No fim de semana, Valentino Rossi deu mais uma exibiĂ§Ă£o de gala nas duas rodas, em contraste com a sonolĂªncia dos carros

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Motogp.com, F1.com, Indycar.com

Pode parar tudo que vocĂª estĂ¡ fazendo, este Ă© realmente o maior ano do The Doctor. Parece que realmente o universo conspira a favor do maior piloto vivo, nĂ£o importa se Ă© nas duas ou quatro rodas, o que fomos testemunhas atĂ© agora eleva o padrĂ£o de pilotagem a nĂ­veis estratosfĂ©ricos.


Antes de falar da corrida na Argentina, vale lembrar que no fim de semana passado tambĂ©m tivemos etapas dos carros, a FĂ³rmula 1 no Bahrain e a FĂ³rmula Indy em Long Beach, na ensolarada CalifĂ³rnia, mas nenhuma das duas chegou aos calcanhares da MotoGP em terras Sul-americanas.


Os europeus fizeram a sua Ăºltima etapa caça-nĂ­queis onde o primeiro poço de petrĂ³leo do mundo Ă¡rabe foi perfurado e começou a produzir. Foi uma corrida muito chata, mas coloca chata nisso, pior atĂ© que o GP da China, hĂ¡ duas semanas e que nĂ£o trouxe nada de competiĂ§Ă£o onde chamam de disputas de alto nĂ­vel.


Claro que as Mercedes dominaram, Hamilton vive uma fase espetacular e o tricampeonato Ă© apenas uma questĂ£o de onde serĂ¡. Ele praticamente “matou” seu companheiro de equipe, Rosberg vive uma fase onde tudo dĂ¡ errado e os alemĂ£es jĂ¡ pensam atĂ© em colocar outro em seu lugar. Como eu havia dito no ano passado, a Mercedes tem olhos muito abertos em direĂ§Ă£o ao Bottas, um piloto que deve chegar lĂ¡ com o passar do tempo.


A rival deste ano Ă© a Ferrari, com Vettel se destacando e o Kimi andando quando lhe colocam a faca no pescoço. Como eu disse em uma coluna anterior, desde o começo do ano a equipe estĂ¡ de olho no Felipe Nasr, claro que por suas atuações consistentes com um carro fraco, mas que Ă© empurrado pelo motor Ferrari, o que facilita muito as coisas e deixa realmente o melhor brasileiro perto de um time grande.


Hamilton parte para o inicio da fase europĂ©ia muito forte e muito Ă  frente de seus concorrentes diretos, claro que ele nem pensa em administrar, pra ele Ă© melhor resolver logo e curtir a festa. Azar dos outros e nosso, atĂ© porque ultrapassagem de boxe Ă© uma coisa chata e nĂ£o precisa ter talento pra isso.


Por incrĂ­vel que pareça, a FĂ³rmula Indy e seus penduricalhos aerodinĂ¢micos parecem estar tomando o mesmo caminho da chatice. Pelo grande nĂºmero de carros que largam, Ă© claro que tem ultrapassagem e batida, mas onde deveria ter de verdade, nada acontece.


Scott Dixon venceu a etapa californiana fazendo as ultrapassagens nos boxes. Na pista Ă© aquela Ă¡gua, neguinho tem que economizar pneu, combustĂ­vel, push to pass pra poder chegar. Que chatice, que porcaria, dadas as proporções, seria como se vocĂª pedisse para o recordista mundial Usain Bolt nĂ£o correr tanto para nĂ£o gastar os tĂªnis nem tomar muita Ă¡gua depois da corrida. RidĂ­culo!


Agora a cereja do bolo! Mesmo com regras que obrigam os pilotos a escolherem os compostos para a corrida antes da largada, a MotoGP Ă© sem dĂºvida a categoria mais equilibrada e competitiva dos esportes a motor. Valentino Rossi nĂ£o tem a moto mais rĂ¡pida, nĂ£o tem a moto mais equilibrada, mas tem o maior talento entre todos os seus concorrentes, sabe escolher os compostos baseados no seu jeito de pilotar e proporciona espetĂ¡culos inesquecĂ­veis como o que aconteceu no fim de semana.


Na corrida em Termas de Rio Hondo, na Argentina, ele nĂ£o somente deu uma aula aos outros pilotos como colocou Marc Marquez em seu devido lugar. NĂ£o importa que ele seja o atual bicampeĂ£o, nem que esteja na melhor e mais bem estruturada equipe, Ă© preciso saber que quando se trata de disputa com um campeĂ£o mais velho, tem que haver respeito.


A brilhante corrida do Valentino começou com ele escalando o pelotĂ£o, largou em oitavo, chegou em segundo hĂ¡ mais de 4 segundos do lĂ­der Marquez, tirou a vantagem em seis voltas e, faltando duas para o final da prova, ultrapassou o oponente. Inconformado, o espanhol quis dar o troco e se atrapalhou, bateu na moto do italiano e se estabacou na pista portenha.


Rossi “mitou”, venceu, convenceu e lidera o campeonato com certa folga, algo que seria inimaginĂ¡vel no começo da temporada, mas que agora se torna realidade e começa a ser concretizado o sonho do dĂ©cimo tĂ­tulo mundial. Pode ser que finalmente ele se aposente apĂ³s a conquista, mas o importante Ă© que estamos sendo testemunhas do maior imperador das pistas de todos os tempos. Ave Rossi!


Na semana que vĂªm eu volto pra falar de FĂ³rmula Indy, que vai ter etapa nesse fim de semana, e da WEC, que fiquei devendo na semana passada.


Beijos & queijos

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