Aclamado, adorado, elevado ao nível
de clássico, essa produção tem os elementos que ficaram perdidos por anos no
cinema: corpo e alma
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paris Filmes
Logo de cara já me justifico
dizendo que o gênero musical não é dos meus preferidos, mas tenho que me render
a uma das melhores realizações dos últimos anos em termos de cinematografia, elaboração
de roteiro e entrega do elenco em favor da obra e seu conteúdo. Não é a toa que
esse sonho que se tornou realidade é o mais esperado filme do ano e que, não duvide,
vai ser um dos mais premiados pela academia.
Não se trata apenas e tão somente
de fazer um filme, é muito mais que isso, é poder realizar um sonho da forma
que se sonhou, quantas pessoas no mundo você conhece que puderam fazer isso? Evidentemente
que as coisas não acontecem entre o amanhecer e o anoitecer, mas pensando
friamente, o roteiro até tem um pouco disso em sua trajetória, é uma grande
história de amor pontuada por paralelos, é a longa estrada da vida com trilhos
que vivem separados e um dia se encontram.
Não, não é um filme 100% musical
como foi Tommy, também não é um filme que depende da música para
existir como foi Grease – Nos Tempos da Brilhantina, é algo muito mais
legal, mais moderno e que não esquece suas origens, faz referência a muitos
musicais da era de ouro de Hollywood e não deixa escapar a essência
do que é cinema e entretenimento com humor, amor, ação e emoção.
É amigos e amigas, finalmente estréia
hoje no Brasil (e a grafia correta é em letras maiúsculas mesmo!) LA
LA LAND – Cantando Estações (Summit Entertainment, Black
Label Media, TIK Films, Impostor Pictures, Gilbert
Films, Paris Filmes), antes de falar do filme que tal saber que nome é
esse? A explicação é do dicionário Collins: “As pessoas se referem às vezes a Los
Angeles, em particular ao distrito de Hollywood
de Los Angeles como LA LA LAND,
um lugar imaginário onde a magia acontece”.
Agora, poxa vida, que idéia genial
poder associar esse elemento ao enredo que apresenta a história de Mia
(a feia-linda Emma Stone de Histórias Cruzadas, Birdman
ou a Inesperada Virtude da Ignorância), uma aspirante a atriz e
Sebastian
(com Ryan
Gosling que esteve em A Grande Aposta, Dois
Caras Legais), um dedicado músico de jazz, ambos estão lutando para
sobreviver em uma cidade conhecida por esmagar as esperanças e quebrar os
corações.
O paralelo entre os dois é o eixo
central, ambos olham a vida de forma diferente, sabe aquele ditado que diz que “os opostos se atraem”? A sutileza nos
detalhes que o diretor e roteirista Damien Chazelle (que também escreveu
e dirigiu Whiplash – Em Busca da Perfeição e foi roteirista do
suspense Rua Cloverfield,10) vão desde o carro que cada um usa
(ela um ecológico Toyota Prius, claramente um merchandising, mas extremamente bem
realizado) e ele um conversível poluidor, suas roupas, seu modo de andar, dançar,
cantar, comer beber e a frase “eu sempre
vou te amar, a minha vida inteira” certamente vai arrancar lágrimas dos
mais sensíveis.
Acha que acabou? Não, têm mais, as
danças realizadas na maior parte em plano-seqüência contam com uma fotografia
muito clara e colorida feita pelo sueco Linus Sandgren (Trapaça, Joy:
O Nome do Sucesso) e tem como principal objetivo citar referências
a antigos musicais, tipo Sinfonia de Paris, Mary
Poppins, Cantando na Chuva entre
vários outros, são coreografados de forma brilhante por Mandy Moore (O
Lado Bom da Vida, Trapaça) e tem o ponto alto na
montagem feita por Tom Cross (Whiplash – Em Busca da Perfeição,
Joy:
O Nome do Sucesso) que é simplesmente de babar e fazer cair o
queixo.
Tem muito mais para se falar, mas
não quero cometer o crime de revelar algum spoiler do que deve ser uma enorme e
agradável surpresa, você tem que assistir ao filme de alma e coração abertos, LA
LA LAND – Cantando Estações já arrebentou no Globo de Ouro com recorde
de indicações e prêmios, chega favoritíssimo para a disputa do Oscar®,
basta a academia não ser retrograda e achar algo que ninguém hoje seria capaz
de apontar como um grave defeito.
Vá assistir com quem ama, é sim
uma lição para ser aprendida por casais e gente que se acha a última bolacha do
pacote, certamente vocês sairão do cinema com aquelas três letras que me
perturbam desde a exibição para os jornalistas: E se?
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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