A versĂ£o feminina da comĂ©dia policial deixa claro: nĂ£o importa o gĂªnero, o que vale Ă© o talento

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

É uma tendĂªncia que começa a ser repetida e que mostra um grande acerto, alguns remakes que substituem os personagens masculinos pelos femininos ganham muito em talento, beleza e construĂ§Ă£o da histĂ³ria. NĂ£o Ă© uma forma muito simples, desafiadora Ă© o mais correto e agrada demais quem realmente gosta de cinema bem feito.


Estreou no Brasil Oito Mulheres e Um Segredo (Village Roadshow Pictures, Smoke House Pictures, Larger Than Life Productions, Warner Bros. Pictures) uma comĂ©dia policial que alĂ©m de muito divertida tem um grande alento: a maior parte do orçamento de US$ 70 milhões da produĂ§Ă£o foi gasto com salĂ¡rios e nĂ£o com efeitos visuais, foi muito bem utilizado com mulheres espetaculares tanto na beleza quanto no talento.


A bem costurada estĂ³ria conta que cinco anos, oito meses e 12 dias foi o tempo que Debbie Ocean (Sandra Bullock) passou planejando o maior roubo de sua vida. Ela sabe que serĂ¡ preciso uma equipe de especialistas, começando por sua parceira Lou Miller (Cate Blanchett), juntas elas recrutam um time: a joalheira Amita (Kaling), a golpista Constance (Awkwafina), a receptadora Tammy (Paulson), a hacker Nine Ball (Rihanna), e a estilista de moda Rose (Bonham Carter), que juntas tem um alvo: diamantes que valem nada menos do que 150 milhões de dĂ³lares e que estarĂ£o pendurados no pescoço da famosa atriz internacional Daphne Kluger (Hathaway) no Baile de Gala do Met.


Uma grata surpresa Ă© a direĂ§Ă£o de Gary Ross (Alma de HerĂ³i, Jogos Vorazes) que tambĂ©m criou o argumento e escreveu o roteiro a 4 mĂ£os com Olivia Milch. Ele foge de suas caracterĂ­sticas com filmes anteriores e consegue tirar das protagonistas muito de seus dons naturais, o filme roda leve, sem grandes confrontos de egos e muita parceria entre as atrizes. É muito ajudado pela ediĂ§Ă£o feita pela dupla Juliette Welfling e William Goldenberg que conseguem dar um ritmo muito claro Ă  narraĂ§Ă£o e detalham na medida certa as ações que sĂ£o coreografadas por Ross.


Um ponto que me incomodou foi a maquiagem e tambĂ©m a iluminaĂ§Ă£o menos reveladora. As atrizes, em takes de Super Close, sempre mostram o quanto tiveram carregadas suas faces nos ingredientes, isso nĂ£o tira a beleza que elas ainda carregam, mas revelam um mau gosto na fotografia do dinamarquĂªs Eigil Bryld, que no resto do filme optou por uma apresentaĂ§Ă£o tradicional.


O importante entĂ£o Ă© o conjunto da obra, que Ă© engraçada, bem representada e muito inteligente do ponto de vista de nĂ£o existir uma guerra dos sexos, nĂ£o se pensou em fazer um Spin-Off que massacrasse o original, ao contrĂ¡rio, em alguns momentos a homenagem Ă© atĂ© singela e muito representativa, garante uma sobrevida ao argumento e projeta uma ou mais seqĂ¼Ăªncia que devem ser realizadas em breve.


Oito Mulheres e Um Segredo nĂ£o vai mudar sua vida nem te realizar espiritualmente, Ă© cinema de diversĂ£o e que deve ser apreciado sempre em boa companhia e que sim, marca com muita competĂªncia a troca de gĂªnero em realizações onde o sexo oposto fez sucesso, isso sim dĂ¡ pra entender como dar chances iguais a homens e mulheres, agora, o cachĂª, aĂ­ Ă© outra briga.