Uma entrevista com trĂªs sĂ­mbolos do automobilismo brasileiro: Emerson Fittipaldi, Bruno Senna e Felipe Nasr

Texto e fotos: Eduardo Abbas

NĂ£o foi uma tarefa fĂ¡cil, mas consegui ouvir nas Ăºltimas duas semanas trĂªs representantes do automobilismo nacional que fazem sucesso no exterior. No caso do Emerson, seu neto Pietro Ă© o atual campeĂ£o da FĂ³rmula Renault Inglesa, e talento tĂªm de sobra, para se ter uma idĂ©ia, em 13 corridas ele conquistou 10 vitorias!


Eduardo Abbas – Emerson, fiquei sabendo que o Pietro foi convidado para participar da academia da Ferrari, podemos esperar um novo brasileiro nos carros vermelhos?
Emerson Fittipaldi – VocĂª viu isso? O moleque Ă© muito bom, tem todas as chances de se dar bem na carreira, Ă© um piloto focado, centrado e muito rĂ¡pido, claro que estou orgulhoso, mas temos um longo caminho a percorrer, quem sabe ele fica na Ferrari, pode ser daqui a 4 anos ou, sei lĂ¡, quem sabe?
EA- Como vocĂª vĂª essa coisa do nome Fittipaldi novamente despontando no automobilismo mundial?
EF – É muito bom ter representante de peso no automobilismo, vou dar meu apoio sempre que ele precisar, claro que a meta Ă© a FĂ³rmula 1, mas precisamos fazer a liĂ§Ă£o de casa, temos que chegar preparados.


EA – Parece que nĂ£o Ă© sĂ³ ele nĂ©?
EF – Pois Ă©, eu estou aqui em Campinas e o Emminho tĂ¡ correndo lĂ¡ na Granja Viana, na primeira bateria ele ficou em terceiro, assim que terminar o evento das 6 horas de Interlagos, vou de helicĂ³ptero pra lĂ¡ assistir a segunda bateria.
Emerson estĂ¡ promovendo o evento LE MANS 6 HORAS DE SĂƒO PAULO 2014, que acontece de 28 a 30 de novembro. Claro que os olhos do campeĂ£o se enchem de alegria ao falar do evento.


EF – SĂ£o maravilhosos esses carros, a velocidade de final deles Ă© impressionante, a tecnologia embarcada Ă© o que existe de mais moderno em recuperaĂ§Ă£o de energia, a corrida vai proporcionar ao pĂºblico um grande espetĂ¡culo, acho que vĂ£o quebrar o recorde de velocidade do ano passado, principalmente pela melhora do asfalto. É um evento de primeiro mundo no Brasil.


Quem tambĂ©m estĂ¡ sentado em um carro de tecnologia de ponta Ă© Bruno Senna. Ele corre pela FĂ³rmula E, com um carro elĂ©trico e nas ruas das cidades que sediam as etapas.


Eduardo Abbas – Quanto tempo hein?
Bruno Senna – Faz um tempinho nĂ©?
EA – Agora vocĂª estĂ¡ em uma categoria boa agora nĂ©?
BS – Com certeza, com o endurance eu estava indo muito bem no ano passado, nĂ£o dĂ¡ pra reclamar, mas sempre me fez falta monoposto, entĂ£o a FĂ³rmula E tĂ¡ me dando um interesse legal, Ă© muito competitiva, agora precisamos sĂ³ arredondar as coisas, assim que der um pouquinho de tempo o nosso carro vai pra frente.
EA – Eu jĂ¡ dirigi vĂ¡rios carros elĂ©tricos, hĂ­bridos, etc... nĂ£o tem referencia de barulho, como Ă© isso pra quem viveu com aquele ronco na orelha a vida inteira?
BS – É Ă³timo, vocĂª nĂ£o sai com dor de cabeça da corrida (risos), a grande dificuldade Ă© quando vocĂª estĂ¡ acima da terceira marcha, o barulho do vento fica mais alto que o barulho do motor elĂ©trico. Pra subir marcha tem a luz do painel, mas na hora de reduzir a marcha Ă© o que complica, quando vĂªm de quinta pra quarta, por exemplo, a reduĂ§Ă£o Ă© muito suave, e eu nĂ£o sei se reduziu ou nĂ£o, tenho que olhar no painel, mas se vocĂª entra em uma curva a 210 km/h, vocĂª nĂ£o quer olhar no painel pra ver se a marcha entrou ou nĂ£o, essas coisas sĂ£o mais complicadas, mas assim que se entra no ritmo nĂ£o tĂªm muito pepino.


