Os 10 dias da greve dos caminhoneiros teve impacto negativo nos números do mês

Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq

A luz que começava a ficar muito clara no fim do túnel acabou com um momento de apagão com uma inesperada greve. O impacto nas exportações com as mercadorias paradas fez com que os números tivessem um recuo no quinto mês do ano e suas consequências devem permanecer por mais algum tempo.


Na coletiva de imprensa realizada terça-feira última, foi apresentado o balanço do mensal com uma cotação do dólar em um patamar considerado bom para as indústrias de transformação do Brasil, com valores acima de R$ 3,70 os produtos se tornam mais competitivos nos mercados exteriores e acredita-se que o mês de junho terá um balanço positivo.


Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente


Receita líquida total - R$ Bilhões constantes*
A Receita Líquida Total do setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou retração de 3,1% na comparação com o mês de abril 18. A queda foi puxada pela forte redução nas exportações.


As exportações foram impactadas diretamente pela paralisação dos caminhoneiros ocorrida nos últimos dez dias do mês de maio. Na comparação interanual a queda foi de 6,2%. Com este resultado, no ano (jan-mai/18) o setor reduziu sua taxa de crescimento para +2,4% contra +5% acumulado até o mês de abril.

Curva de comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13 vs 2017 e 2018
As paralisações que afetaram os últimos 10 dias de maio prejudicaram o desempenho da atividade e principalmente das exportações dos fabricantes de máquinas equipamentos.


Por conta disto, o mês de maio contrariou o efeito sazonal do setor e registrou queda de 3,1% em relação ao mês de abril. Em relação ao período pré-crise (2010-2013) o faturamento observado no mês de maio foi 47% inferior, R$ 5,8 bilhões contra R$ 11 bilhões naquele período.

Exportação - US$ Bilhões FOB
As  exportações de máquinas e equipamentos encolheram fortemente tanto em relação ao mês de abril/18 quanto ao mesmo mês de 2017 (-39,7% e - 26,4% respectivamente) em função das paralisações. No ano o setor passou a acumular um crescimento de 17%, uma redução de mais de 10 p.p. sobre o resultado observado até o mês de abril.


As exportações que vinham ao redor de US$ 800 milhões caiu para US$ 500 milhões em maio. A expectativa é de que esta forte queda seja parcialmente compensada pela recuperação nos embarques no mês de junho.

Exportação por setores - Setores com sua participação no total
Em maio/18 houve queda nas exportações de todos os tipos de máquinas e equipamentos. No ano (jan-mai 18) houve redução nas exportações de apenas dois grupos de máquinas e equipamentos.


Nas exportações direcionadas à indústria de transformação a queda foi de 7,8% e nas máquinas para infraestrutura e indústria de base de 22,5%. Nos demais setores fabricantes de máquinas e equipamentos, mesmo com a forte redução das exportações ocorrida no mês de maio, por conta da paralisação dos caminhoneiros, as exportações acumularam importante crescimento.

Exportação por destinos - US$ Milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos foram, pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa.


No ano, a América Latina aumentou em 2,8% suas compras de máquinas e equipamentos em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas a principal influência no resultado anual veio dos Estados Unidos e dos países europeus que ampliaram suas compras em 62,7% e 51,6% respectivamente.

Importação - US$ Bilhões FOB
Como o registro da entrada da máquina no Brasil é feito no momento do desembaraço e não no despacho para o destino final, as importações sentiram menos os efeitos da paralisação. Apesar  disto  as  importações  de máquinas e equipamentos também recuaram em relação ao mês de abril (-16,9%).


Em relação ao mesmo mês de 2017 houve crescimento de 18,6% o que elevou o desempenho anual importações para +16,1%. Apesar da moeda nacional relativamente mais fraca, principalmente a partir do mês de março, e da queda na ponta, as importações se mantem em níveis superiores aos observados em 2017.

Importação por setores - Setores com sua participação no total
No mês de maio houve crescimento das importações de máquinas para a petróleo e energia renovável (+23,5) e também de máquinas para a indústria de transformação (3,9%).


No ano (jan-mai) apenas as importações de componentes para a indústria de bens de capital encolheram (-10,3%). Nos demais setores houve um aumento importante da compra de máquinas e equipamentos importados, com destaque para o setor agrícola que importou 52% acima do ano passado, para o de bens de consumo (+32,2%) e para infraestrutura e indústria de base (+22,3%).

Principais origens das importações - Participação no total importado (US$)
No período jan-mai18, a principal origem das importações de máquinas e equipamentos, tanto em valores como em quantidade, foi a China. As máquinas de origem chinesa representam hoje 18% do total das importações realizadas em 2018, um aumento na participação em 8,7 p.p. em 10 anos.


Os Estados Unidos que já foram a principal origem com 22% de participação, hoje são a segunda com 17,4% do total. A Alemanha também perdeu um pouco da sua participação e foi para a terceira posição entre as origens, com 16% do total de máquinas importadas pelo Brasil.

Consumo aparente - R$ Bilhões constantes*
Em maio/18, houve aumento de 3,4% no consumo de máquinas e equipamentos em relação a abril18 e crescimento de 15% sobre maio/17. Com este resultado, os investimentos acumulados no ano subiram para 5,9%. Ainda que em níveis bastante baixos (R$ 8,4 bilhões mensais contra R$ 15 bilhões no período pré-crise) os investimentos produtivos mantiveram sua taxa de crescimento.


O Real valorizado, durante os primeiros meses do ano, permitiu que este crescimento fosse puxado preponderantemente pelas importações que representam hoje 60,4% do market share nacional. Para os demais meses do ano, os últimos acontecimento combinados com a crise de incerteza instaurada pelo processo eleitoral põe em dúvida a manutenção desta tendência.

NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada
Carteira de pedidos - Em meses para atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada na indústria de máquinas e equipamentos, voltou a recuar no mês de maio (-1,3%) em relação a abril (75,9%) e chegou a 74,9%.
A média anual está 3,1 pontos percentuais acima da média de 2017 em razão, principalmente, do aumento das vendas no mercado externo.


A carteira de pedidos também recuou na comparação mensal (-5,2%), e mantêm seu pior patamar da história, em razão da baixa atividade no setor fabricante de máquinas para infraestrutura e indústria de base (bens sob encomenda), cuja carteira, que girava ao redor de 9 meses, hoje ainda não chega a 4 meses.

Emprego - Em mil pessoas
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de maio com 294,6 mil pessoas ocupadas, uma queda de 0,3%, em  relação  ao  mês  de  abril  de 2018. Em  relação  ao  mês  de  maio  de 2017 houve, no entanto, melhora no quadro de pessoal (+1,1%).


Em resposta à melhora da produção e das vendas, principalmente no mercado externo, o setor vinha gradativamente melhorando o seu quadro de pessoal que foi interrompido em maio 18.