de otimização da quantidade de veículos em linhas e horários específicos, garantindo melhores níveis de serviços e satisfação aos usuários.
Hoje, a bilhetagem eletrônica se tornou realidade em praticamente todas as regiões metropolitanas do Brasil, trazendo um considerável avanço nas políticas de gestão do transporte público, bem como na satisfação do público em geral. A nova tecnologia também permitiu que o velho Vale-Transporte, responsável por mais de 50% da arrecadação dos sistemas de transporte no Brasil, se tornasse mais utilizado, forte, seguro e consistente, consolidando-se como um fator decisivo de inclusão social do trabalhador.