O novo e espetacular filme da Disney mostra o outro lado de uma história já conhecida
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Disney
Entre o “era uma vez...” e o “viveram
felizes para sempre!” tudo pode acontecer na tela branca da nossa
imaginação. Os contos de fadas têm esse poder de transformar a simplicidade de
um gesto em uma lição que levaremos para o resto da vida. No ano em que a
animação preferida de Walt Disney completa 55 anos, chega aos cinemas uma
re-leitura da história contada ha mais de 400 anos, baseada na sua vilã mais
famosa e emblemática.
Diferentemente dos U$ 6.000.000 gastos
nos 10 anos que a animação demorou para ser finalizada em 1959, Malévola
(Disney) é uma dessas obras de arte a custos estratosféricos,
mas que tem tudo para se tornar um clássico dos tempos modernos. Não é uma
adaptação qualquer, é o novo jeito de se ver o mundo, com a presença importante
da mulher no comando. É uma coisa obvia: elas nos geram, criam, educam, cuidam,
e por que então devemos mandar nelas quando nos tornamos adultos? Alguma coisa
estava errada nessa forma de centralização do homem no poder, na verdade
devemos, sim, dividir tudo com elas ou até sermos mandados por elas, afinal,
quem tem o dom de dar vida não pode ser relegado a ser coadjuvante.
Foram U$ 200.000.000 de
orçamento, meses de filmagens nos tradicionais estúdios Pinewood, enormes cenários físicos, e um time de profissionais
do primeiro escalão para contar essa história não contada. Uma bela e ingênua jovem com atordoantes asas negras, Malévola
(Ella Purnell e Isobelle Molloy vivem a personagem jovem e adolescente e Angelina Jolie, que não poderia estar mais perfeita, já
na idade adulta), leva uma vida idílica, crescendo em um pacífico reino de uma
floresta, até que o dia em que um exército invasor de humanos ameaça a harmonia
da região.
Malévola
surge como a mais feroz protetora do local, mas acaba sendo vítima de uma
impiedosa traição — um acontecimento que começa a transformar seu coração
outrora repleto de pureza em pedra. Determinada a se vingar, Malévola
enfrenta uma batalha épica contra o rei Stefan (vivido por Toby Regbo e
Michael
Higgins ainda jovem e Sharlto Copley que ficou conhecido
em Distrito
9 é o rei em sua fase adulta) e, como conseqüência, amaldiçoa sua filha recém-nascida, Aurora
(vivida na fase bebê por Eleanor Worthington Cox,
na fase criança por Vivienne Jolie-Pitt, filha de Angelina e Brad, e
na adolescente pela competente e linda Elle Fanning, que surpreendeu em Super
8). Conforme a menina
cresce, Malévola percebe que Aurora é a peça essencial para
estabelecer a paz no reino — e para a verdadeira felicidade de Malévola
também.
O filme é grandioso, tem cenas líricas e extremamente bem realizadas em
cenários reais e de computação gráfica, foi elaborado por um time de profissionais
em sua produção que dificilmente será batido em capacidade individual. É
engraçado na medida certa, sério e forte em momentos chave, e a personagem de Angelina
Jolie tem o tom exato. Suas impagáveis caras e bocas são o ponto de
equilíbrio para dar a famosa “quebrada” durante um momento tenso. Ela faz o
melhor “What?” do cinema nas últimas décadas.
O pacote é completo: capa, espada, rei, rainha, príncipe, princesa,
fadas madrinhas, castelos, seres místicos, dragão, enfim todas as referencias
obrigatórias nesse tipo de filme. O único senão é a participação um pouco
atrapalhada demais das fadinhas, que na verdade abrem espaço para a personagem
central ser o ponto chave. Na história que conhecemos, elas formam a consciência
e a personalidade da bela adormecida, já nessa versão nada ou quase nada
representam na formação do caráter da loira.
A direção de Robert Stromberg, que foi diretor de
arte em filmes como Avatar, Alice no País das Maravilhas
e Oz:
Mágico e Poderoso, por ser seu primeiro longa, é firme, seguro e
soube mesclar como poucos os efeitos com os personagens de carne e osso. Nesse
time, estão a roteirista Linda Woolverton (O
Rei Leão, A Bela e a Fera) o
cinegrafista ganhador do prêmio da Academia® Dean Semler (Dança
com Lobos, Na Terra de Amor e Ódio), o
desenhista de produção Gary Freeman (O Resgate do Soldado Ryan, Supremacia
Bourne), a figurinista duas vezes indicada ao Oscar® Anna
B. Sheppard (A Lista de Schindler,
O Pianista), o maquiador sete vezes ganhador do prêmio da Academia®
Rick
Baker (Planeta dos Macacos, Homens de Preto) e os
montadores Chris Lebenzon (Alice no País das Maravilhas,
Frankenweenie) e Rick Pearson (Vôo 83, Homem
de Ferro 2).
Não é demais afirmar que esse
filme deve concorrer e vencer diversos prêmios técnicos, não é exagero dizer
que seus personagens, vistos por uma nova ótica, devem marcar essa nova geração
de crianças e adolescentes, muito menos que a produção, que estréia hoje no
Brasil e depois no resto do mundo, chega para fazer, finalmente, justiça com as
mulheres.
Não se trata de um filme
masculino, nem que a força e a maldade do homem superam a pureza de
sentimentos, não é um sono que durou mais de 100 anos, é uma realidade de pouco
mais de uma hora e meia que vai mudar seu jeito de ver um conto de fadas, esse
sim, por um viés mais humano. É a implacável magia da Disney, agora na versão
politicamente correta.
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos & queijos
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