A chegada em grande estilo da montadora chinesa deixa o Brasil no ponto mais alto da cadeia produtiva, vai ter dinheiro, emprego e muita tecnologia

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: GWM Brasil

Eles estão chegando, com muita calma, pisando firme em cada centímetro desse chão. Essa atitude tem vários motivos, mas o principal é não ser mais uma montadora de carros chinesa que tenta a sorte no mercado brasileiro e, ou promete e não faz ou se associa a qualquer malandro que passe na porta e acaba criando uma injustificada aversão aos produtos asiáticos. A Great Wall tem outra pegada, eles não estão brincando, chegam com projeto, dinheiro e planos ousados para o futuro.

Eu fui gentilmente convidado para conhecer a sede brasileira e saber o que pensam esses chineses cuidadosos, o evento foi na fábrica da montadora, sim, eles compraram a planta que era da Mercedes em Iracemápolis, interior de São Paulo, e já começaram a traçar a metas: o investimento será de R$ 10 bilhões, em duas etapas, R$ 4 bilhões de 2022 a 2025 e R$ 6 bilhões entre 2026 e 2032, com geração de 2.000 empregos diretos até 2025. A primeira fase vai ser de adaptação da fábrica para se tornar a mais moderna do mundo naquela que será a maior montadora da marca fora da China.

Por enquanto o sistema de produção inteligente que será instalado ainda não funciona a todo vapor, ele terá capacidade de produção instalada de 100 mil veículos por ano. Lá será também uma autotech, que vai oferecer tecnologia de plataformas eletrificadas (híbridos, híbridos plug-in e veículos elétricos), como também plataformas inteligentes de conectividade para outras empresas, com relação aos carros, por enquanto a Great Wall Motors vai importar e lançar 10 modelos de SUV´s e Pickups híbridos e elétricos, as primeiras unidades devem chegar no quarto trimestre deste ano e o primeiro veículo fabricado aqui, no segundo semestre de 2023.

Fomos apresentados às três plataformas que vão ser produzidas na fábrica brasileira, serão as 100% elétricas, elas vão oferecer tecnologia eletrificada e inteligente além de estimular a indústria local de fornecedores com a nacionalização de componentes e criação da rede de eletropostos. A híbrida, que vai usar motores elétricos e à combustão como apoio, a híbrida plug-in terá a maior autonomia elétrica do mundo, 200 quilômetros, esse modelo recarrega 80% da bateria em apenas 30 minutos. Por fim, a cereja do bolo é a versão movida a hidrogênio, por isso a GWM já inicia parcerias para estudos no uso do etanol como fonte de geração de hidrogênio para veículos com célula de combustível. Todos os modelos produzidos no Brasil terão recursos de conectividade e sistemas semiautônomos de segurança Nível 2 de série e uso do comando por voz para controlar as funções do veículo, todos estão prontos para suportar o 5G.

Com muito trabalho, investimento e a enorme vontade de crescer nas Américas, a proposta é real e verdadeira, segundo Koma Li, Chief Operating Officer (COO) da GWM Brasil, “O mercado brasileiro não é apenas o líder na América Latina, mas também um dos dez maiores mercados onde a GWM inicia a produção local fora da China. O Brasil é definitivamente nosso pilar estratégico para fazer acontecer a nossa meta para 2025”, então prepare-se, os chineses sérios e profissionais já estão entre nós!