O nosso satélite natural, objeto da corrida espacial nos anos 60, ganha um novo status pelos olhos de Roland Emmerich
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Diamond Films
Não se pode dizer que o cineasta alemão Roland Emmerich é um cara que enxerga o futuro da humanidade como algo singelo, pássaros cantando, gente feliz na praia com muito sol e um lindo entardecer para ser admirado deitado na relva tomando água de coco enquanto o astro-rei se põe. Muito diferente disso, suas obras mais famosas têm o cataclisma como referencia, parece que ele quer mesmo é que seja dado um CTRL-ALT-DEL na humanidade e que reiniciemos melhores.
Deixando essa visão apocalíptica de lado, não se pode negar a enorme capacidade que ele tem em criar catástrofes de nível global, nunca esquece países ou monumentos significativos e assusta com o realismo colocado na tela. Estreou nos cinemas brasileiros Moonfall: Ameaça Lunar (Centropolis Entertainment, AGC Studios, H Brothers, Huayi Brothers Media, Lionsgate, Street Entertainment, UK Moonfall, Diamond Films) uma obra que ele escreve, produz e dirige, é uma estória que tem como base uma lenda urbana, não vou dizer qual é pra não estragar a surpresa.
Para se ter ideia do que te espera no filme-catástrofe, a ameaça à humanidade vem da Lua, uma força misteriosa tira o satélite natural de sua órbita e o coloca em rota de colisão com a Terra e isso pode aniquilar a vida como a conhecemos. Isso tudo é muito louco, mas não vou falar mais nada, qualquer outra referencia que te contar vai estragar o que a tela grande tem pra mostrar. O filme é liderado por uma quase irreconhecível Halle Berry (Jo Fowler) uma ex-astronauta da NASA e pelo sempre competente Patrick Wilson (Brian Harper), um também ex-astronauta, mas por outros motivos.
O elenco ainda conta com John Bradley (KC Houseman); Charlie Plummer (Sonny Harper); Kelly Reilly (Michelle); Michael Peña (Tom Lopez); Kathleen Fee (Elaine Houseman) e a luxuosa participação especial de Donald Sutherland, todos bem dirigidos e com as falas na ponta da língua, percebe-se que o roteiro não deixou quase nenhuma possibilidade de improvisar, todos entenderam o objetivo do diretor.
Os efeitos especiais e visuais são muito bem criados e realizados, mais uma vez a Double Negative surpreende em qualidade e cuidado na execução. Até nas cenas com elementos humanos envolvidos a capacidade de juntar o que existe com o imaginário é sensacional, a dificuldade é por causa da fotografia de Robby Baumgartner que é clara mesmo em cenas com pouca luz, isso faz com que o pessoal dos efeitos trabalhe no limite entre o mostrar e o esconder.
Um pouco mais acostumados com as doideiras do diretor, os editores Ryan Stevens Harris e Adam Wolfe conduzem a complicada edição com muita competência, o ritmo lento da narração em alguns momentos é superado pela quantidade de plano e contra plano que eles usam para continuar na mesma tocada, isso faz com que a música dos maestros austríacos Harald Kloser e Thomas Wanker fique quase imperceptível.
Se tiver oportunidade, opte por assistir Moonfall: Ameaça Lunar em uma sala IMAX, a qualidade de áudio e vídeo compensa os US$ 140 milhões gastos na produção de 2 horas de 10 minutos que apenas quem tem mais de 14 anos vai poder acompanhar. Vale a pena tentar entender mais uma vez o que Emmerich quer dizer com sua fixação com o espaço.

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