A Fórmula 1 conheceu o mais novo vencedor de grandes prêmios, já a Fórmula Indy tem um forte sotaque francês

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: f1.com, indycar.com

Seria inevitável um dia eles chegarem, mas foi cedo demais. Cedo porque ainda vivemos em uma era onde os motores à combustão continuam a poluir o planeta, somos segregados ainda por cor, religião, participação política, tamanho de barriga, 2001 de Stanley Kubrick ainda não chegou e muito menos viveremos a vida Blade Runner, que deveria começar quando o contrato de Lewis Hamilton terminasse na Mercedes.


Vivemos um futuro que insiste em ter os dois pés no passado, talvez pelo fato de termos pulado muitos degraus na nossa incessante busca por um mundo mais evoluído e esquecemos-nos de solidificar o que estava sendo feito no presente. Essa viagem no tempo confunde a cabeça dos mais jovens e coloca na dos mais velhos a duvida se um dia chegaremos perto do ideal, é um rodamoinho de ações, emoções e, principalmente, situações.


Curiosamente, o país moderno que mais se segura nas coisas do ontem é os Estados Unidos, lá tudo funciona, mas também tudo tem cheiro de naftalina. Donos da segunda maior categoria de automobilismo do planeta e prontos para comemorar a centésima prova das 500 milhas de Indianápolis, promoveram a corrida do fim de semana no circuito misto dentro do maior templo da velocidade. Claro que teve de tudo, mas eles ainda vivem, na criação do resultado, pendurados na velha tática do pitstop.


Não que isso submeta o talento a coisas menores, mas já está realmente na hora de se pensar em ter outro tipo de desafio e outra forma de administrar uma corrida, trocarem pneus e colocar combustível nunca deveria ser fator determinante para separar o vencedor dos perdedores. As equipes são vilãs ou são companheiras e com isso, pilotos de desempenho mediano começam a se tornar gênios.


Foi exatamente o que aconteceu, em uma corrida sem graça o Simon Pagenaud venceu mais uma e agora disparou na liderança do campeonato, claro que teve a tática da equipe, claro que teve a insistência dele em ficar um pouco mais na pista, mas convenhamos, mesmo exaltando toda a competência do time, é chato torcer por alguém de tão pouco carisma, mas também não dá pra pensar em torcer pelos quarentões que ainda insistem em estar na pista, a categoria que evoluiu continua prestando reverencias aos dinossauros.


Já na Fórmula 1 a situação é ainda pior, não se tem um resultado diferente se as Mercedes não ficarem de fora. Entrar em campo sabendo que o seu time já está perdendo de 2 x 0 é complicado, principalmente nesse mundo de muito dinheiro e pouco talento, chegar perto, como muitos fazem, já é considerado um enorme, imenso, absoluto feito.


Na Espanha, o fator homem foi determinante para o resultado, o acidente envolvendo os dois carros alemães foi analisado e visto por diversos ângulos e várias teorias foram levantadas. Em minha opinião, foi um acidente de corrida sim, mas motivado por fatores menos nobres que os apresentados tanto pelos pilotos e muito menos pela equipe. O que vi é que, nenhum dos dois estava no trilho, Hamilton porque tentaria ultrapassar o companheiro já na próxima curva e Rosberg porque se confundiu ou simplesmente quis jogar o carro na cara do inglês.


Como já vivi e vi situações muito semelhantes, acredito que o Rosberg pensou “vou jogar o carro e ele não vai ser louco de bater” e o Hamilton imaginou “ele não vai tirar o pé, vou dar o X na tomada da curva”. Ambos erraram na avaliação, resultado, os dois fora, bronca, especulação e prejuízo, tanto no bolso como na disputa do campeonato.


Melhor, mas muito melhor para o Max Verstappen, esse menino de espinhas na cara e com grande talento para pilotar carros de verdade. Tática à parte o que ele mostrou na pista é de se surpreender, apesar de ter apenas 18 anos, guiou como um expert e travou uma luta com o Kimi Räikkönen digna dos grandes pilotos. Na verdade, ambos tinham a mesma tática, usariam um pneu para dar mais de 25 voltas e seguir firme rumo ao pódio, mas controlar o carro nessas condições é que são elas.


Ganhou o menino, colocou o nome na história, tanto pela idade quanto pelo país, a Holanda, e abriu uma enorme porta para os jovens talentosos começarem finalmente a mudar o mundo em que vivemos oriundos de países onde o automobilismo não é lá muito considerado esporte nacional. A vitória de Verstappen é um grande passo para o futuro com cara de passado, longe do confortável sofá de casa, que agora passa a ser o melhor lugar para se treinar.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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