Para coordenador do Programa Veículo Elétrico, Celso Novais, incentivo vai ajudar na criação de mercado nacional de carros movidos à energia elétrica
Texto e fotos: Itaipu binacional
As pesquisas sobre veículos movidos a eletricidade desenvolvidos pela Itaipu Binacional ajudaram o governo federal a fundamentar a decisão de zerar o imposto de importação de veículos elétricos. A medida foi publicada nesta terça-feira (27), no Diário Oficial da União.
A decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), baseia-se em um amplo debate sobre a viabilidade desta tecnologia no País, que inclui estudos feitos pelo Programa Veículo Elétrico, da Itaipu Binacional. Até então, a importação dos carros elétricos era tributada em 35%.
Pioneira no setor elétrico no investimento em pesquisa de veículo movido a eletricidade, em nove anos de experiência, Itaipu já montou mais de 80 protótipos, a maior linha de produção do País. Mais de um quinto da frota da empresa, ou 55 veículos, é formada por elétricos. Os estudos buscam o desenvolvimento de baterias e, mais recententemente, focam-se no transporte público, com a construção de um ônibus hídrico a pedido do governo federal, e em mobilidade inteligente, com a criação do Programa de Mobilidade Elétrica Inteligente (Mob-i).
Para o coordenador brasileiro do Programa Veículo Elétrico de Itaipu, Celso Novais, a medida é importante como um primeiro estágio para incentivar a entrada de uma tecnologia ainda incipiente no Brasil e criar demanda de consumo dos carros elétricos no País.
“Toda nova tecnologia precisa de incentivo para começar. A gente não compra o que não conhece”, ilustra Novais. “É um primeiro passo que tem que ser dado, um estímulo para mostrar às empresas que há um mercado de veículos elétricos no País e que compensa produzir aqui”, conclui.
O passo seguinte, segundo Novais, é fomentar a indústria nacional, criando mecanismos para aumentar a produção dos veículos elétricos nacionalmente. Ele cita o exemplo do Programa Inovar-Auto, do MDIC, que incentiva a inovação tecnológica a fim de criar condições para o aumento da competitividade do setor automobilístico do País.
Impacto mínimo
De acordo com Novais, até então, o receio do governo brasileiro em incentivar o aumento da frota de veículos elétricos era provocar uma sobrecarga no sistema elétrico nacional. “Havia um temor de que o País não atendesse à demanda de energia usada pelos veículos”, conta Novais, “em várias ocasiões fomos consultados e explicamos que este impacto é mínimo”.
No dia 15 de outubro, uma apresentação elaborada com apoio técnico da equipe de Itaipu foi levada ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, mostrando a irrelevância do acréscimo no consumo de energia elétrica dos VEs. “Um carro elétrico tem carga similar a um ar-condicionado de 12 mil BTUs”, exemplifica.
Em 2014, explica Novais, a indústria brasileira produziu cerca de 3,3 milhões de veículos, que se integram a uma frota de 34 milhões de carros. Se em um ano, 10% dos veículos fabricados (ou seja, cerca de 300 mil carros) forem elétricos – o que é uma perspectiva da Noruega, ou seja, bastante otimista para a realidade brasileira –, haveria um acréscimo de mero 0,31% no consumo de energia.
“O aumento do uso dos veículos movidos à energia elétrica no País vai demandar, sim, a criação de uma infraestrutura de postos de abastecimento, quando necessário recarregar o veículo fora das residências. Mas não impactará significativamente no consumo de eletricidade”, diz Novais. E conclui: “Vale destacar que estudos realizados no Estados Unidos e na Europa demostram que apenas 20% das recargas são realizadas fora das residências”.
Mob-i
Os estudos da equipe técnica da Itaipu foram apresentados ao ministro Armando Monteiro, no último dia 15, pela vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves. Na capital paranaense, o Curitiba Ecolétrico é um dos projetos-piloto do Programa de Mobilidade Elétrica Inteligente (Mob-i), de Itaipu, em parceria com o Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (Ceiia), de Portugal. Outros dois projetos-pilotos em Brasília, o Brasília Ecomóvel e o Mob-i ONU, também integram o Programa.
Lançado em 2014, o Mob-i atende a uma transição prevista por Itaipu quando começou a pesquisar as novas tecnologias de mobilidade: sair dos laboratórios, ganhar as ruas, conquistar consumidores e, no futuro, ocupar as linhas de produção da indústria nacional.
Somente no primeiro ano de operação, o Curitiba Ecoelétrico deixou de lançar na atmosfera mais de 6,6 toneladas de CO2, além de economizar mais de 5,2 mil litros de combustível. A experiência da capital paranaense poderá ser replicada em outros grandes centros urbanos do Brasil e do exterior.
0 Comentários