Os números do mês de maio indicam uma recuperação muito leve

Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq

Não se pode dizer que no 5º mês do ano os indicadores continuaram apontando para baixo em todos os setores, houve um pequeno movimento de subida em alguns deles, mas nada que seja motivo de festa nem tão pouco de desespero.


O setor ainda sofre pela falta de planejamento do país e pela instabilidade política que sofremos nos últimos anos, segundo as projeções, acredita-se que o setor vai ficar muito feliz se os números repetirem 2016. Nos empregos houve uma variação muito pequena que indica estabilidade, é uma notícia boa pois as demissões frearam, já nas exportações, segundo a Abimaq, os números poderiam ser melhores se o dólar estivesse próximo dos R$ 3,90.

Acompanhe o resumo do mês e os indicadores separadamente


Consumo aparente - R$ bilhões constantes*
Os dados de investimentos medidos pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos mostraram recuperação após o fraco mês de abril.


No mês de maio de 2017 o crescimento de 20,6% nos investimentos recuperou parte da queda de 23% observada em abril de 2017. Na comparação interanual, houve nova queda (-13%), esta é a 11º queda consecutiva neste tipo de comparação. Com estes resultados, no ano (jan-mai), o consumo de máquinas e equipamentos acumulou queda de 20,4%.

Receita Líquida Total - R$ bilhões constantes*
As vendas realizadas pela Indústria de Bens de Capital, também registraram crescimento no mês de maio/17 (+24%), após queda acentuada observada no mês de abril.


Na comparação interanual o crescimento de 5,3% interrompeu uma sequência de 25 (vinte e cinco) quedas consecutivas e poderia ser um indicativo de retomada, não fosse a nova crise de confiança causada pela delação da JBS. No ano o setor ainda continua em queda de 7,1%.

Curva de comportamento - Receita Líquida - Média 2010-2013 vs 2016 e 2017
Em 2017 o setor manteve o comportamento sazonal. Na ponta (maio 17), apesar de ainda 43% abaixo do faturamento médio dos meses de maio no período pré -crise, pela primeira vez em mais de dois anos, o resultado superou o desempenho do mesmo mês do ano anterior (+5,3%).


A manutenção deste nível de faturamento (R$ 6 bilhões), ao longo do segundo semestre, garantiria apenas estabilidade das vendas em relação ao resultado de 2016.

Taxa de câmbio real - Variação % acumulada – base: 2005 = 100
O ganho proporcionado pelo efeito Trump no final de 2015 foi completamente devolvido pela apreciação do fim do ano passado e início deste.


Os eventos políticos recentes aumentaram sensivelmente o risco país (Embi+), mas a atuação do Bacen minimizou a depreciação do Real e levou o câmbio a oscilar ao redor de R$/US$ 3,30 no mês de junho, ainda longe de um câmbio minimamente competitivo estimado em R$/US$ 3,9.

Exportação - US$ bilhões FOB
Em maio/17 o setor compensou pequena parte da queda das exportações observada no mês de abril (-34%) ao crescer 12,3% e chegou a US$ 705 milhões.


A ausência de demanda no mercado doméstico tem obrigado alguns fabricantes a manterem suas vendas no mercado externo mesmo com perda de margem ou até mesmo prejuízo em razão da valorização do real. No ano (jan-mai) a indústria de máquinas e equipamentos acumulou crescimento de 1,1%.

Exportação por setores - Setores com sua participação no total
O crescimento observado no mês de maio/17 em relação a abril/17 foi marcado pela crescimento das exportações de quase todos os grupos de máquinas.


Com destaque para máquinas para a indústria de transformação (+27,1%), máquinas para logística e construção civil (+25,5%) e máquinas para bens de consumo (+23,5%). No ano o destaque foi para o setor de Máquinas Agrícolas, cujo resultado acumulou crescimento de 51% no período.

Exportação por destinos - US$ milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos são, pela ordem, América Latina, Estados Unidos e Europa.

Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados  Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
Observou-se, no ano, até mai/17, um aumento das exportações para a América Latina, puxado principalmente pelo Mercosul que aumentou em 27,9% suas compras de máquinas no Brasil.

Importação - US$ bilhões FOB
Depois de uma queda de 33% no mês de abril de 2017, no mês de maio houve um aumento de 8,7% nas importações de máquinas e equipamentos.


Na comparação interanual as importações recuaram 23,8% e aprofundaram a queda observada no ano para 16,9%. Entre as variáveis de análise do desempenho dos investimentos nacionais, a importação de máquinas e equipamentos é a única que mantem a tendência de queda ao longo ano, apesar do Real valorizado.

Importação por setores - Setores com sua participação* no total
Em maio/17 o crescimento das importações foi observado em quase todos os setores compradores de máquinas.


Com destaque para Agricultura que ampliou suas importações de máquinas em 38,7% e Logística e construção civil com crescimento de 20,3%. No ano (jan-mai) apenas o setor agrícola ampliou a aquisição de máquinas importadas - crescimento de 7,7%.

Principais origens das importações - Part. % no total importado (US$)
O destaque no mês de maio foi para o aumento nas importações, em valores, da Alemanha que saiu de 15% em 2016 para 18%.


As importações da Coréia do Sul voltaram aos níveis históricos. Em peso, a Alemanha assumiu a 2º colocação ultrapassando os Estados Unidos. A China manteve sua 1º colocação.

NUCI Nível de Utilização da Capacidade Instalada % - Carteira de Pedidos em meses para o atendimento
O NUCI - Nível de utilização da capacidade instalada, que havia recuado fortemente no mês de abril, cresceu. Em maio/17, o NUCI foi 4,8% superior ao observado no mês imediatamente anterior e 3,7% maior que o do mesmo mês de 2016.


Este resultado veio acompanhado por uma redução média do número de turnos de trabalho adotados pelo setor, de 1,7 para 1,6. A carteira de pedidos, medida em meses, voltou a apontar recuperação após a queda de 8% no mês de abril, mas, ainda assim, encontra-se 6% abaixo do nível de 2016.

Pessoal ocupado - (em mil pessoas)
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de maio/17 com 291,2 mil pessoas ocupadas, uma queda de 0,2% em relação ao mês imediatamente anterior.


Na comparação interanual houve redução de 17,1 mil postos de trabalho, queda de 5,6%. Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados quase 90 mil postos de trabalho no setor.