A nova animaĂ§Ă£o traz bicho agindo
como gente e um avanço tecnolĂ³gico que deve marcar Ă©poca no cinema
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Walt Disney Animation Studios
Assistir a uma animaĂ§Ă£o nos dias
de hoje Ă© algo mais do que simplesmente se deliciar com um desenho animado,
expressĂ£o essa desenvolvida e espalhada pelo mundo pela mente criadora de Walt
Disney.
Desde que fundou o estĂºdio de animaĂ§Ă£o e criaĂ§Ă£o em 1923 e
durante os anos seguintes, apesar da sua conhecida exigĂªncia com seus produtos
para se tornarem algo alĂ©m do que se podia imaginar, o que se vĂª hoje com
uma nova tecnologia de animaĂ§Ă£o, criada por seus sucessores, estĂ¡ muito, mas
muito além do que ele poderia prever em termos de futuro.
A fantasia criada pelo gĂªnio na
arte da animaĂ§Ă£o se baseia em dar vida humana a animais, fazendo com que eles
interajam entre espĂ©cies diferentes em aventuras e ações cotidianas tĂpicas do
homem. Isso jamais mudou, seja qual for o tema abordado, os animais tĂªm vida e
vocabulĂ¡rio do homem e adaptam suas caracterĂsticas principais aos problemas do
dia-a-dia. Mas o que se poderia mudar para tornĂ¡-los mais reais? Esse foi o
enorme desafio imposto a essa espetacular produĂ§Ă£o.
Estréia nesta quinta-feira nos
cinemas do Brasil o 55º longa metragem dos estĂºdios Disney, Zootopia
- Essa Cidade Ă© o Bicho (Walt Disney Animation Studios, Walt
Disney Motion Pictures), atĂ© entĂ£o, uma das mais bem realizadas
produções no campo do desenho animado que se tem notĂcia.
No filme, Zootopia Ă© uma cidade
moderna diferente de todas as outras que vocĂª jĂ¡ viu. Nela os humanos nunca
existiram. Composta de bairros-habitat como a elegante Sahara Square e a gelada Tundratown,
Ă© uma grande mistura onde animais de todos os ambientes vivem juntos — um lugar
onde independentemente do que vocĂª seja, do maior elefante ao menor roedor,
vocĂª pode ser o que quiser.
Este foi o primeiro desafio para
os diretores e animadores, como criar um ambiente destes? Durante oito meses eles estudaram os animais,
em pesquisa que se estenderam desde o Safari Park de San Diego, Animal
Kingdom da Disney e nas savanas do QuĂªnia para observar seus movimentos
e maneirismos. E nĂ£o somente como se movem, tambĂ©m o local onde vivem.
Entra em cena uma equipe de
especialistas ambientais, cujo desafio era criar uma cidade projetada para
animais. Os vĂ¡rios ambientes (deserto, gelo e floresta) foram
meticulosamente trabalhados em Bonsai, uma ferramenta que gera e
cria Ă¡rvores e plantas, ela foi usada antes no filme Frozen, mas agora
Ă© mais sofisticada e aprendeu a criar as Ă¡rvores e folhagens em camadas, um
cenĂ¡rio mais complicado, mas com resultado espetacular.
Até ai estamos falando de
cenĂ¡rio, mas o trabalho mais impressionante e que exigiu muita aplicaĂ§Ă£o dos
diretores Byron Howard (Bolt - O SupercĂ£o, Enrolados)
e Rich
Moore (Detona Ralph, Os Simpsons) Ă© quando a
otimista policial Judy Hopps chega a Zootopia e descobre que, ser a
primeira coelha em um departamento de policia, formado por animais grandes e
fortes nĂ£o Ă© nada fĂ¡cil. Determinada a provar seu valor, ela agarra a
oportunidade de solucionar um caso, mesmo que isso signifique formar uma
parceria com o malandro Nick Wilde, uma raposa de carĂ¡ter
duvidoso.
AĂ entrou a parte mais complicada
tecnologicamente, sĂ£o dois animais com texturas de pĂªlo completamente
diferente, vivendo em um ambiente onde os outros animais tĂªm outros tipos de
cobertura corporal.
Entra em cena a Fur Technology
(Tecnologia
de pĂªlos), que consegue simular a textura e densidade de diferentes pĂªlos
de animais. Foram usadas 800.000 variantes e para juntar tudo isso utilizaram o
iGroom,
uma ferramenta de controle de pĂªlo inĂ©dita que fez o software formar cerca de
2,5 milhões cabelos na coelha e na raposa, na girafa foram 9 milhões! Com isso,
foi possĂvel brincar com os pĂªlos - escovar, moldar e enrolar - para criar a
enorme gama de animais para o filme.
Mas de nada adianta tanta
tecnologia se o roteiro nĂ£o for tĂ£o bom quanto, e Jared Bush e Phil
Jonhston realmente superaram as expectativas. Com gags engraçadas,
muitas delas satirizando os filmes da prĂ³pria Disney (a vida nĂ£o se resolve simplesmente cantando Let It Go) e lembrando personagens de outros filmes, fizeram
com que as quase duas horas de exibiĂ§Ă£o se tornassem um enorme prazer. Mesmo
assistindo em 2D, o filme encanta, prende e nĂ£o se ouve um pio sequer das
crianças que lĂ¡ estavam assistindo a exibiĂ§Ă£o para a imprensa.
SĂ£o vĂ¡rios detalhes importantes que
mostram a preocupaĂ§Ă£o dos produtores com o produto final, uma delas Ă© a
traduĂ§Ă£o de algumas placas e cartazes que estĂ£o na animaĂ§Ă£o para o portuguĂªs.
Acredito que tambĂ©m foram feitas essas “renderizações
extras” para os outros idiomas que o filme serĂ¡ apresentado.
Na cĂ³pia
dublada, outro detalhe que ajuda a aproximar o espectador, pude identificar o Ricardo
Boechat dublando o apresentador do telejornal, uma preocupaĂ§Ă£o muito
coerente da Disney, associar um profissional da Ă¡rea ao enredo do filme,
além, é claro, dos atores convidados para dublarem as vozes, tudo isso ajustado
e montado pela Skywalker Sound, impecĂ¡vel na qualidade do trabalho.
Zootopia - Essa Cidade Ă© o
Bicho Ă© um sĂ©rio concorrente ao Oscar® de animaĂ§Ă£o de
2017, Ă© engraçado, atual, alegre, ninguĂ©m morre, jĂ¡ faturou nos EUA quase US$
300 milhões e pode atĂ© surpreender na festa do careca com a canĂ§Ă£o, afinal de
contas ter a Shakira em um corpo de gazela cantando Try Everything ao lado
dos seus tigrões, é pra acabar!
A gente se encontra na semana que vĂªm!
Beijos & queijos
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