Na coletiva realizada hoje, os números da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos apontam para o 4º ano de queda líquida do setor

Texto e fotos: Eduardo Abbas / Abimaq

É claro, pelos números apresentados, que o crescimento diminuiu muito, até as importações que poderiam ser a tábua de salvamento estão quase todas negativadas. Segundo a diretoria da entidade, não se pode precisar quanto tempo os empresários brasileiros vão aguentar.


O que falta é uma maior sensibilidade do governo com relação aos impostos devidos, existe uma real necessidade de que os juros baixem para patamares mais justos pois, segundo a Abimaq, atualmento o Brasil passa por um grave processo de desindustrialização.


Acompanhe os números e divulgados hoje


Em setembro o consumo aparente registrou nova queda na comparação com o mês imediatamente anterior e também com o mesmo mês de 2015. Na comparação com o mês anterior a queda ocorreu, em função principalmente da redução de importações. Com este resultado, o consumo de máquinas e equipamentos chegou a R$ 78,6 bilhões em 2016 (jan-set), uma queda de 26,1% em relação ao mesmo período de 2015.


O mês de setembro registrou queda de 3,1% no total das vendas, na comparação com o mês de agosto. Assim, no ano, o setor acumulou queda de 19,2%. Apesar desta base bastante reduzida os dados dos últimos meses indicam estabilidade no desempenho. As vendas para o mercado interno registraram ligeiro crescimento no mês (+2,0), mas no ano a queda acumulada chegou a 40,5%.


As quedas divulgadas recentemente pelo IBGE em relação aos principais indicadores econômicos e os altos níveis de ociosidade das indústrias são indicadores de que, no curto prazo, a retomada dos investimentos não se viabilizará. Os dados divulgados até o mês de setembro, consonantes com padrão de desempenho do setor, ratificam isto e indicam para este ano queda ao redor de 20% nas vendas de máquinas e equipamentos.


O curto período de desvalorização do real frente ao dólar, trouxe relativo ganho de competitividade ao produtor nacional, mas não viabilizou a reposição de margem. Os preços das máquinas e equipamentos medidos tanto pelo IPP do IBGE quanto pela col. 32 da FGV continuam variando abaixo do preço dos insumos de produção e também da média dos preços dos bens que compõem a cesta de produtos medidos pelo IPCA.


A apreciação do Real ocorrida em 2016 não só anulou os ganhos de competitividade dos produtos nacionais em relação às demais moedas como, a partir do fim do primeiro trimestre voltou a prejudicar a competitividade da indústria de transformação brasileira.


No mês de set/16 as exportações de máquinas e equipamentos registraram queda de 11,9% em relação às efetuadas no mês ago/16, e de 10,0% em relação às realizadas no mês de set/15. No ano, o setor reduziu a taxa de crescimento em relação a 2015 para +1,0%. Em quantidade houve queda de 12,8% na margem, e crescimento a 13,4% no ano.


No mês de setembro houve crescimento apenas das exportações realizadas pelos setores fabricantes de máquinas para bens de consumo, máquinas para a indústria de transformação e máquinas para petróleo e energia renovável. No ano a maioria dos setores acumulou taxas crescentes de desempenho, a exceção se dá no setor fabricante de máquinas para agricultura e também no de máquinas para petróleo e energia renovável.


Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos (M&E) são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos. Observa-se, em 2016, redução da participação relativa na América Latina e forte aumento na China. A China, que não está registrada no gráfico, saltou de 1% em 2015 para 7,9% em 2016.


O mês de setembro registrou nova queda nas entradas de máquinas e equipamentos no país. O desempenho das importações mantem a tendência de forte queda observada deste o inicio de 2014, interrompido apenas pelo evento atípico dos meses de junho e julho, referente a equipamentos vindos da Coréia do Sul para o setor de siderurgia. No ano a queda acumulada de importações subiu para 18,5%.


A queda observada em 2016 é resultante da redução da entrada de quase todos os tipos de máquinas. Houve crescimento apenas no volume de máquinas para o segmento de infraestrutura e indústria de base, em função dos produtos direcionados, nos meses de junho e julho para PECEM. No mês de setembro houve crescimento apenas de importação de máquinas para petróleo e energia renovável.


A queda no mês de setembro não influenciou o ranking das origens de importações em US$ FOB. Neste mês os Estados Unidos permaneceram na primeira posição com participação de 17,7% no total importado em máquinas pelo país, seguidos pela China, Alemanha e Coréia do Sul. Em peso os EUA ocupam atualmente a 4ª posição no ranking.


A redução do déficit na balança comercial de máquinas e equipamentos da ordem de 31% em 2016 (jan-set), resulta da queda das importações iniciada em 2014. O crescimento observado no mês anterior em função do forte aumento das importações vindas da Coréia já foi diluído e voltou para os níveis observados antes do evento.


No mês a carteira de pedidos, medida em meses para o seu atendimento, encolheu 1,7% s/ set/15. No ano (jan-set) o setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou em média uma carteira de pedidos equivalente a 2,6 meses de trabalho, queda de 7% em relação ao mesmo período de 2015. O nível de utilização da capacidade instalada registrou ligeiro crescimento na ponta (+1,0%), puxado pelo setor fabricante de bens sob encomenda. No ano o setor acumulou queda de 1,8% ao passar de 68,7% em 2015 para 67,5% em 2016.


A indústria de máquinas encerrou o mês de setembro de 2016 com 306,0 mil pessoas ocupadas, redução de 0,2% sobre o mês de agosto de 2016. Na comparação com o mesmo mês de 2015 houve a redução de 22.850 postos de trabalho e em relação ao pico (mai/13) a redução chegou a quase 74.300 postos de trabalho.


Segundo a Associação, o câmbio para um patamar ideal de produção e exportação deveria ser de R$ 4,00 por US$ 1,00, já seriamos competitivos se o valor fosse R$ 3,70, mas a tendência de queda da moeda americana pode prejudicar ainda mais as empresas exportadoras.


A apreciação do Real ocorrida em 2016 anulou, praticamente, todos os ganhos de competitividade dos produtos nacionais, conforme pode-se observar no gráfico acima.