EA – O carro tem diferença de arrancada, tem diferença de saĂ­da de curva?
BS – O carro da FĂ³rmula E vai de 0 a 100 em 2.5 segundos, igual a um FĂ³rmula 1 e com 1/3 da potencia, entĂ£o mostra que o motor elĂ©trico Ă© muito Ă¡gil, muito pratico, o que falta Ă© ter uma bateria com maior durabilidade e que se recarregue mais rĂ¡pido. É uma tecnologia que vai fazer as pessoas pensarem, por que comprar um carro Ă  gasolina se posso ter um elĂ©trico, no momento Ă© ao contrario, mas assim que a tecnologia tiver essa evoluĂ§Ă£o nĂ£o vai existir razĂ£o pra se comprar um carro para poluir mais.
EA – Todo mundo reclamou esse ano do barulho da FĂ³rmula 1, carro elĂ©trico nĂ£o tem barulho, e aĂ­?
BS – É outra proposta, uma das coisas que se percebe Ă© que o publico da FĂ³rmula 1 Ă© um publico mais velho, os jovens nĂ£o assistem tanto a F1, tem uma galera que sente falta do barulho, mas vĂ£o acabar se acostumando. É outra proposta, na f1 as pessoas se deslocam pra ver a corrida em autĂ³dromos, a FĂ³rmula E os carros correm nas cidades, quem esta passando pĂ¡ra pra ver, isso Ă© uma grande diferença de publico e faixa etĂ¡ria que assiste.
EA – O que podemos esperar do Bruno?
BS – Olha, se tudo continuar como estava, da pra ganhar umas corridas e brigar pelo campeonato.
Quem tambĂ©m começa uma briga para ganhar algumas corridas Ă© Felipe Nasr. O brasiliense assinou com a equipe Sauber para ser titular em 2015. Por enquanto Felipe ainda tem contrato com a Williams atĂ© o fim do ano, mas a espera para andar em de FĂ³rmula 1 como piloto principal Ă© grande.


Eduardo Abbas – Felipe, finalmente hein?
Felipe Nasr – Finalmente chegou o momento que eu sempre sonhei, nĂ£o sĂ³ eu mais minha famĂ­lia, a gente trabalhou muito pra isso, vocĂª sabe da histĂ³ria nĂ©? Eu cresci no meio do automobilismo, mas a vontade veio de mim, de encarar essa vida profissional, entĂ£o fico muito feliz mesmo, com todo trabalho que deu certo. Fiz muito sacrifĂ­cio, abri mĂ£o de muita coisa, fiquei longe de casa aos 16 pra ir morar na Europa, entĂ£o sĂ³ tenho que agradecer a eles pela oportunidade e todo o apoio que me deram nesses anos. Pra mim, a famĂ­lia Ă© uma coisa importantĂ­ssima, a base de tudo, entĂ£o tĂ´ preparado, 100% preparado e nĂ£o vejo a hora aĂ­ de começar os trabalhos com a Sauber.


EA – VocĂª cresceu e virou homem, deixou de ser aquele garoto que conheci nos boxes da equipe de seu pai e tios e foi embora viver sozinho na Europa, Ă© bravo nĂ©?
FN – É bem difĂ­cil, foi muito mais difĂ­cil no começo, com 16 anos fui pra ItĂ¡lia, nĂ£o conhecia a lĂ­ngua, nĂ£o conhecia pessoas, eu fiquei muito prĂ³ximo da equipe entĂ£o, simplesmente convivia com eles, almoçava, jantava, pegava carro, viajava pras corridas com eles, tudo isso me ajudou para a maturidade chegar mais rĂ¡pido, a experiĂªncia que a famĂ­lia me passou, muita instruĂ§Ă£o deles desde a parte tĂ©cnica, tratamento com pessoas, tudo que eu tenho hoje devo a eles, e ao meu empresĂ¡rio, o Steve Robertson, que estĂ¡ comigo desde 2009, o cara que investiu na minha carreira, acreditou nessa aposta, e hoje estamos juntos na FĂ³rmula 1!


EA – Ainda bem que vocĂª Ă© esperança atĂ© pela sua criaĂ§Ă£o, agora, aonde o Felipe Nasr quer chegar, tĂ¡ dando o primeiro passo na Sauber pra depois pensar em coisas maiores?
FN – A FĂ³rmula 1 hoje Ă© muito tĂ©cnica, a diferença entre equipes de investimento ainda Ă© grande, entĂ£o, claro que seria Ă³timo, imagina uma Sauber no pĂ³dio, nĂ£o sei no ano que vem, mas daqui a dois anos, claro, teu tenho que pensar alto, tenho que pensar grande, mas ao mesmo tempo com o pĂ© no chĂ£o, acreditando que eu vou ter dificuldades pela frente, tem muito desenvolvimento, tem muita coisa pra eu aprender, nĂ£o conheço todas as pistas da temporada, tenho que me dar bem com a equipe, tenho que criar um relacionamento com eles, entĂ£o, eu me imagino em curto prazo, fazendo o meu melhor, ter todo esse aprendizado e a longo prazo, tomara que tenha um trabalho legal na Sauber e daĂ­ pular para uma equipe maior e buscar os meus objetivos, quem sabe um dia ser campeĂ£o do mundo.


É com esse pensamento que o Felipe vai estar esse fim de semana acompanhando, em Abu Dhabi, o encerramento da temporada. Claro que vou torcer por ele, claro que Ă© o piloto brasileiro com chance de chegar lĂ¡, começou bem, aprendeu as lições dos Nasr, tem tudo para dar alegria aos brasileiros. Eu volto na terça-feira para falar do campeĂ£o de 2014.

A gente se encontra na semana que vĂªm!

Beijos & queijos

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