A previsão de licenciamento de autoveículos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, para 2017 foi revisada para cima, de acordo com os dados divulgados pela entidade na quarta-feira em São Paulo
Texto e fotos: Anfavea / Eduardo Abbas
Conforme tendência antecipada por Antonio Megale, presidente da Anfavea, na coletiva de imprensa do início de agosto, os veículos leves foram alterados para cima, saindo de um aumento de 4,0% para 7,4%, enquanto os pesados para baixo, caindo de 6,4% para 3,6%.
As exportações, mesmo após a revisão de julho, mantiveram ritmo forte e foram novamente alteradas: a nova perspectiva é de exportar 745 mil autoveículos, que confirmaria o melhor ano da história para a indústria automobilística neste quesito.
Com o resultado de vendas e de exportação, o desempenho da produção foi consequentemente revisado também: o crescimento esperado para 2017 ante 2016 agora é de 25,2%. Este desempenho aponta um total de 2,70 milhões de unidades produzidas neste ano.
Para Megale, “as novas previsões da Anfavea demonstram que a indústria caminha para um cenário de retomada, mesmo se considerarmos que a base de comparação de 2016 é muito baixa. O que precisamos agora é de estabilidade no quadro econômico para que consumidores e investidores aumentem a confiança e o País como um todo entre em uma rota de aceleração da atividade econômica”.
Os dados de vendas internas e exportação de máquinas autopropulsadas também foram revisados, com respectivos aumentos de 6,9% e 34,6%.
O otimismo tomou conta da reunião mensal promovida pela entidade, os números positivos indicam que a recuperação do setor é real e que até o fim do ano as coisas devem melhorar muito. As boas notícias invadem todos os setores, a média diária de vendas aumentou, os caminhões tiveram uma ligeira melhora e as exportações apontam para um recorde histórico, tudo isso no mês de agosto, que muita gente não gosta mas que está fazendo a diferença, para se ter uma ideia, em comparação com o mês de janeiro, já são 22 estados brasileiros que registram alta nas vendas diárias.
Desempenho mensal
No oitavo mês do ano a produção de autoveículos alcançou 260,3 mil unidades, alta de 45,7% sobre as 178,7 mil do mesmo mês do ano anterior e de 15,4% ante as 225,5 mil de julho passado. O período acumulado da produção aponta para alta também: 25,5% ao se comparar as 1,75 milhão de unidades de 2017 com as 1,39 milhão de 2016.
No licenciamento o mês de agosto registrou 216,5 mil unidades, alta de 17,2% na comparação com as 184,8 mil de julho e de 17,8% sobre as 183,9 mil de agosto do ano passado. A soma dos oito meses atingiu 1,42 milhão de unidades, acréscimo de 5,3% ante as 1,35 milhão de 2016.
De acordo com Antonio Megale, presidente da Anfavea, o cenário de vendas é um reflexo de vários fatores: “Agosto é tradicionalmente forte e o quadro econômico demonstra diversos sinais positivos, possibilitando este bom desempenho. Esta é a primeira vez no ano que superamos a casa das 200 mil unidades em vendas. O horizonte é promissor ao enxergarmos as quedas da inflação, da taxa de juros, do nível de desemprego, do endividamento das famílias e dos índices de inadimplência”.
As exportações de autoveículos permaneceram em ritmo forte: as 66,6 mil unidades enviadas para outros países em agosto representam elevação de 61,7% no comparativo com as 41,2 mil de igual mês de 2016 e alta de 1,6% com as 65,6 mil de julho. Nesses oito meses, 506 mil unidades foram exportadas, número 56,1% superior as 324,2 mil do ano passado, o que configura o melhor período acumulado da série histórica.
Aqui vale uma informação importante, alguns setores da indústria acreditam que o valor do câmbio do dólar deveria oscilar em torno de R$ 3,90, o que ajudaria muito nas exportações. Para a Anfavea, segundo Megale "esse valor deve ser entre R$ 3,20 e R$ 3,40, pois as montadoras ainda importam muitos componentes para a montagem dos carros e uma diferença pequena como essa impacta menos tanto na montagem para exportação e consumo interno". Ainda segundo ele, "com essa cotação conseguimos manter a competitividade em mercados fora do Brasil, o carro não se torna tão caro nem inviabiliza as importações de componentes, é uma margem segura".
Caminhões e ônibus
As vendas de caminhões novos subiram 6,6% na comparação das 4,8 mil unidades de agosto com as 4,5 mil de julho. Também houve aumento, de 9,9%, sobre as 4,4 mil unidades do mesmo mês em 2016. No acumulado do ano, porém, o registro é de baixa de 11,1%: 30,8 mil unidades foram negociadas nesse ano e 34,7 mil no ano passado.
