O filme sul-coreano mostra que a
evolução dos asiáticos também chegou ao cinema, enquanto seu vizinho do norte
vive na idade da pedra lascada
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paris Filmes
A guerra é uma das piores
invenções que o homem teve a capacidade de criar, não existe sentido em tirar a
vida do semelhante por qualquer que seja o motivo, mas quando a guerra separa
povos da mesma etnia, aí é de lascar. Foi o que aconteceu na Coréia, um pequeno
país asiático que sofre desde a aurora dos tempos, já foi invadido por todos os
seus vizinhos e finalmente, na metade do século XX, acabou sendo dividido
deixando a parte de cima pobre e maltrapilha enquanto a do sul é uma potência
em quase todos os campos.
Com uma história rica, os
sul-coreanos resolveram se desenvolver em vários setores da vida moderna, antes
eram taxados de “copiadores baratos”,
mas com investimento em educação e pesquisa, tornaram-se referencia na criação
de aparelhos eletrônicos, automóveis e sistemas de geração de energia, tem uma
das mais complexas e funcionais malhas ferroviárias do mundo e conseqüentemente
as máquinas mais modernas para puxar os vagões.
Foi aproveitando esse cenário
altamente favorável da nova sociedade coreana e sua modernidade urbana que
surgiu a idéia de se fazer um filme de ficção que já faturou quase US$ 100
milhões, grande parte na Ásia. Estréia hoje nos cinemas brasileiros Invasão
Zumbi (Next Entertainment World, RedPeter Film, Paris Filmes), na verdade
o título não tem nada a ver com o original (Train to Busan ou Trem
Para Busan, em tradução livre) mas que já fez um barulho
considerável por sua realização correta de uma temática que tem seu público
cativo.
Na história, um surto misterioso
deixa a Coréia em um estado de emergência, é um vírus não identificado que
varre o país e transforma as pessoas. O governo coreano declara lei marcial e
aqueles que estão no trem expresso para Busan tem uma chance, a cidade tem
conseguido sucesso em conter a praga, mas todos vão ter que lutar muito para
sobreviver. Os atores são em grande parte desconhecidos do público ocidental, quase
todos trabalham na televisão coreana fazendo novelas e seriados.
A grande virtude do filme pertence
ao diretor Yeon Sang-ho que também assina o roteiro, é mais conhecido por
suas animações, uma delas inclusive (Seoul Station) pode ser
considerado o prólogo para esse longa metragem. O diretor consegue prender a
atenção usando técnicas simples e eficientes, conta com a entrega e o empenho
dos atores e não deixa o filme cair em um clima de piedade e compaixão exageradas,
coisa típica do cinema asiático, mas que desta vez é equilibrado e dentro de certa
normalidade.
Apesar de dar a impressão que a Korea
Train Express tenha sido uma das financiadoras do filme (não encontrei
referência nesse sentido) fica claro que mostrar a qualidade do serviço e a
durabilidade dos veículos está implícito na realização, mas isso não depõe
contra, ao contrário, a ambientação em vagões é muito interessante e sugere
soluções verossímeis. Invasão Zumbi é bem feito, tem
um timing correto e um tempo de exibição muito bom, e não se assuste, o filme é
todo falado em coreano e dificilmente alguma palavra será entendida, a não ser
que você conheça algo desse idioma, mas a preocupação com as legendas foi muito
especial e correta, nada se perde, tudo se entende.
Vá ao cinema conhecer essa obra
dos nossos irmãos coreanos, claro que se gostar do tema, afinal de contas é um
ótimo exemplo de cinema bem feito sem os usuais exageros, mas se por acaso for
torcer o nariz, lembre-se, até o Brad Pitt já fez filme com essa
temática, é o Guerra
Mundial Z, este tem até cenas que lembram um pouco da produção
de Hollywood.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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