O balanço anual da ABIMAQ apresenta números negativos, o recuo na industria de transformação faz o país recuar muitos anos

Texto e fotos: ABIMAQ / Eduardo Abbas

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos apresentou ontem, 26/01, os resultados do ano de 2016. Quase 1/4 do resultado de 2015 foi perdido no ano passado, inclusive as exportações que alavancaram alguns índices, no bimestre final acabaram sucumbindo à crise, isso gerou um enorme impacto nos empregos, para se ter uma ideia, voltamos aos números de 2004, um recuo de 12 anos.


Mesmo assim, das 1500 empresas que fazem parte da ABIMAQ, 800 exportaram e conseguiram números expressivos, quase 50% do faturamento foi fruto desta modalidade, isso prova que o produto brasileiro é competitivo, se o governo ajudar com juros menores e mais prazo e liberar as PPI´s, a possibilidade de uma retomada de crescimento mais rápida será um fato mais concreto.


Acompanhe os principais pontos do balanço de 2016
Receita Líquida Total
Após 3 recuos consecutivos (-5% em 2013, -11,6% em 2014 e -14,4% em 2015), a receita líquida total (vendas internas mais exportações) da indústria de máquinas e equipamentos registrou nova queda em 2016, de 24,3%, o pior desempenho para um ano na série histórica iniciada em 1999.
Com isso, a receita do setor encerrou 2016 em R$ 66,3 bilhões, abaixo dos R$ 66,8 bilhões registrados em 2003, até então a pior marca da história.


O número de 2016 representa, ainda, apenas 54,4% da receita de 2012, último ano de crescimento da indústria de máquinas.

Consumo aparente
A receita interna de vendas recuou 33,9% em relação a 2015, enquanto as importações (em US$) caíram 18% no mesmo período, o que derrubou o consumo aparente (vendas internas mais importações) em 24,9%, o pior desempenho anual da série histórica.


A queda recorde deixa evidente que a melhora da confiança não foi suficiente para impulsionar investimentos e reflete a capacidade ociosa elevada e o alto nível de endividamento das empresas, cenário agravado pelos juros altos.

Curva de comportamento


Trata-se, provavelmente, da maior crise da história do setor, que, mesmo diante de uma retomada da economia, deve ser um dos últimos a voltar a crescer por causa do elevado nível de capacidade ociosa da indústria em geral, o que tende a adiar novos investimentos mesmo diante da ligeira expansão da atividade econômica prevista para 2017 e 2018.

Evolução dos preços
O curto período de desvalorização do real frente ao dólar trouxe relativo ganho de competitividade ao produtor nacional, mas não viabilizou a reposição de margem.


Os preços das máquinas e equipamentos medidos tanto pelo Índice de Preço ao Produtor, do IBGE, quanto pelo Índice de Preço ao Atacado, da FGV, subiram menos do que os preços dos insumos de produção, resultando em margens de lucro apertadas e agravando a crise do setor.

Taxa de câmbio real
A apreciação do real ocorrida em 2016 voltou a prejudicar a competitividade da indústria de transformação brasileira.
O cenário para a taxa de câmbio melhorou ligeiramente com a vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA, por causa do aumento da incerteza somado à expectativa de alta da taxa de juros norte-americana.


No último mês, porém, a moeda brasileira se apreciou e voltou para a casa dos R$ 3,20.

Exportação
A desvalorização do real entre 2014 e 2015 vinha favorecendo as exportações da indústria de máquinas e equipamentos, que registraram alta entre o final de 2015 e o início de 2016.


Por causa do novo ciclo de apreciação do real a partir de 2016, porém, as vendas para o exterior voltaram a cair, encerrando o ano em US$ 7,8 bilhões, valor 2,9% inferior ao registrado em 2015.

Exportação por setores
No ano, 3 dos sete setores apresentaram variação positiva, sendo eles: Máquinas para bens de consumo (+24,7%), Máquinas para a indústria de transformação (+10,8%) e Máquinas para logística e construção civil (+7,9%).


As exportações de Máquinas para petróleo e energia renovável (-51,1%), Máquinas para agricultura (-5,4%), Infraestrutura e indústria de base (-4,8%) e Componentes para a indústria de bens de capital (-4,2%) registraram queda no ano.

Exportação por destinos
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos (M&E) são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos.


Observa-se, em 2016, redução da participação relativa dos Estados e da Europa e forte aumento da China.
A participação da China, que não está registrada no gráfico, saltou de 6,1% em 2015 para 7,0% em 2016.

Importação
O desempenho das importações mantém a tendência de queda observada deste o inicio de 2014, interrompido apenas pelo evento atípico dos meses de junho e julho, referente a equipamentos vindos da Coréia do Sul para o setor de siderurgia.


Por conta da fraca demanda interna, as importações registraram queda de 18% e encerraram o ano em US$ 15,4 bilhões.

Importação por setores
Por conta da obras da siderúrgica, o setor de Infraestrutura e indústria de base é o único a registrar alta das importações no ano (+3%).


Todos os demais registram queda: Máquinas para petróleo e energia renovável (-55,2%), Máquinas para bens de consumo (-30,3%), Máquinas para logística e construção civil (-28,9%), Máquinas para a agricultura (-24,9%), Componentes para a indústria de bens de capital (-18,3%) e Máquinas para a indústria de transformação (-12,3%).

Principais origens das importações
Os Estados Unidos permaneceram na primeira posição com participação de 18,3% no total importado em máquinas pelo país, seguidos pela China, Alemanha e Coréia do Sul.


Em peso, os EUA ocupam atualmente a 4ª posição no ranking.

Balança comercial
Por causa da apreciação do real em 2016, as vendas para o exterior voltaram a cair, encerrando o ano em US$ 7,8 bilhões, valor 2,9% inferior ao registrado em 2015.


Por conta da fraca demanda interna, as importações também registraram queda (-18%) e encerraram o ano em US$ 15,4 bilhões.
Com isso, o saldo da balança comercial do setor ficou negativo em US$ 7,6 bilhões, resultado 29,2% menor do que o de 2015.

NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada
O NUCI encerrou o ano com uma média de 66,4%, próxima aos menores patamares da história. O resultado é 2,1 pontos percentuais (p.p.) inferior à média de 2015.


A elevada capacidade ociosa e a expectativa de mais um ano difícil deve inibir os investimentos do setor, que, segundo sondagem da Abimaq, não deverão ser suficientes nem mesmo para compensar a depreciação do parque atual.
A carteira de pedidos, por sua vez, registrou média de 2,6 meses em 2016, ante 2,8 meses em 2015, mantendo assim a tendência de queda dos últimos anos.

Pessoal ocupado
O número de pessoas ocupadas na indústria de máquinas e equipamentos encerrou 2016 em 290,6 mil, o que representa um recuo de 6,5% (ou 20,3 mil empregados a menos) em relação a dez/15.


Com isso, o emprego no setor voltou para o nível de 2004 (em maio daquele ano, eram 290,3 mil empregados).
Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados mais de 80 mil (81,4 mil) postos de trabalho no setor.