Uma histĂ³ria de amor e submissĂ£o daquela que foi a precursora da maior revoluĂ§Ă£o sexual do sĂ©culo 20, Linda Lovelace foi, com toda certeza o maior objeto de desejos dos garotos dos anos 70

Texto: Eduardo Abbas

As vezes os grandes revolucionĂ¡rios nĂ£o passam de pessoas simples e que, por algum motivo em suas vidas, passaram a encarĂ¡-la de outra maneira, desencadeando a novidade e revolucionando conceitos atĂ© entĂ£o adormecidos. É o chamado “despertar da fera interior”, quando fazemos coisas que julgĂ¡vamos impossĂ­veis de serem feitas e muito menos aceitĂ¡veis para os nossos padrões de vida.

Amanda Seyfried e Peter Sarsgaard

Fazer um filme sobre a que Ă© considerada uma das maiores atrizes do pornĂ´ mundial tem, alĂ©m Ă© claro de coragem, uma pitada de ousadia com seus personagens. O filme LOVELACE (Millennium/Paris Filmes) trata da vida mais que tumultuada da personagem simples e pacata que, do dia para a noite, se transformou na rainha do cinema pornĂ´. 

Amanda Seyfried e James Franco

O destaque dessa produĂ§Ă£o de US$ 10.000.000, que mostra o outro lado de Linda Lovelace, sĂ£o os atores. Amanda Seyfried, que vive a personagem tĂ­tulo Ă© uma excelente escolha dos produtores, seu ar angelical dĂ¡ mais dramaticidade Ă  personagem, abre as portas do imaginĂ¡rio e atrai para a tela os olhares desejosos da platĂ©ia. JĂ¡ Peter Sarsgaard, que Ă© Chuck Traynor, o marido libertino e violento da atriz, tem uma postura segura e se entrega ao personagem em condições especiais, seus olhares e postura nas interpretações sĂ£o Ăºnicas, fortes e altamente convincentes. 

Sharon Stone

O destaque impressionante dessa produĂ§Ă£o Ă© a participaĂ§Ă£o da sex symbol Sharon Stone, que vive a personagem da mĂ£e de Linda, Dorothy Boreman, numa espetacular transformaĂ§Ă£o. A maquiagem feita na atriz a deixa irreconhecĂ­vel, em nada lembra a lindĂ­ssima loira de Instinto Selvagem, e consegue convencer aos mais desavisados que a mĂ£e de Linda Ă© uma americana simples e sem charme.


Amanda Seyfried e Peter Sarsgaard

Talvez o ponto mais interessante do filme seja sua narrativa. A fotografia com referencia a filmes dos anos 70 e a falta de linearidade na ediĂ§Ă£o surpreende de forma positiva mas evita um impacto forte da histĂ³ria como um todo, algumas cenas que sĂ£o reavivadas talvez tivessem um peso muito maior se tivessem sido colocadas em seqĂ¼Ăªncia lĂ³gica. Isso Ă© um recurso usado no livro escrito pela personagem, que em termos literĂ¡rios agrada demais ao leitor, mas em cinema esse tipo de narrativa, que lembra o celebrado Pulp Fiction, demora a nos trazer de volta para a tela.


Lovelace Ă© um filme imperdĂ­vel, a trajetĂ³ria de sua personagem nos ajuda a entender como o ser humano pode ser mesquinho, egoĂ­sta, fraco e quase sempre deslumbrado com um mundo que nĂ£o Ă© o seu. Reserve sua poltrona, a diversĂ£o vale Ă  pena.

A gente se encontra na semana que vem!