Um terror à moda antiga com efeitos visuais raiz vai bagunçar a cabeça de quem gosta de filmes do gênero

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

Lá pelos anos 70/80, filmes de terror eram vistos como motivos para se levar ao cinema a pessoa pretendida, que muitas vezes não gostava deste tipo de longa e a sessão servia mesmo é para um “chega mais” com direito a beijos roubados e mãos bobas.


Não havia muita preocupação com a coerência do roteiro, os atores geralmente eram iniciantes de escolas de teatro, os diretores tinham que se virar com os poucos dólares que poderiam gastar, a maior parte certamente com sangue cenográfico, para realmente lambuzar a tela. Houve uma evolução no gênero, essas histórias horrendas hoje fazem parte de trilogias, spin off, sagas e por aí vai.


Estreou na quinta-feira, na abertura do fim de semana da Páscoa (talvez por isso tenha alguns Easter Eggs), uma produção do universo que tem James Wan como elo central. A Maldição da Chorona (New Line Cinema, Atomic Monster Productions, Warner Bros. Pictures) é uma dessas produções de baixo custo e certamente será de alto rendimento.


O filme é sobre uma lenda latino-americana em uma criação original, é ambientado na Los Angeles de 1973, conta a história de Anna Tate-Garcia (Linda Cardellini), uma assistente social viúva. Ela é chamada à casa de Patricia Alvarez (Patricia Velasquez) e encontra os filhos trancados no armário, Anna não faz idéia do que está prestes a libertar.


O longa é assinado pelo estreante Michael Chaves, que não tem lá muita intimidade com o babado, pessoas e muito menos situações, que não são dirigidas de maneira uniforme. A parte técnica salvou em parte o emprego do diretor, a fotografia de Michael Burgess não é criativa e tem exageros tanto no claro quanto no escuro, não foi dele a culpa de em alguns casos existirem erros primários, a falta de estrada de Chaves compromete.


Com isso, o trabalho de edição ficou complicado e Peter Gvozdas teve que enxugar gelo no deserto, a falta de opções de takes é critica, tem gente olhando para outro lado durante a ação. Mas claro que ele foi ajudado em vários momentos pela trilha de áudio, que é de onde realmente vem o susto. O roteiro de Mikki Daughtry e Tobias Iaconis é bem escrito, mistura suspense com humor para dar uma quebrada no enredo pesado, tem ações e soluções muito razoáveis e um fechamento muito bem pensado.



A Maldição da Chorona teve um orçamento de US$ 15 milhões, tem virtudes e pecados, é uma obra que retrata o atual estágio do cinema de terror, cumpre seu papel de dar medo e ter resenha depois em algum fast food, até porque as outras atividades hoje em dia renderiam processos. Vale conferir, quem sabe, a saga toda.