A produção do segmento em agosto ficou em 7,9 mil unidades – acréscimo de 14,2% em relação as 6,9 mil de julho e de 52% quando comparado com as 5,2 mil de agosto do ano passado. Até esse mês, 50,9 mil caminhões foram produzidos, 22,5% acima dos 41,5 mil de 2016.
Os fabricantes de caminhões exportaram no último mês 2,4 mil unidades, resultado inferior em 14,1% em comparação com as 2,8 mil de julho, mas superior em 61,7% ante as 1,5 mil de agosto de 2016. No acumulado do ano, os dados apontam crescimento de 48%: foram 18,9 mil este ano contra 12,8 mil um ano antes.
No segmento de ônibus as vendas em agosto somaram 1,55 mil unidades, alta de 25,4% frente as 1,24 mil de julho e de 28,1% em relação as 1,22 mil de agosto do ano passado. Até esse mês, 7,7 mil unidades foram comercializadas, 10,5% abaixo das 8,6 mil de 2016.
Na produção, 2,2 mil chassis para ônibus saíram das linhas de montagem em agosto, 4,8% menor no comparativo com as 2,3 mil de julho, mas 49,7% acima das 1,5 mil de agosto do ano passado. No ano já foram fabricadas 14,5 mil unidades, crescimento de 17,3% na análise com as 12,3 mil unidades do ano passado.
A exportação acumulada de ônibus alcançou 5,8 mil unidades, praticamente estável com as 5,9 mil do mesmo período em 2016.
Máquinas agrícolas e rodoviárias
As vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias em agosto registraram baixa de 11,4% com relação ao mesmo mês do ano passado: 4,1 mil unidades contra 4,6 mil. Já contra julho deste ano, com 3,9 mil unidades, a elevação foi de 3%. O total de máquinas negociadas no acumulado cresceu 12,1%, com 29,3 mil unidades este ano e 26,1 mil em 2016.
Os fabricantes produziram 5,1 mil máquinas em agosto, abaixo em 10% sobre as 5,6 mil em julho e em 14,7% diante das 5,9 mil de agosto do ano passado. No acumulado deste ano a produção bateu 39,5 mil máquinas produzidas: expansão de 25,8% em relação as 31,4 mil do ano anterior.
As exportações até esse mês aumentaram 39,3%, com 8,6 mil unidades este ano e 6,1 mil no ano passado.
Estoques
Nos pátios e nas concessionárias os estoques se aproximam da normalidade, começam agora a apontar para a quantidade ideal de dias que eram praticados antes da crise, isso com a retomada forte da produção e com destaque para os carros híbridos, que são atualmente importados, mas que já começam a figurar como estatística nas vendas (subiram de 0,1 para 0,3 nas vendas), é uma mudança de perfil do consumidor, que parece neste momento estar mais interessado em adquirir o bem por qualidade e não por impulso, ocasionando assim uma regularidade do mercado em passos firmes e consistentes.
Empregos
De todas as boas notícias, a melhor foi mesmo com relação aos empregos, que finalmente reverteram a curva negativa que apontavam as últimas aferições. Os programas de proteção foram e são importantes para se manter a mão de obra especializada, nesse período de transição e de indefinição dos rumos da indústria manter pessoas especializadas em compasso de espera para assumirem novamente seus postos de trabalho garante um ganho imenso, já que para a formação de um profissional dessa área a empresa emprega muitos recursos e vários anos de treinamento.
Em julho eram em Layoff são 3.226 e no PSE 8.972, um total de 12.198 funcionários parados esperando o momento da volta ao trabalho, já em agosto em Layoff são 3.432 e no PSE 2.880, o total de 6.320 pessoas nos programas de proteção que devem retomar seus postos em breve. Além dessa diminuição nos números (no caso do Layoff é preciso esperar o vencimento do período acordado) foram ainda criadas 1.107 novas vagas de trabalho permanentes, o que impactou positivamente nos números do mês.
Segundo Megale, "é importante verificar que as vagas estão novamente sendo preenchidas com os funcionários que estavam nos programas de proteção ao emprego e, principalmente, que novos postos estão sendo criados" e completou "para mim, o programa mais importante e que funciona muito bem é o PSE, nele o empregado pode ser colocado e retirado do programa sem burocracia e de forma imediata, isso faz com que se ganhe tempo e agilidade, na minha opinião o PSE deveria ser eterno por ser justo e as suas características ajudam as montadoras no equilíbrio dos turnos de trabalho".
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