O lançamento da montadora coreana traz tudo de melhor da marca, entra na briga com os SUV´s, mas esbarra no consumo

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Hyundai

Não é de hoje que a gigante coreana vem tirando o sono de seus concorrentes mais tradicionais, os carros que tem tecnologia e acabamento com nível superior, preço justo e manutenção sem grandes mistérios agradou demais o gosto dos brasileiros e se tornou a queridinha na hora de se pensar em comprar um carro moderno, isso graças ao sucesso estrondoso do seu modelo de entrada, o HB20.


Mas já diz o ditado: “quem não arrisca, não petisca” e foi realmente arriscando em um segmento muito desejado pelos consumidores brasileiros que gostam de veículos altos de onde você desce ou sobe e não entra e sai que surgiu o Creta, um SUV que tem o DNA da marca muito evidente em todos os pontos do carro. Eu pude testar o novo modelo, objeto do desejo de 10 entre 10 mulheres, que foi lançado em dezembro do ano passado e que só chegou às concessionárias da marca em janeiro, foram 10 dias utilizando nas mais diversas situações e condições, o primeiro contato e a impressão que ficaram foram as melhores.


O modelo que eu avaliei foi o topo de linha, o Creta Prestige 2.0, um carro equipado com o motor Nu 2.0l 16V DOHC D-CVV flex que têm sistema de partida a frio (e-start), bloco e cabeçote de alumínio e duplo comando variável de válvulas (D-CVVT) para admissão e escape, coletor de admissão variável (VIS) e duplo comando no cabeçote (DOHC), cilindrada de 1,999 cm³, potência de 166 cv (E) e 156 cv (G) a 6.200 rpm, torque de 20,5 kgf.m (E) e 19,1 kgf.m a 4.700 rpm e câmbio automático de seis velocidades com trocas seqüenciais.


É um tremendo motorzão para um carro de dimensões generosas, o design é exclusivo para os brasileiros e seu sucesso nas ruas do nosso país segue uma trilha não tão avassaladora como seu irmão HB20, mas deixa os concorrentes preocupados. O conforto interno é muito interessante, tem muita tecnologia embarcada como o Advanced Supervision Cluster que permite configurar diversas funções do veículo, ar-condicionado automático digital, chave presencial smart key, partida do motor por botão, retrovisores externos com rebatimento elétrico, computador de bordo com configurador de funções, câmera de ré dinâmica, acendimento automático dos faróis, sistema Stop & Go, direção elétrica progressiva, acionamento inteligente one-touch das luzes de direção, controle de estabilidade (ESP) e tração (TCS), assistente de partida em rampa (HAC), gerenciamento de estabilidade (VSM), sinalização de frenagem de emergência (ESS) e faróis de neblina dianteiros.


Andando pela cidade no transito pesado e nos intermináveis engarrafamentos, um acessório só encontrado nesta versão chama a atenção: banco do motorista com ventilação. Pode parecer uma besteira se visto de longe, mas quando você está sentado há muito tempo dentro do carro, com aquele calor insuportável te corroendo, é um alivio ter o banco de couro em uma temperatura mais baixa.


Outro ponto alto da sofisticação é a central multimídia blueNav®, com tela touchscreen de 7 polegadas, navegação GPS embarcada, compatibilidade com Apple CarPlay® e Google Android Auto®, conexão Bluetooth® com streaming de áudio, acesso à agenda e histórico de chamadas, MP3 player, reprodutor de fotos e vídeos, conexões USB/iPod e AUX, microfone no teto e comandos de áudio e Bluetooth® no volante, que também pode controlar o computador de bordo com todas as informações como consumo, monitoramento de pressão dos pneus, alerta sonoro de não colocação do cinto de segurança e alerta visual de portas e porta-malas abertos.


Na cidade o carro se comporta muito bem, é rápido nas trocas de posição em vias de faixas mais estreitas, tem o peso do volante ideal tanto em velocidade quanto em manobras, que são auxiliadas pela câmera de ré, não existe dificuldade em “encaixar” o Creta Prestige 2.0 em vagas menos amigáveis. O que pega um pouco é o consumo, o modelo estava abastecido com gasolina e nas ruas e avenidas, com o ar condicionado ligado não consegui superar, segundo dados do computador de bordo, a média de 8,9 km/l, que não é nenhum absurdo nem leva o título de beberrão do ano, mas diminui o range de distancia que pode ser percorrido sem precisar abastecer, por outro lado existe a vantagem de se ter um motor 2.0 nervoso e cheio de cavalos quando se precisa andar mais forte.


Falando em andar com o pé mais embaixo, testei o Creta Prestige 2.0 também na estrada, o destino era Campinas no interior de São Paulo e a Rodovia dos Bandeirantes o caminho escolhido. Aí estamos falando de um carro muito acertado e muito firme nas mãos, rapidamente ele chega à velocidade limite de 120 km/h, com o Cruise Control ligado mantém sem nenhuma dificuldade ou trocas de marchas intermináveis. O Creta Prestige 2.0 é, apesar do tamanho, um carro muito fácil de dirigir mesmo em velocidades mais altas, lembra demais um sedã e seus controles eletrônicos garantem uma viagem tranqüila e sem sobressaltos.


O conjunto mecânico é firme e muito confiável em todo tipo de situação, nas ultrapassagens, por exemplo, quando eu exigi uma maior aceleração a resposta foi imediata, ele não fica “pensando” para reduzir uma marcha ou mesmo aumentar a rotação do motor, seu modo de condução é pleno e muito gostoso e o conforto que os bancos proporcionam faz com que uma distancia de pouco mais de 100 km seja percorrida como se fosse uma ida à padaria da esquina, você sai inteiro e pronto pra continuar. O consumo de combustível nessa situação de rodovia foi mais amigável, com dados do computador de bordo, fiz uma média 11,5 km/l, superior até ao que a montadora anuncia.


O Creta Prestige 2.0 tem preço sugerido de R$ 100.990,00, cinco anos de garantia sem limite de quilometragem, plano de manutenção com preços fixos, nos mais de 200 pontos de venda distribuídos pelo país dá para fazer test-drive, programa de relacionamento Hyundai Sempre e aquela sensação de conhecer algo novo com cara de sucesso.


Ficha Técnica e Equipamentos