Um filme bonito, denso e revelador sobre um dos maiores ídolos do século XX

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paris Filmes

Os fotógrafos e cinegrafistas são pessoas especiais, não todos, mas aqueles que conseguem enxergar através da lente de seus equipamentos alguma coisa que só eles detectam quando olham em um visor ou viewfinder. É uma coisa interessante, durante a minha vida trabalhei com esse tipo de profissional que, invariavelmente, conseguia imprimir alguns detalhes completamente invisíveis a olho nu.


Não é a toa que são sempre premiados, muitas vezes reverenciados, na verdade eles são sempre os responsáveis por eternizar momentos, atitudes, alegria e tristeza, são aquelas pessoas que dão movimento em uma imagem ou formam um quadro de um movimento. É louco? É, mas são esses loucos necessários que mantém a nossa memória viva com sua arte e talento.


Falando em talento, é impossível não ser fã de um sujeito chamado Robert Pattinson, é seguramente um dos melhores atores em atividade no cinema, dos 17 prêmios que concorreu na carreira ganhou 16, não tem a vaidade de sempre ser o bonitão do momento e acredita nos personagens de forma visceral, por isso ao acompanhar o seu mais novo filme tinha a certeza que seu personagem seria mais uma vez marcante.


Estreou no Brasil, com certo atraso é verdade, Life – Um Retrato de James Dean (Telefilm Canada, Film4, Screen Australia, Filmförderung Hamburg Schleswig-Holstein, See-Saw Films, First Generation Films, Barry Films Production, Paris Filmes) que foi inspirado na história verídica de uma amizade desenvolvida entre fez fotógrafo Dennis Stock e o ator James Dean.


É uma história complexa e cheia de meandros que prendem a atenção, quer queria quer não. No filme, Dennis Stock (vivido magistralmente por Robert Pattinson, que sempre será lembrado por Edward Cullen da saga Crepúsculo e pelo bandido bobão de The Rover – A Caçada) tenta fotografar o iniciante ator James Dean (onde Dane DeHaan de Lincoln e O Espetacular Homem-Aranha 2 está muito convincente em caras, bocas e trejeitos) com a idéia de que o ensaio iria alavancar a carreira dos dois ao ser publicado na revista LIFE em 1955.


As tentativas do fotografo e os “perdidos” do ator em meio a brincadeiras e travessuras irritam Dennis que não tem lá sua vida muito nos eixos, mas esse contato cria em ambos uma grande amizade e ele cria algumas das imagens mais icônicas de Hollywood e da vida de um homem talentoso e atormentado.


É um drama pesado, porém cheio de sutilezas na realização, o diretor holandês Anton Corbijn é um especialista em filmes biográficos (Control, O Homem Mais Procurado) e segue fielmente o roteiro dando sempre a possibilidade de improviso dos dois atores, consegue um clima mais europeu para uma história americana, o resultado é um Insight forte e envolvente entre os personagens.


O que chama muito a atenção é a fotografia feita pela diretora sueca Charlotte Bruus Christensen (Submarino, A Caça, Longe Deste Insensato Mundo) que se baseou nas fotografias de Dennis para formatar as luzes e tomadas para o filme, seu detalhamento é tão grande que dá impressão que as fotos foram captadas durante as filmagens.


O filme tem uma cenografia e um figurino muito precisos, remetem realmente aos anos 50 inclusive nas músicas e automóveis usados nas locações, tudo isso com um orçamento considerado muito pequeno. Segundo dados dos produtores, o filme teve um gasto de US$ 15 milhões, isso mesmo, talvez seja impensável para o cinema e os dias de hoje, mas prova que, quando se tem bom gosto e um ator do quilate de Robert Pattinson, tudo é possível, assim como as fotos para a revista.


Life – Um Retrato de James Dean é um desses filmes para se assistir com calma, tomando apenas água e não se preocupando com interferências externas, seja de celulares ou alguém ao lado, é uma obra que está posta como um quadro, deve ser apreciado e não precisa de comentários paralelos para se gostar e querer mais, é cinema biográfico da melhor qualidade.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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