A natureza desafia a naĂ§Ă£o com o maior poder de controle sobre os outros povos e culturas

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros.

NĂ£o adianta, por mais que os americanos queiram, a natureza dĂ¡ sempre um baile nos habitantes da AmĂ©rica do Norte. E por mais que estudem e se especializem, os tornados serĂ£o sempre os “craques” que vĂ£o dar “olĂ©” nas estatĂ­sticas e previsões, muitas delas certeiras, outras, furadĂ­ssimas.


Como a natureza nĂ£o costuma levar desaforo pra casa, as conseqĂ¼Ăªncias geralmente sĂ£o catastrĂ³ficas, os prejuĂ­zos materiais e de vidas sempre tem nĂºmeros elevados, Ă© uma guerra sem tiros, Ă© uma completa impotĂªncia da maior potĂªncia diante da força dos ventos em conjunto com as Ă¡guas. Como se pode combater um inimigo que nĂ£o se consegue ver nem segurar com as mĂ£os? E tem mais um complicador no caso dos tornados, eles se formam de repente em um lugar qualquer, saem correndo e desaparecem na mesma velocidade em que surgem. Ă€s vezes, nem dĂ¡ tempo de avisar o vizinho que o vento vem aĂ­!


Mesmo assim existem aqueles que correm atrĂ¡s para descobrir onde serĂ¡ o prĂ³ximo evento, onde os estudos, que Ă s vezes dĂ£o algum resultado, levam os “caçadores” Ă  fama ou Ă  morte, Ă© muito rĂ¡pido, do sucesso ao fracasso sem escalas. Vendo por esse viĂ©s perturbador de um inimigo pra lĂ¡ de oculto, estrĂ©ia quinta-feira nos cinemas brasileiros No Olho do Tornado (New Line Cinema, Village Roadshow Pictures, Broken Road, Warner Bros.), um filme com caracterĂ­sticas de documentĂ¡rio, uma quase homenagem aos caçadores de tempestades mostrando o quanto sĂ£o ousados e arriscam a vida por uma imagem que talvez venha a valer milhões.


O filme, num todo, Ă© bem dirigido por Steven Quale (que ficou conhecido por PremoniĂ§Ă£o 5), que soube criar um clima real de catĂ¡strofe vivida pelos personagens utilizando-se muito bem das novas tĂ©cnicas de efeitos visuais. Na verdade, os tornados sĂ£o os personagens principais e os vilões da histĂ³ria, atĂ© porque os de carne e osso lembram muito as escalações para as novelas Ă¡gua com aĂ§Ăºcar das 6 da tarde. NĂ£o existe no roteiro uma grande inovaĂ§Ă£o de personagens, sĂ£o todos passivos e tentam a todo custo sobreviver pela hecatombe que estĂ£o passando.


É um relato simples, ao longo de um Ăºnico dia, a cidade de Silverton Ă© devastada por um ataque sem precedentes de tornados. A cidade inteira estĂ¡ Ă  mercĂª dos errĂ¡ticos e mortais ciclones, enquanto os caçadores de tempestades prevĂªem que o pior ainda estĂ¡ por vir. A maioria das pessoas procura abrigo, enquanto outros correm em direĂ§Ă£o ao vĂ³rtice, vendo atĂ© que ponto um caçador de tempestades irĂ¡ para aproveitar aquela oportunidade Ăºnica, Ă© a mĂ£e Natureza em seu comportamento mais extremo.


O elenco nĂ£o tem grandes estrelas, a começar por Richard Armitage (que esteve nos dois O Hobbit: Uma Jornada Inesperada e A DesolaĂ§Ă£o de Smaug), Sarah Wayne Callies (da sĂ©rie de TV The Walking Dead), Matt Walsh (conhecido por Ted), Alycia Debnam-Carey (lembrada por Where the Devil Hides), Arlen Escarpeta (que trabalhou com o diretor em PremoniĂ§Ă£o 5), Nathan Kress (do programa de TV iCarly), Jon Reep (Madrugada Muito Louca 2) e Jeremy Sumpter (do correto Soul Surfer – Coragem de Viver).


As atuações dos personagens sĂ£o coerentes, o que realmente se sobressai no filme sĂ£o os efeitos especiais, espetacularmente realizados e a sensacional ediĂ§Ă£o de som. Segundo os produtores, os Ă¡udios dos furacões sĂ£o reais, captados por caçadores e dĂ£o ao espectador a sensaĂ§Ă£o de estar no meio da tempestade.


Na verdade esse Ă© um filme com caracterĂ­sticas peculiares, a começar com o orçamento considerado baixo (US$ 50.000.000) para um longa dessa categoria e para os padrões de Hollywood. Outra, Ă© que deve ser assistido de preferĂªncia em salas com a tecnologia 4DX, uma nova forma de se sentir o filme, isso porque as cĂ³pias sĂ£o em 2D, o que reforça a sensaĂ§Ă£o de documentĂ¡rio, e, por fim, Ă© curto no tempo de exibiĂ§Ă£o (90 minutos), mas deixa a impressĂ£o de se tratar de mais de duas horas.


No Olho do Tornado Ă© obrigatĂ³rio para quem curte filmes catĂ¡strofe e bons efeitos, tem que ser assistido por um pĂºblico mais adulto e vai entrar para o seleto grupo daquelas pelĂ­culas que deixam a mensagem “Puxa, como a natureza Ă© incontrolĂ¡vel...”.

A gente se encontra na semana que vem!

Beijos & queijos

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