Em um filme de superação, baseado
em um best-seller, Reese Witherspoon mostra seu lado mais selvagem
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: FOX
É preciso ter muitos pecados,
muitos erros e muita coragem para encarar um desafio de andar mais de 1.800 quilômetros
para se re-encontrar na vida. Nem todos têm esse tipo de atitude corajosa para
se redimir, alguns preferem ver a banda passar, outros nem isso, e é por essas
e por outras que esses aventureiros solitários devem ser encarados como heróis
por seus feitos.
O filme em questão retrata uma
mulher que resolveu dar um bico na vida fácil, mas talvez mais que o livro onde
foi baseada a obra cinematográfica, a coragem que a atriz Reese Witherspoon
mostrou durante as filmagens deve ser considerada um ponto importante na
carreia dessa ganhadora do Oscar®. Do alto dos seus 38 anos, três filhos,
marido, podendo aceitar papeis mais dentro do padrão de estrela, ela resolveu
produzir e atuar nesse papel difícil e, para muitas atrizes, constrangedor.
Em Livre (Fox
Searchlight Pictures, Pacific Standard,
River Road Entertainment, Fox) ela se entrega ao personagem de
forma surpreendente e inesperada. As cenas de sexo são quentes, as de uso de
drogas muito realistas e, suas caras e bocas, acredito, devem ter surpreendido
a personagem real. Não é um filme pesado, na verdade tudo é relatado na maior
fineza e tem o porquê de se estar ali.
Trata-se de um drama onde a
personagem Cheryl Strayed (Reese) depois de anos de
comportamento inconseqüente, o vício em heroína e a destruição de seu
casamento, decide mudar. Assombrada pela lembrança de sua mãe (vivida pela
excelente Laura Dern) e sem nenhuma experiência, ela sai para trilhar os
milhares de quilômetros do Pacific Crest Trail totalmente sozinha. Durante a
jornada ela revela seus medos e prazeres – enquanto ela segue uma trilha que a
enlouquece, fortalece e cura.
O filme tem imagens lindas,
captadas pelo competentíssimo canadense Yves Bélanger (claro, nasceu no
mesmo dia, mês e ano que eu!) fotografo também do perturbador Clube
de Compras Dallas, onde trabalhou com o diretor Jean-Marc
Vallée que assina esse longa.
A direção do também canadense é
segura, tem soluções práticas para situações pitorescas, mas se apóia na
interpretação de texto que cada ator consegue em seu personagem. Mas, e sempre
existe o mas, faltaram takes de câmera subjetiva (aquelas que se colocam nos
olhos do personagem) principalmente em momentos de risco que a personagem passa
durante sua jornada.
Isso não acarreta em problemas na
edição, que é cadenciada e quase sempre se limita a colar os takes, afinal, é
uma história de personagem não de ação. Livre, que estréia nessa quinta-feira nos cinemas brasileiros, é um filme para
apreciar acompanhado, para se conversar sobre depois, para entender a real
condição do ser humano quando o fundo do poço está próximo e o que fazer para
não tocar no fundo, é uma história real que tem a grande proeza de poder ser
contada.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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