A montadora coreana retorna ao Brasil com uma linha de veículos nova sem esquecer os antigos compradores

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Claudio Larangeira / Textofinal Comunicação


Não é a primeira vez, na verdade é a terceira, quem sabe agora eles não ficam? A agora SsangYong Brasil (se pronuncia SAN IONG) anunciou na semana passada que agora é para valer, os sul-coreanos agora recomeçaram seus negócios de uma forma mais correta, inclusive com a presença do diretor geral de exportação da marca, Jong Dae Lee, na coletiva de imprensa que oficializou a nova chegada.


Eles já estão entre nós desde janeiro, quando as operações conjuntas entre a montadora e a Venko (importadora que já trouxe as marcas Chery e Rely para o Brasil) fazendo a lição de casa: cadastrar os proprietários dos veículos da SsangYong para dar ênfase ao pós-venda e garantia, que foram abandonadas em 2015 quando os antigos importadores encerraram as operações. A prioridade é resgatar a credibilidade na marca arranhada desde esse período, eles se foram porque, segundo o diretor comercial Rafael Kalil, “com as exigências impostas pelo Inovar Auto seria impossível continuar a operação por dois motivos: a cota destinada para a SsangYong era muito pequena e a nacionalização dos modelos muito difícil, principalmente pelo volume de vendas na época”.


É uma notícia até certo ponto surpreendente, não me recordo de alguma outra montadora que antes era representada por importadores e resolveu se fixar por aqui, assumir a “bronca” de dar suporte aos compradores antigos, que agora são tratados como “Amigos Clientes”. Nos dois períodos que estiveram por aqui (1995 e 1998 e depois de 2001 a 2015) foram comercializados cerca de 17.000 automóveis que, a partir de agora, vão estar protegidos pelo guarda-chuva da marca, mesmo os que já não são mais fabricados, as peças para reposição devem ser disponibilizadas assim que o levantamento terminar.


Outra ação é a de dar continuidade à garantia dos veículos que ainda estavam dentro prazo de 3 anos e que foram comercializados até 2015, ela será completada pelo tempo que faltaria para encerrar. Por exemplo, o “Amigo Cliente” que comprou um carro em 2014 teria garantia até 2017, mas ficou sem a partir de 2015, ele terá os dois anos que faltam daqui para frente, ou seja, passa a valer até 2019. É realmente uma notícia importante e um modo de agir muito diferente do que nós brasileiros estamos acostumados.


As novidades não param por ai, segundo Gerson Pittorri, presidente da SsangYong Brasil “Nos últimos anos, a SsangYong Motor Company passou por processos de modernização de suas unidades fabris e também de ocidentalização de seus veículos. Os modelos Tivoli e XLV já foram premiados na Europa, o New Rexton foi apresentado recentemente em Paris, enquanto o Korando e o Actyon Sports passaram por importantes reestilizações. Com essa mudança de posicionamento da marca, esperamos conquistar o consumidor brasileiro” e para isso é preciso formar uma rede de concessionárias autorizadas da marca, já são 16 e até o fim deste ano devem chegar a 30, com meta de 50 em dezembro de 2018.


Com a pegada de comercializar apenas veículos Premium, a SsangYong Brasil deu um aperitivo na apresentação e mostrou 2 dos 4 modelos que vai começar trazendo para o mercado brasileiro (Actyon Sports e Korando usando motores diesel com tecnologia Euro 6, Tivoli e XLV à gasolina) da sua gama atual e que são fabricados na cidade de Pyeongtaek, bem longe da confusa fronteira com os irmãos do norte. A fábrica coreana tem capacidade para produzir 170 mil unidades/ano e que pode chegar a 250 mil, eles serão lançados oficialmente no Brasil no primeiro trimestre do ano que vem, “podemos antecipar que os quatro modelos e versões terão preços muito competitivos, inclusive em relação a modelos fabricados aqui no Brasil”, afirma Gerson Pittorri.


Essa administração mais “pé no chão” pode render bons frutos para a montadora que espera vender cerca de 3 mil unidades no primeiro ano de operação, e já que vão estar por aqui perguntei: “existe a possibilidade desses modelos movidos à gasolina um dia se tornarem também Flex?” Segundo Kalil “sim, já estamos em estudos e assim que tivermos a homologação dos modelos no Brasil daremos inicio ao desenvolvimento de versões Flex”. Perguntei também sobre os carros elétricos e híbridos, Rafael Kalil completou dizendo que “o nosso compromisso de parceria vale por 10 anos, com períodos renováveis e subseqüentes de 5 anos, em algum momento iremos apresentar os automóveis que usam energia alternativa, acompanhando a tendência do mundo”.


Parece que desta vez a coisa é realmente pra valer, inclusive porque “Outro ponto relevante é que a SsangYong Motor Company se encontra em nova etapa de sua história, imersa em um ambiente de inovação e de modernização. Com isso, a montadora pretende ter veículos parcialmente renovados (facelift) a cada ano e renovação completa a cada quatro anos”, informou Pittorri, é uma aposta ousada da primeira montadora de carros da Coréia do Sul e que do alto dos seus 63 anos de existência continua firme e forte, como seus dois SsangYong (Dragões Gêmeos em tradução livre).