O longa mostra, com riqueza de detalhes, como a geração Baby Boomers fazia a hora e não esperava acontecer

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

A evolução cobra seu preço quando chega, mas não se pode esquecer a origem, os motivos do Big Bang da criação que fez sucesso. Muitas pessoas e empresas mudaram de estratégia e estilo no meio do caminho, algumas entenderam que, para crescer é preciso diversificar, quem não entendeu transformou sonhos em pesadelo, do sucesso nasceu a falência.

Isso acontece em vários setores da vida, até o cinema, quando se propõe a contar uma história real de pessoas geniais que um dia, se encontraram e mudaram o mundo, pode dar errado ou muito certo. É o caso de AIR: A História Por Trás do Logo (Amazon Studios, Skydance Sports, Artists Equity, Mandalay Pictures, Warner Bros. Pictures), uma obra que tem os primos em 10º grau Matt Damon e Ben Affleck na atuação e produção, é uma criação espetacular, muito bem realizada, que já está em cartaz no Brasil e tem o Ben na direção.

O roteiro do estreante Alex Convery é muito bem escrito, ele é cheio de detalhes e minúcias que fazem desse longa uma obra digna, é sobre a vontade de crescer e vencer. Sonny Vaccaro (Matt Damon) vive o ocaso da carreira quando Phil Knight (Ben Affleck) o convida para melhorar o departamento de basquete da Nike. Seu trabalho obstinado e incansável, digno de homens que acreditam no feeling, se torna um divisor de águas no mundo dos esportes, é o investimento no novato Michael Jordan que se torna o maior jogador de basquete todos os tempos.

O elenco de primeira grandeza têm Jason Bateman (Rob Strasser), Marlon Wayans (George Raveling), Chris Messina (David Falk), Chris Tucker (Howard White) e a espetacular Viola Davis (Deloris Jordan), entre outros talentos, eles reproduzem diálogos típicos dos anos 80 em todas as suas idas e vindas. Um dos principais ingredientes da produção é recriar de forma fiel os pensamentos e ações que marcaram os anos que antecederam as Gerações X, Y (ou Millennial) e Z, uma era de grandes corporações que hoje sofrem nas mãos de incompetentes herdeiros.

A edição William Goldenberg é pontuada por takes adicionais, o ritmo se baseia nos diálogos bem escritos e representados, é uma narração sem narrador, uma mágica que você só se dá conta nos créditos finais. A fotografia de Robert Richardson é bem retrô, lembra muito os comerciais de produtos de beleza da década de 80, realça sempre o produto com cores fortes, isso faz com que os elementos da figurinista Charlese Antoinette Jones ganhem brilho, quase chegam a saltar da tela e nos faz refletir: como tivemos coragem de usar aquilo?

AIR: A História Por Trás do Logo não é um comercial disfarçado de filme, é uma obra que custou entre US$ 70 e 90 milhões e que vale o investimento de dedicar 111 minutos de sua vida para conhecer o que existe de melhor e pior no mundo dos esportes. Não é uma aula saudosista de como vender tênis, ele é só um calçado até que alguém o use, ele só será um símbolo se mudar a vida de quem o produz, ele será eterno se souberem manter o legado.

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