Uma comédia séria, com um cast
maravilhoso, faz desse filme um clĂ¡ssico dos tempos atuais
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Fox
Uma das coisas mais difĂceis no
cinema atual Ă© unir um grande elenco para se realizar um filme, ainda mais se
for uma comĂ©dia meio nonsense, com cara de pastelĂ£o do inĂcio do sĂ©culo 20.
Talvez, mais difĂcil que isso, seja juntar todos esses elementos em pouco mais
de 90 minutos de exibiĂ§Ă£o em que algumas histĂ³rias do escritor Stefan
Zweig, um austrĂaco-britĂ¢nico que morreu no Rio de Janeiro, teve
durante os quarenta anos em que se manteve trabalhando.
Da cabeça do diretor, roteirista,
adaptador e produtor Wes Anderson surgiu O GRANDE HOTEL BUDAPESTE (Fox
Searchlight Pictures, Indian Paintbrush, Studio
Babelsberg, American Empirical Picture, Fox) escrito em parceria
com o escritor inglĂªs Hugo Guinness, um filme que conta as
aventuras de Gustave H
(vivido magistralmente pelo sempre excelente Ralph Fiennes), um
lendĂ¡rio concierge de um famoso hotel europeu durante o perĂodo entre a
1ª e a 2ª Guerra Mundial, e Zero Moustafa (vivido na juventude
por Tony
Revolori, e o jĂ¡ senhor Zero tem F. Murray Abraham no
papel), o mensageiro que se torna o amigo e em quem ele mais confia.
A histĂ³ria
tem um roubo e o resgate de um quadro da Renascença de valor inestimĂ¡vel, uma
batalha encarniçada pela imensa fortuna de uma famĂlia e a delicada construĂ§Ă£o
de um caso de amor. Tudo isso tendo como pano de fundo um continente em mudança
dramĂ¡tica e repentina.
O filme tem cenĂ¡rios fĂsicos
maravilhosos, lembram muito as obras de Vincent Van Gogh pela força das suas
cores. Os trilhos para os traveling´s e a sempre eficiente steadycam, foram
usadas e abusadas pelo diretor de fotografia Robert Yeoman, que jĂ¡
trabalhou com o diretor em outras produções.
As cores na tela surpreendem, isso
se deve muito ao trabalho da figurinista Milena Canonero, trĂªs vezes
ganhadora do Oscar® (As MemĂ³rias de Barry Lyndon, Carruagens
de fogo e Maria Antonieta) que em um
trabalho muito complexo, segundo ela baseado em obras do pintor austrĂaco Gustav
Klimt, cujos quadros foram parte da inspiraĂ§Ă£o para o conceito visual
de Madame
D (vivida por Tilda Swinton, mais conhecida pela
sua interpretaĂ§Ă£o do Anjo Gabriel em Constantine) e um
guarda-roupa que dĂ¡ vida a todos os demais personagens sem tirar deles a
originalidade e as expressões que sĂ£o necessĂ¡rias em segmentos caricatos, Ă©
quase que como o traço da pintura.
A histĂ³ria Ă© realmente
sensacional, trata-se de um grande quebra-cabeça que o diretor completa com
situações e ações sempre bem humoradas e realizadas com muita competĂªncia.
No
elenco ainda tem: Adrien Brody, Mathieu Amalric,
Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude
Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan,
Jason Schwartzman, LĂ©a Seydoux, Tom Wilkinson e Owen
Wilson, cada um com uma participaĂ§Ă£o, Ă s vezes curta, outras maiores,
alguns sĂ£o quase bicos, mas todos importantes na trama, cada qual no seu
quadrado formando uma grande e agradĂ¡vel produĂ§Ă£o.
A trilha sonora de Alexandre
Desplat (que assina também O Curioso Caso de Benjamin Button
e Harry
Potter e as RelĂquias da Morte – Parte 2) Ă© firme, necessĂ¡ria e
muito competente, pontua com grande competĂªncia os momentos animados e torna-se
singela em situações mais sentimentais.
O grande hotel Budapeste
Ă© um filme Ăºnico, que nĂ£o cabem continuaĂ§Ă£o nem situações posteriores, deve ser
apreciado como um bom charuto cubano ou um conhaque francĂªs do sĂ©culo passado,
Ă© como se ter uma sensaĂ§Ă£o Ăºnica de prazer enquanto se degusta algo feito com
muito cuidado, algo para marcar seus olhos, para sempre.
A gente se encontra na semana que vĂªm!
Beijos & queijos
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